De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), mais de 70 milhões de pessoas no mundo são afetadas por algum transtorno alimentar. A condição é caracterizada por uma alteração prejudicial no padrão nutricional do indivíduo e pode se manifestar em quatro tipos mais comuns:
- Anorexia nervosa: marcada por uma preocupação constante com a imagem corporal, na qual o sujeito não consegue visualizar sua própria magreza ou redução de peso e, por isso, tende a diminuir seu consumo calórico significativamente;
- Bulimia: com um consumo de calorias elevado, a pessoa costuma desenvolver comportamentos “compensatórios” para eliminar os alimentos ingeridos, o que pode incluir a indução de vômito, o uso de laxantes ou medicamentos inibidores de apetite e exercícios físicos em excesso;
- Compulsão alimentar: nesse caso, o indivíduo apresenta episódios compulsivos recorrentes (de um a dois dias por semana), nos quais ingere muitas calorias de maneira rápida, como forma de “driblar” ou amenizar os próprios sentimentos;
- Ortorexia nervosa: obsessão patológica por seguir uma dieta alimentar regrada e saudável, baseada apenas em produtos naturais ou de baixo processamento, que leva a pessoa a uma restrição alimentar extrema.
Além das consequências psicológicas — como os problemas na autoestima, o isolamento, o desprazer na alimentação e a piora de quadros depressivos —, tais transtornos ainda podem gerar distúrbios nutricionais e doenças crônicas.
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A seguir, confira quatro dicas para comer de forma saudável e equilibrada:
1. Não confie em dietas da moda
Dieta carnívora, da lua, do ovo, detox… o que não falta na internet são cardápios restritivos que prometem emagrecimento rápido. Mas tenha cuidado!
O ideal é que qualquer alteração nos hábitos alimentares seja conduzida de forma gradual e sob o acompanhamento de nutricionista e médico. Receitas prontas não consideram as particularidades do metabolismo e da rotina de cada um.
Na dúvida, avalie como está sua alimentação em termos de variedade de frutas, legumes, hortaliças e grãos. Um primeiro passo pode ser incluir mais desses grupos alimentares no seu cardápio — e não excluir totalmente determinados nutrientes ou consumir outros em excesso.
2. Busque amparo de uma equipe profissional
Durante o processo de mudança dos hábitos alimentares, é essencial contar com o apoio de uma equipe capacitada. O nutricionista, por exemplo, é responsável por acompanhar os avanços do indivíduo em direção ao seu objetivo, com sugestões de mudanças na dieta.
Mas também é possível que outros especialistas precisem ser incluídos para o sucesso do tratamento, especialmente quando a pessoa apresenta uma relação conturbada com a comida. Nesses casos, nutrólogos, psicólogos, psiquiatras e endocrinologistas podem ser acionados.
3. Esteja atento aos sinais de um transtorno alimentar
Antes de “evoluírem” para algum transtorno alimentar específico, é comum que esses problemas comecem como um Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE). Esse quadro clínico é caracterizado pelo comportamento de restringir grupos de nutrientes essenciais, como carboidratos e gorduras. Isso serve como sinal de alerta para os distúrbios alimentares.
Outro sintoma típico desses transtornos diz respeito à adoção de comportamentos compensatórios, como contar os nutrientes ingeridos por dia, praticar exercícios em excesso e se isolar durante as refeições. Muitas vezes, esses indivíduos também adquirem sensação de vergonha ao se alimentarem.
4. Mantenha-se fiel à dieta planejada
Os antepassados dos seres humanos se beneficiaram de uma característica genética que os auxiliou a manter o peso, garantindo reservas energéticas na forma de gordura. Isso significa que o corpo nem sempre “obedece” às tentativas de emagrecimento, uma vez que hormônios atuam para frear esse processo.
Daí porque o corpo reage mal ao “efeito sanfona” típico de uma dieta desregulada. Esse fenômeno diz respeito ao ciclo vicioso de perda e ganho de peso que uma pessoa pode entrar ao não seguir um padrão alimentar de maneira regular e balanceada.
Quanto mais frequente o efeito sanfona, mais difícil se torna o processo de retorno ao peso anterior. Por isso é tão importante contar com a ajuda de uma equipe de saúde multidisciplinar durante todo o processo.