Traumas no tornozelo: um desafio dos jogadores de futebol

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Apesar da estreia do Brasil com vitória contra Sérvia na Copa do Mundo no Catar, uma cena causou certa preocupação nos torcedores que assistiam à partida:

Neymar, camisa 10 da seleção, havia saído de campo com uma expressão de dor durante a fase de grupos. Segundo o médico Rodrigo Lasmar, responsável pela seleção, o atacante teria torcido o tornozelo direito e seria reavaliado no dia seguinte.

Mas, afinal, o que é uma torção no tornozelo? Quais são as lesões mais comuns em jogadores de futebol? Nesta matéria, confira informações do médico Marcelo Pires Prado, ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Como é formado o tornozelo?

O tornozelo é uma articulação formada entre dois ossos presentes na perna: Tíbia e a Fíbula.

Esses dois ossos formam uma espécie de pinça que segura um osso mais abaixo, que se chama Talus. Nesse sentido, o tornozelo realiza um movimento de dobradiça, ou seja, ele vai pra frente e pra trás quando nos movimentamos.

Além disso, existem outros movimentos que acontecem no pé como um todo. Tais movimentos ocorrem em outras articulações que ficam embaixo do tornozelo.

Quais traumas são mais frequentes em articulações?

O tornozelo é, de longe, a articulação mais acometida por traumas.

Seu tipo mais frequente é a entorse, ou torção, que ocorre quando o pé faz movimentos anormais sendo capaz de provocar uma lesão no tornozelo. Geralmente, ela ocorre quando a pessoa pisa em um lugar irregular e faz um movimento de mudança de direção, como quando o pé vira pra dentro.

De acordo com Prado, quando esse trauma acontece, na absurda maioria das vezes, são lesões ligamentares: ocorrem nas estruturas que ligam um osso no outro e que tentam limitar a mobilidade de todas as articulações.

“Esse mecanismo de trauma é responsável por alguns tipos de lesão. Entre elas, são as lesões ligamentares. Os ligamentos limitam a mobilidade articular. Quando nós machucamos o ligamento, nós temos situações diferentes… temos uma lesãozinha ligamentar que o cara tem uma dorzinha e tudo bem, não muda muito a vida. E existem mais graves, que exigem mais cuidado”, explica.

De acordo com o especialista, são casos mais graves:

Lesões ligamentares parciais: rasgam uma parte do ligamento, mas a
articulação continua estável.
Lesões completas: são mais importantes porque a articulação passa a
ter movimentos anormais.
Fraturas: quando, no mecanismo do trauma, o osso perde a integridade. O pé tem dois ossinhos que seguram um osso dentro do tornozelo. Quando ocorre um trauma grande o suficiente para romper esses ossos, há a fratura do tornozelo.
Luxação: quando a articulação sai do lugar. Para isso, é preciso ter uma lesão ligamentar superextensa e supergrave.

Segundo Prado, “é muito raro ter luxação do tornozelo porque é uma articulação que tem uma contenção óssea muito grande”.

No entanto, o especialista alerta que, quando um atleta tem esse tipo de problema em uma competição curta, “vai ter problema para conseguir voltar”.

Existem mais tipos de lesão que podem acometer o tornozelo?

Por outro lado, há lesões que afetam diretamente os tendões que passam ao redor do tornozelo. O médico especialista explica que é possível que uma fratura seja associada ao trauma.

Ou, ainda, há chance de lesões que acometam a parte interna do tornozelo, a cartilagem articular. Além disso, também existem as inflamações como a tendinite, por exemplo, que pode ocorrer em qualquer tendão.

“Temos vários tendões que cruzam o tornozelo e que ajudam ele a funcionar do jeito que deve. Os tendões comunicam os músculos a algum lugar, como um osso. Temos um tendão que fica lá na perna que puxa o dedão do pé pra cima, outro que puxa o pé pra dentro. São vários”, explica o ortopedista.

“O tendão é um tecido muito especializado, é um tecido fibroso muito denso e superfirme que aguenta o repuxo, o músculo puxa e ele tem que mexer lá a ponta do pé. Esse tecido, frente a um processo inflamatório crônico, pode evoluir com a formação de áreas de lesão lá dentro, de alteração lá dentro e substituição por tecido fibroso, que não tem a mesma qualidade do tecido tendíneo, nem mesmo resistência. E aí começam os problemas”, complementa.

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