Vigorexia: confira 6 fatos sobre a dismorfia muscular

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A vigorexia é um subtipo de transtorno dismórfico corporal (TDC), problema complexo que se caracteriza pela preocupação extrema com uma ou mais falhas ou defeitos que a pessoa percebe em sua aparência. 

No caso da dismorfia muscular, que é o termo técnico para vigorexia, a obsessão está relacionada à massa muscular, ou seja, o indivíduo acredita que sua musculatura não é suficientemente grande — mesmo quando sua constituição física está dentro dos padrões considerados normais. 

Os TDCs, por sua vez, que incluem a dismorfia corporal, fazem parte do grupo dos transtornos obsessivo-compulsivos (TOC) em que a pessoa desenvolve comportamentos obsessivos.

1. Homens são os mais afetados

A vigorexia é predominante no sexo masculino e geralmente surge no final da adolescência ou no início da idade adulta. O número de homens com dismorfia muscular não é conhecido, mas algumas pesquisas científicas indicam que 1,7% a 2,4% dos indivíduos estão dentro dos critérios que definem o transtorno. Também existem estudos sugerindo que 22% dos homens com TDC cumprem as definições de dismorfia muscular. 

2. As causas são indefinidas

Como outras condições mentais, a dismorfia muscular pode resultar de uma combinação de fatores. Entre eles, estão histórico familiar, experiências negativas como negligência e abuso, certos traços de personalidade (perfeccionismo, por exemplo), ansiedade e depressão. 

A influência do ambiente também deve ser considerada, já que a atual valorização excessiva de corpos jovens, magros e musculosos pode funcionar como um gatilho.

3. Presença de sintomas emocionais e físicos

A vigorexia provoca sintomas físicos e comportamentais. É fonte de grande angústia, já que a pessoa se sente insatisfeita com o próprio corpo e busca obsessivamente maneiras de melhorá-lo. 

Além da baixa autoestima, outros sintomas da vigorexia são ansiedade, percepção irreal de si mesmo, irritabilidade e cansaço. Não raro, o transtorno traz prejuízos para a vida social, já que a preocupação constante com a forma física impede a pessoa de aproveitar a companhia dos amigos em situações que envolvem, por exemplo, o consumo de bebidas alcóolicas e de alimentos calóricos.

Os sinais físicos são: treinos excessivos de musculação; preocupação com a quantidade de calorias ingeridas e com o balanceamento das refeições; checagem constante da imagem em espelhos ou em superfícies similares – ou o oposto, ou seja, evitar ver o próprio reflexo; usar roupas largas ou múltiplas camadas de roupa para dar a impressão de ser maior.

4. Pode vir acompanhada de outros problemas de saúde

A busca pelo corpo perfeito, muitas vezes, pode levar ao desenvolvimento de algum tipo de transtorno alimentar como anorexia e bulimia, entre outros.  Na tentativa de atingir seus objetivos mais rapidamente, muitas pessoas usam anabolizantes — o que aumenta os riscos de depressão, ansiedade, infertilidade, problemas renais e cardíacos, trombose e até mesmo câncer

5. Transtorno é de manejo difícil

A vigorexia é um transtorno que requer tratamento multidisciplinar, pois abrange não só a parte física, mas também a saúde mental. Muitas vezes, a pessoa não acredita que tem um problema e se recusa a fazer tratamento psiquiátrico e passar por sessões de psicoterapia. 

Além de medicação para promover o bem-estar mental, o tratamento tem por objetivo mudar a relação que a pessoa tem com o próprio corpo, o que inclui reduzir a frequência e o tempo dos treinos de musculação e, se for o caso, interromper o uso de anabolizantes. 

6. É preciso atenção pelo resto da vida

Assim como acontece com outros tipos de transtornos mentais, não se fala em cura, mas em controle. A questão do autocuidado é fundamental, já que a própria pessoa deve ficar alerta para identificar possíveis gatilhos.  


Revisão Técnica: Luiz Antônio Vasconcelos, especialista em clínica médica, medicina interna, cardiologia e ecocardiografia. É cardiologista e clínico das unidades de pronto atendimento e do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein.

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