No início de 2022, o retinoblastoma ganhou os jornais e as redes sociais quando o apresentador Tiago Leifert revelou que sua filha, Lua, tinha a doença. Na época, Lua era um bebê com pouco mais de 1 ano.
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Quando o diagnóstico é precoce, a doença tem 90% de chances de cura, grande parte dos casos com preservação da visão. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil são diagnosticados 400 novos casos de retinoblastoma todo ano. Infelizmente, cerca de 50% deles são diagnosticados tardiamente, o que reduz as chances de cura.
Lua segue em tratamento e, nesse meio tempo, Tiago e Daiana Garbin, a mãe da menina, resolveram expor publicamente o drama da família a fim de alertar os outros pais sobre a doença e a importância de procurar o médico sempre que perceberem algo diferente nos olhos dos filhos.
Retinoblastoma: de olho nos sintomas
No caso de Lua, Tiago notou algo estranho nos olhos da filha, quando correu para abraçá-la depois de voltar de uma viagem de trabalho. Um sinal típico da doença é o chamado “olho do gato”, que costuma ser percebido sob luz artificial, quando a pupila está dilatada, ou em fotografias em que o flash “estoura” sobre os olhos.
No olho normal, o reflexo é sempre vermelho — no retinoblastoma o fundo do olho fica com um reflexo esbranquiçado, o que os médicos chamam de leucocoria.
Antes disso, porém, pode haver estrabismo, sensibilidade exagerada à luz, deformação do globo ocular, inflamações, conjuntivites e redução do campo visual, em que a criança fica com a visão periférica diminuída e só consegue enxergar o que está na sua frente.
Só em crianças
O retinoblastoma é um tipo raro de câncer pediátrico que corresponde a cerca de 4% de todas as neoplasias malignas que afetam as crianças. E é o mais comum entre os tumores oculares infantis. Segundo o INCA – Instituto Nacional de Câncer, a estimativa foi de um total de cerca de 8.500 casos de câncer infantojuvenil no Brasil em 2022.
A incidência do retinoblastoma é maior em lactentes e em crianças de até 5 anos de idade. Trata-se de um tumor que se origina nas células da retina, uma parte do olho que desempenha um papel fundamental para a visão.
Herança genética
O retinoblastoma tem um forte componente genético — tanto que há crianças que já nascem com o tumor, que pode afetar um ou os dois olhos. Por isso, o teste para detectar alterações visuais (Teste do Olho Vermelho) é feito logo depois que o bebê nasce e deve ser repetido periodicamente até os 5 anos de idade.
Além disso, histórico familiar, exames de fundo do olho e de imagem como a ressonância magnética nuclear de órbita oferecem informações importantes para fechar o diagnóstico.
Como é o tratamento de Retinoblastoma?
O foco é impedir o crescimento do tumor, a fim de preservar o globo ocular e a visão. Uma das opções mais modernas é a quimioterapia intra-arterial, procedimento realizado com anestesia geral em que um cateter inserido na virilha “navega” pelos vasos sanguíneos até chegar à artéria oftálmica, que, então, recebe a infusão do quimioterápico.
A técnica vem apresentando bons resultados em tumores avançados e não costuma ter muitos efeitos colaterais, já que a aplicação diretamente na artéria oftálmica permite que sejam usadas doses menores de medicamento.
Sessões de radioterapia e o tratamento oftalmológico a laser também podem ser indicados. Infelizmente, alguns pacientes precisam ser submetidos à enucleação, que é a remoção cirúrgica do globo ocular.
Revisão Técnica: Luiz Antônio Vasconcelos – Especialista em Clínica Médica, Medicina Interna, Cardiologia e Ecocardiografia. Cardiologista e clínico das unidades de pronto atendimento e do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein.