Quem nunca, em um momento de ansiedade ou estresse intenso, começou a sentir desconfortos abdominais? Trata-se de um exemplo prático que revela a forte relação existente entre o sistema digestivo e o nosso cérebro.
Conhecida como eixo intestino-cérebro (ou eixo microbiota-intestino-cérebro, como tem sido chamada em estudos mais recentes), tal conexão se estabelece por meio de um conjunto de nervos, neurotransmissores e mensageiros químicos que possibilitam uma comunicação constante entre os órgãos. Com isso, o comportamento de um interfere diretamente no outro.
Parte importante desse processo envolve, inclusive, a atividade da microbiota intestinal. Mais diversa do que em qualquer outra região do corpo, a comunidade de microrganismos dali é responsável por metabolizar nutrientes e medicamentos, manter a mucosa de proteção dos intestinos e eliminar possíveis agentes patógenos.
O que te trouxe aqui? | Temporada 1, episódio 8
Problemas gastrointestinais influenciados pelas emoções
Embora o eixo intestino-cérebro seja um conceito relativamente recente na literatura médica, seus efeitos práticos já são conhecidos há séculos. Guerreiros romanos tinham o costume de tomar “leite azedo”, um alimento probiótico, antes de ir para batalhas.
O produto, rico em organismos vivos, estimula a microbiota intestinal e, consequentemente, melhora os processos metabólicos e pode ajudar no humor — algo importante em um cenário de estresse abundante, conflito e violência.
Mas, da mesma forma que a interação dos sistemas pode trazer experiências positivas para o corpo, o contrário também é possível. A psiquiatria nutricional é um ramo interdisciplinar da psicologia e da nutrição que estuda especialmente a interferência do padrão alimentar na melhoria ou no declínio da saúde mental, e vice-versa.
A seguir, conheça oito problemas gastrointestinais que podem ser influenciados estado emocional:
1. Cólica intestinal
De intensidade leve, moderada ou forte, as cólicas são reflexos dos movimentos de contração e espasmo da musculatura dos intestinos. Elas podem vir acompanhadas de náusea, vômito, sangue nas fezes, emagrecimento inexplicado e febre.
2. Diarreia
Caracterizada por um desarranjo do funcionamento intestinal, a diarreia leva ao aumento do número de evacuações e diminuição da consistência das fezes. Com isso, as evacuações adquirem aspecto amolecido ou líquido.
3. Constipação
Quem sofre com o chamado “intestino preso” tem dificuldade para evacuar e pode produzir fezes endurecidas. Também é frequente a sensação de que o reto não está totalmente vazio após a ida ao banheiro.
O ideal é fazer cocô, no máximo, de uma a três vezes por dia e, no mínimo, duas a três vezes por semana.
4. Gases
A flatulência é uma condição marcada pela produção excessiva de gases, bem como pela dificuldade em eliminá-los. Muitas vezes, manifesta-se associada a uma sensação de desconforto e dor no abdômen. Isso acontece porque o intestino sofre com processos de distensão.
5. Úlcera intestinal
Também conhecida como úlcera péptica, trata-se de uma ferida que se forma na mucosa do intestino delgado. Ela pode levar a sintomas como dor de barriga, sensação de queimação, vômito, náusea e sangue nas fezes.
6. Síndrome do intestino irritável (SII)
Definida como uma desordem crônica, a síndrome do intestino irritável (SII) é um problema caracterizado, sobretudo, por uma dor abdominal recorrente, a qual tende a reaparecer pelo menos uma vez na semana. Ela ainda pode alterar a frequência evacuatória e a forma das fezes.
7. Doença de Crohn
Considerada uma doença inflamatória intestinal (DII), a doença de Crohn é descrita como uma inflamação grave e crônica que pode acometer qualquer parte do tubo digestivo – da boca até o ânus, incluindo todas as camadas do intestino. Além da dor abdominal e da diarreia após as refeições, nos casos mais graves, ela ainda pode levar a estreitamentos e perfurações no trato gastrointestinal.
8. Retocolite ulcerativa
Outra DII, a retocolite ulcerativa é uma condição cujos efeitos se concentram, principalmente, na mucosa do cólon e do reto. Normalmente, leva à inflamação e à ulceração do intestino, bem como a sangramentos retais, diarreia e cólicas abdominais.
Dicas para manter a saúde do eixo intestino-cérebro
Para manter a saúde dos sistemas digestivo e nervoso, é importante adotar alguns bons hábitos. Entre eles:
- Comer alimentos probióticos (iogurte, kombucha, queijo e leite);
- Evitar fazer refeições em quantidades excessivas;
- Diversificar os produtos ingeridos no dia a dia: frutas, verduras, legumes, grãos integrais etc.;
- Não fazer dieta antes de se consultar com um nutricionista;
- Buscar ajuda profissional de psicólogo sempre que necessário;
- Praticar exercícios físicos regularmente;
- Dormir bem.