Trazodona: conheça os efeitos colaterais deste antidepressivo

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A trazodona é um medicamento pertencente à classe dos moduladores de serotonina, que, ao restaurar o equilíbrio dessa substância química no cérebro, promove uma ação antidepressiva. Ela costuma ser indicada no tratamento de depressão maior, depressão com ou sem episódios de ansiedade e dor associada a quadros de neuropatia diabética.

Como usar a trazodona 

Devido a sua ação no cérebro, que pode levar a efeitos colaterais graves – sobretudo se utilizada fora das instruções médicas –, a trazodona é classificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com tarja vermelha. Isso significa que ela só poderá ser adquirida na farmácia mediante a retenção de uma via do pedido. Tal medida tem o objetivo manter um maior controle sobre a circulação do produto no país.

A automedicação nunca é recomendada. Tomar doses da trazodona fora das instruções profissionais pode causar prejuízos à saúde do indivíduo, bem como afetar o sucesso do tratamento. 

O produto está disponível nos formatos de comprimido, cápsula e suspensão oral. A dose e frequência de uso do produto varia de acordo com cada indivíduo e, por isso, é importante uma avaliação e do acompanhamento médico. 

Efeitos colaterais

No geral, o uso da trazodona pode levar a pessoa a apresentar os seguintes efeitos colaterais:

  • Sonolência;
  • Tontura;
  • Cansaço;
  • Inchaço;
  • Alteração no apetite;
  • Perda de peso;
  • Visão turva;
  • Diarreia;
  • Constipação;
  • Nariz entupido;
  • Diminuição da libido.

Esses sintomas tendem a diminuir com o tempo do tratamento.

Mais raramente, o paciente também pode apresentar sinais mais graves, como, por exemplo:

  • Icterícia (amarelamento dos olhos e da pele);
  • Dificuldade para evacuar ou urinar;
  • Surgimento de hematomas;
  • Batimentos cardíacos anormais;
  • Ereção dolorosa e duradoura;
  • Confusão mental;
  • Fala arrastada;
  • Fraqueza;
  • Perda de coordenação motora;
  • Febre;
  • Sudorese;
  • Alucinações.

Caso isso ocorra, o mais indicado é procurar ajuda médica imediatamente. Se necessário, acione o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) pelo número 192.

Vale lembrar, no entanto, que o tratamento com trazodona não deve ser interrompido de forma repentina ou sem falar antes com o médico responsável. Se feito sem o devido desmame, é possível que o indivíduo passe a apresentar sintomas de abstinência, como:

  • Tontura;
  • Dormência ou formigamento nas mãos, ou pés;
  • Dificuldade para dormir;
  • Agitação;
  • Dor de cabeça;
  • Tremor.

Contraindicações

O medicamento é contraindicado para pessoas com alergia a qualquer um de seus componentes. O mesmo vale para quem já está em tratamento com certos remédios que podem interagir quimicamente com a trazodona, como:

  • Inibidores da monoamina oxidase (isocarboxazida, linezolida, azul de metileno, fenelzina, selegilina e tranilcipromina);
  • Triptofano;
  • Ácido acetilsalicílico;
  • Ibuprofeno;
  • Naproxeno.

Devido ao maior risco de ocorrência de efeitos adversos graves, recomenda-se que indivíduos com determinados antecedentes clínicos consultem previamente o médico para avaliar a segurança do tratamento antes de iniciar o uso do produto. Isso inclui os diagnósticos de:

  • Síndrome do QT longo (um problema cardíaco raro que pode causar batimentos cardíacos irregulares, desmaios ou morte súbita);
  • Ataque cardíaco;
  • Baixo nível de sódio no sangue;
  • Pressão alta;
  • Problemas de sangramento;
  • Anemia falciforme;
  • Mieloma múltiplo;
  • Leucemia;
  • Fibrose cavernosa ou doença de Peyronie (condições que afetam o formato do pênis, como a angulação);
  • Doença cardíaca, hepática ou renal.

Uso em idosos 

A trazodona é uma medicação que faz parte do arsenal terapêutico do paciente idoso, principalmente em casos de agitação, insônia, alucinações e alterações relacionadas às demências, entretanto o seu uso requer cautela devido ao maior risco de efeitos adversos nessa faixa etária. 

Entre os principais riscos destacam-se a sedação excessiva, hipotensão postural com consequentes quedas, arritmias cardíacas, prolongamento do intervalo QT e maior suscetibilidade a interações medicamentosas, considerando a polifarmácia frequente neste grupo. Além disso, pode precipitar confusão mental, delírio ou piora do comprometimento cognitivo em pacientes vulneráveis. Por esses motivos, seu uso deve ser cuidadosamente avaliado, com início em doses baixas e monitoramento rigoroso da resposta clínica e de possíveis eventos adversos.


Revisão técnica: Mariana Jancis Unelo Rigolo (CRM 198725), membro do corpo clínico e da unidade de pronto-atendimento do Einstein Hospital Israelita. Residência em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina do ABC e especialização em Geriatria pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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