6 pontos para lidar com a introdução alimentar e a seletividade em crianças

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A introdução alimentar é um momento importante da vida de um bebê e de seus responsáveis. Segundo o Ministério da Saúde, esse processo deve ser iniciado de maneira gradual, a partir dos 6 meses de idade. A recomendação é que a oferta de sólidos inclua a maior diversidade possível de alimentos saudáveis, de grupos nutricionais.

Uma boa introdução alimentar é chave para fortalecer hábitos equilibrados com a comida. Mais do que só dar de comer, essa etapa serve para ensinar a criança a realmente reconhecer os alimentos, entender a sua importância e ingeri-los sem faltas ou excessos.

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Esse processo não se limita a um incentivo único ou exclusivo do paladar. Na verdade, trata-se de uma etapa do desenvolvimento infantojuvenil bastante complexa, que envolve a integração dos sentidos, como o olfato, a visão e o toque.

Seletividade alimentar

Esse período de descobertas de sabores, cheiros e texturas pode ser uma aventura divertida para as crianças e os adultos também. Mas, em alguns casos, é possível que se torne um verdadeiro campo de batalha à mesa, marcado por choro, caretas e pratos rejeitados.

O comportamento de recusa ou desinteresse por certos ingredientes é conhecido como seletividade alimentar. Ele é relativamente comum, e não deve ser tratado como um problema isolado, mas, sim, como parte de um processo natural de aprendizado. 

Conheça, a seguir, seis táticas para tornar essa jornada mais leve e efetiva:

1. Atenção desde a gravidez

Estudos recentes sugerem que o processo de formação do paladar pode começar antes mesmo do nascimento. Exames conduzidos por pesquisadores indicam que, da 32ª à 36ª semana de gestação, o feto reage aos sabores dos alimentos ingeridos pela mãe, que chegam a ele através do líquido amniótico.

Por mais que a dimensão e o impacto desse processo ainda sejam inconclusivos, os resultados apontam que uma dieta variada durante a gravidez pode ajudar o bebê a se familiarizar com diferentes gostos, facilitando o futuro processo de introdução a alimentos diferentes do leite materno.

2. Explore texturas, aromas e apresentações visuais

A introdução alimentar é um processo sensorial completo. Não se trata apenas de comer, mas de perceber os alimentos com todos os sentidos em desenvolvimento. Dessa forma, a diversidade de cores, formas, cheiros e texturas estimula o interesse da criança e contribui para sua evolução neurológica e motora.

Além de pedaços pequenos, ofereça também fatias maiores que os pequenos podem segurar com as mãos. Variar as maneiras de preparo (cozido, assado, cru ou amassado) ajuda o bebê a se acostumar a mastigar e engolir comida em diferentes consistências.

Da mesma forma, deve-se explorar a apresentação das refeições: pratinhos, tigelas e copos coloridos despertam a curiosidade dos bebês, estimulando-os a manipular esses objetos.

Por fim, é fundamental incluir todos os tipos de sabores na dieta dos pequenos, incluindo os amargos e azedos. Esse esforço amplia a paleta gustativa da criança.

3. Seja o exemplo

As crianças aprendem pelo exemplo. Portanto, durante a introdução alimentar, o comportamento dos adultos à mesa pode influenciar diretamente no interesse da criança por determinados alimentos. Isso é o que se chama de “efeito espelho”.

Se os pais ou cuidadores comem com prazer, demonstram naturalidade ao experimentar os alimentos, o pequeno se sente seguro e tende a imitar esse comportamento exploratório.

4. Não desista na primeira recusa

A recusa de um alimento logo nas primeiras tentativas é mais comum do que se imagina, e não deve ser motivo de desânimo. A “regra dos 15” é um conceito da nutrição infantojuvenil que sugere que é necessário oferecer um mesmo alimento entre oito e 15 vezes antes de a criança o aceitar de forma espontânea.

Essa repetição, feita sem forçar ou punição, é fundamental para que seu filho se familiarize com o sabor, a textura e o cheiro do alimento. O ideal é oferecer novamente o item rejeitado em momentos diferentes, com calma, paciência e naturalidade, respeitando os limites da criança.

5. Use os alimentos preferidos como aliados

Uma boa técnica para incentivar a aceitação de novos alimentos é utilizá-los em conjunto com aqueles que a criança já aprecia, suas “comidas de conforto”. Isso cria um senso de segurança e familiaridade que pode facilitar o contato com ingredientes novos.

Se a criança gosta muito de arroz, por exemplo, pode-se acrescentar uma nova leguminosa ao prato. Já se o macarrão for bem aceito, uma alternativa é incorporar no molho vegetais variados na mistura.

6. Busque apoio profissional quando necessário

Se a seletividade for muito acentuada, persistir durante meses ou levar a sinais de deficiências nutricionais (como perda de peso, estagnação do crescimento ou apatia), é hora de buscar ajuda profissional. O acompanhamento com um pediatra e um nutricionista é fundamental para avaliar o quadro de forma individualizada e traçar estratégias específicas.

Esses profissionais podem sugerir mudanças no cardápio, abordagens lúdicas de educação alimentar ou, se necessário, suplementações nutricionais assistidas. Cada criança tem seu ritmo próprio, e isso deve ser respeitado, sem comparações ou pressões excessivas.

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