Os tumores musculoesqueléticos, por definição, são tecidos anormais que se desenvolvem no interior do tecido ósseo ou de partes moles adjacentes, como músculos e articulações. A maioria desses tumores é benigna e não requer tratamento cirúrgico, pois não causa metástases. No entanto, também existem casos malignos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico definitivo ocorre por meio do exame anátomo-patológico (biópsia). Ele pode ser auxiliado pela análise clínica do paciente e por exames de imagem complementares, como a ressonância magnética. Características como a presença de dor, a atividade do tumor e o risco de provocar fraturas também são de extrema importância para a indicação do tratamento, quando necessário.
Quais são os tipos de tumores musculoesqueléticos?
Entre os mais comuns estão:
1 – Tumores ósseos benignos:
Cisto ósseo simples: tende a ser circunferencial e preenchido com líquido, enfraquecendo a estrutura mecânica dos ossos. Quando necessário, o tratamento envolve cirurgia para drenagem do líquido, preenchimento da falha óssea e, às vezes, fixação com hastes ou placas, a depender do seu tamanho e localização.
Osteocondroma: caracterizado pelo crescimento anormal do tecido osteocartilaginoso externamente ao osso, o que pode gerar deformidades ou causar dor por comprimir estruturas vizinhas. Essas são as principais indicações para sua retirada cirúrgica.
Osteoma osteóide: é uma causa bastante comum entre adolescentes de dor noturna localizada, devido à produção de substâncias inflamatórias. Em casos de dor persistente, recomenda-se a ressecção do “nicho” do osteoma.
Defeito fibroso cortical (fibroma não ossificante): lesão típica em pacientes jovens, geralmente próxima às cartilagens de crescimento ativas. Deve ser monitorada frequentemente devido ao potencial de crescimento, que aumenta o risco de fratura quando muito grande.
Cistos ósseos aneurismáticos e fibrodisplasias: lesões que devem ser avaliadas caso a caso.
Felizmente, quase nenhuma destas lesões apresenta risco de se malignizar com o passar dos anos.
2 – Tumores benignos de partes moles:
Entre os tumores benignos de partes moles, os cistos são os mais comuns. Os cistos sinoviais, por exemplo, têm origem nas articulações e ocorrem mais frequentemente no punho. Podem ser tratados com punção (retirada de líquido com agulha) ou ressecção cirúrgica, mas ambas indicações só existem em caso de dor ou desconforto estético.
Além dos cistos, outras afecções benignas menos comuns podem ocorrer, como lipomas, fibromas e tumores desmóides. A indicação de tratamento, assim como no caso dos cistos, varia conforme as necessidades individuais do paciente.
3 – Tumores malignos:
Os tumores musculoesqueléticos malignos são chamados de sarcomas. Nas crianças, esse tipo de câncer representa cerca de 10% dos tumores malignos. Nos adultos, são bem mais raros, correspondendo a aproximadamente 1% dos cânceres.
Os dois tipos mais comuns são os sarcomas ósseos: osteossarcoma e o sarcoma de Ewing.
Assim como em outras neoplasias, os primeiros sintomas incluem perda de peso não intencional, redução do apetite e mal-estar generalizado. No entanto, no caso dos sarcomas, é comum haver dor localizada, aumento de volume e sinais inflamatórios no local afetado. Quando o tumor afeta os membros inferiores, o paciente tende a evitar usar o membro acometido e cria o hábito de mancar.
O sarcoma de Ewing acomete pacientes mais jovens e costuma apresentar mais sintomas sistêmicos, como febre e perda de peso.
O diagnóstico geralmente envolve ressonância magnética local, exames de sangue e avaliação para detectar possível disseminação para outros órgãos. O tratamento inclui a aplicação de quimioterapia antes da cirurgia (chamada de quimioterapia neoadjuvante), e também após a ressecção do tumor com margem de segurança, podendo ser necessária radioterapia em alguns casos. Em estágios avançados, quando a remoção completa não é possível, a amputação pode ser a única solução.
4 – Sarcoma de partes moles:
O rabdomiossarcoma é o tumor maligno de partes moles mais comum em crianças, originando-se nos músculos esqueléticos e podendo ocorrer em qualquer membro, tronco, ou região da cabeça e pescoço.
O processo de diagnóstico e tratamento costuma ser semelhante aos dos sarcomas ósseos, mas, neste caso, o uso da radioterapia é mais frequente. O prognóstico depende de vários fatores, sendo que a presença de metástases em outros órgãos costuma ser o mais relevante deles.
Qual especialista procurar em caso de sintomas?
Para a maioria dos tumores benignos em crianças, o ortopedista pediátrico é o profissional indicado para diagnosticar, tratar e acompanhar os pacientes. No entanto, quando há suspeita ou confirmação de tumores malignos, é fundamental que o caso seja encaminhado diretamente para o ortopedista oncologista.
Vale lembrar que, como o primeiro contato do paciente costuma ser com o ortopedista pediátrico, é importante que este profissional esteja certificado para diagnosticar o mais precoce e adequadamente possível cada uma destas patologias.
Revisão técnica: Fernando Oliveira, ortopedista pediátrico do Hospital Israelita Albert Einstein