O envenenamento pode acontecer de diversas formas, com agentes de diferentes origens, representando um risco relevante de acidentes domésticos com crianças e adolescentes. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria estima que aconteçam diariamente cerca de 40 incidentes com menores de 19 anos.
As intoxicações podem ser por ingestão indevida de medicamentos e contato inadequado com produtos tóxicos, como inseticida, materiais de limpeza doméstica, ingestão de alimentos contaminados e/ou vencidos, entre outros.
Em determinadas regiões do país, muitos registros de envenenamento acontecem por contato com animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e cobras. Além disso, também há risco de intoxicação quando a pessoa é exposta a fumaça tóxica, geralmente de coloração escura, gás de cozinha e vapor de gasolina.
Alguns produtos podem causar envenenamento mesmo sem serem ingeridos, apenas havendo contato com a pele do indivíduo.
Como prevenir envenenamento?
É importante manter produtos químicos e potencialmente tóxicos fora do alcance de crianças, tanto em residências quanto em locais que os recebem esporadicamente. Nos Estados Unidos, campanhas para acondicionamento adequado de produtos químicos, em recipientes de difícil abertura para crianças, reduziram expressivamente o número de acidentes domésticos dessa natureza.
Também é recomendado muito cuidado ao manusear e ministrar medicamentos em casa, pois parte das intoxicações acontece devido ao esquecimento de não deixar o produto ao alcance de crianças ou por serem ministrados em doses inadequadas.
Além disso, plantas e fungos também apresentam expressivo potencial tóxico e podem estar em contato com crianças em parques e praças.
VÍDEO: Qual é a principal causa de envenenamento?
Como identificar?
Às vezes, não é possível ter certeza do agente venenoso, nem do momento da intoxicação. Mas alguns indícios podem ajudar. São eles:
- Vestígios de substâncias tóxicas, químicas ou naturais na boca ou na pele da vítima, indicando que ela tenha mastigado, engolido, aspirado ou entrado em contato com tais substâncias;
- Hálito diferente;
- Coloração dos lábios e do interior da boca alterada;
- Respiração fraca;
- Temperatura baixa;
- Dor ou queimação na boca, garganta ou estômago;
- Confusão mental, sonolência ou mesmo inconsciência;
- Estado de coma, alucinações e delírios;
- Diminuição ou retenção do fluxo urinário;
- Hemorragias (sangramentos);
- Lesões na pele, vermelhidão ou queimaduras;
- Enjoos, vômitos, muito suor, salivação e convulsões.
Como socorrer uma pessoa envenenada?
Se possível, identifique a fonte de envenenamento e a retire do local para evitar novas intoxicações. Em caso de envenenamento por gases, busque um ambiente seguro, para você e a pessoa intoxicada, evitando que a inalação da substância continue a acontecer.
Em caso de contato com substâncias químicas, retire toda a roupa contaminada, para evitar o agravamento da intoxicação.
Água e soro fisiológico podem ser usados para a limpeza dos olhos e mucosas, em caso de exposição direta. Busque auxílio médico para o diagnóstico e encaminhamento adequados da situação.
Sob cuidado médico, é comum a realização de exames de sangue e urina para confirmação do agente de envenenamento. Uso de carvão ativado e irrigação intestinal são abordagens que podem ser utilizadas em algumas situações, sob orientação médica.
Em caso de contato com animais peçonhentos, são aplicados antídotos para o veneno, com eficácia relevante. Caso seja possível, sem representar risco no momento da ação, tire uma foto do animal peçonhento que teve contato com o paciente. Isso poderá ajudar na sua identificação e acelerar o tratamento.
Revisão Técnica: Luiz Antônio Vasconcelos, especialista em clínica médica, medicina interna, cardiologia e ecocardiografia. É cardiologista e clínico das unidades de pronto atendimento e do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein.