Colecistite crônica: cálculos biliares são a principal causa

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Colecistite é uma inflamação persistente da vesícula biliar que, além de incomodar bastante, prejudica o funcionamento do órgão, que tem o formato parecido com o de uma “pera” e se localiza na parte inferior do fígado. 

A vesícula tem um papel importante na digestão dos alimentos, já que armazena a bile, que é produzida no fígado, e a envia ao intestino delgado pelo ducto biliar comum para auxiliar na digestão das gorduras.

Segundo pesquisas, estima-se que de 10% a 15% da população mundial tenha cálculos biliares, com algumas diferenças entre os países. Entre 20% e 40% dos pacientes com o problema desenvolvem complicações relacionadas, com uma incidência de 1% a 3% ao ano; colecistite calculosa aguda é a primeira apresentação clínica em 10% a 15% dos casos. 

Como os cálculos se formam

Os cálculos biliares são depósitos endurecidos dos fluidos digestivos que se formam na vesícula biliar. Eles são compostos de colesterol ou pedras de pigmento.  

Os cálculos biliares feitos de colesterol são de cor amarelo-esverdeada e são mais comuns. Pedras de pigmento são feitas principalmente de bilirrubina, uma substância que é criada quando o fígado decompõe os glóbulos vermelhos. Os cálculos (pedras) biliares podem ser do tamanho de um grão de areia ou até mesmo de uma bola de golfe.  

E é aí que começa o problema, já que a presença dessas pedras na vesícula podem causar inflamação, além de bloquear o ducto biliar comum, piorando o quadro. Esse processo pode ser agudo ou crônico. Entre os sintomas estão dor e inchaço abdominal, náusea e vômitos e febre. 

Inflamação com ou sem cálculos biliares

A colecistite pode ser litiásica/calculosa, quadro que é mais frequente em mulheres de meia idade. No caso, os cálculos biliares bloqueiam o ducto que faz o esvaziamento da bile, fazendo com que a vesícula fique estendida e inflamada e provocando crises repetidas de dor, a chamada cólica biliar.   

Na colecistite aguda a dor surge repentinamente e costuma ser intensa e contínua. A dor começa no meio do abdome direito superior e pode se espalhar para o ombro direito ou para as costas. A dor é mais forte depois de comer e continua. A dor que permanece intensa é considerada uma emergência médica.  

Na colecistite crônica há ataques repetidos de inflamação e dor. A dor tende a ser menos intensa e não dura tanto quanto a colecistite aguda. Os ataques repetidos são geralmente causados por cálculos biliares que bloqueiam o ducto cístico de forma intermitente. 

A vesícula também pode ser infectada por bactérias, em alguns casos, necessitando de tratamento com antibióticos. Mais rara, a colecistite alitiásica causa inflamação da vesícula sem a presença de cálculos.  

Os sintomas são similares aos da litiásica, porém o tratamento é mais complicado e com menor probabilidade de cura, já que, em geral, a colecistite alitiásica acomete pessoas com condições críticas de saúde (outras doenças graves, traumas, queimadura, período pós-operatório). Se não tratada, pode levar à morte em cerca de 65% dos casos.  

Fatores que podem desencadear a doença

Os especialistas não sabem ao certo por que os cálculos biliares se desenvolvem. No entanto, muitas pessoas têm bile com uma concentração anormalmente alta de colesterol e/ou cálcio, a partir da qual podem se desenvolver os cálculos. Há uma série de fatores que aumentam o risco de desenvolver cálculos biliares.

E ter cálculos biliares é o principal fator de risco para o desenvolvimento de colecistite. Predisposição genética, excesso de peso e hábitos alimentares inadequados, como uma dieta rica em gordura ou fazer longos jejuns estão entre as causas da colelitíase (cálculos na vesícula) e consequentemente colecistite (inflamação da vesícula). Mas há outros fatores de risco, como:

  • hipertensão;  
  • bloqueio de ducto biliar comum;  
  • diminuição do suprimento de sangue para a vesícula biliar devido ao diabetes;  
  • excesso de colesterol na vesícula biliar, que pode ocorrer durante a gravidez ou após perda rápida de peso;  
  • infecção do sistema de drenagem do ducto biliar comum;  
  • tumores no fígado ou pâncreas;  
  • tumores na vesícula biliar, o que é raro;       
  • mudança hormonais provocadas pela gestação ou pela terapia hormonal;  
  • idade, já que, após os 40 anos, aumentam os riscos de desenvolver colecistite.

Complicações mais comuns

  • Pancreatite (inflamação do pâncreas);  
  • Perfuração espontânea da vesícula biliar;  
  • Processos infecciosos que podem provocar acúmulo de bile;   
  • Câncer da vesícula biliar, que é uma complicação rara;  
  • Morte do tecido da vesícula biliar, que pode levar a uma perfuração e causar inflamação da região abdominal (peritonite) ou acúmulo de pus (abscesso).  

A prevenção inclui mudanças de estilo de vida e dieta

Geralmente, os cálculos são assintomáticos e não necessitam de tratamento. Mesmo assim, recomenda-se fazer um acompanhamento médico para evitar complicações. 

Quando sintomático, o tratamento da colecistite aguda geralmente ocorre no hospital, podendo incluir: jejum, para descansar a vesícula biliar, fluidos para prevenir a desidratação, medicação para dor, antibióticos para tratar a infecção e a remoção da vesícula biliar quando indicado. Essa cirurgia, é chamada de colecistectomia .

Em relação à prevenção, como ocorre com outras doenças, quem tem colecistite deve mudar a dieta e adotar um cardápio à base de proteínas magras, como aves ou peixes, evitando o consumo de alimentos ricos em gordura, incluindo produtos lácteos integrais.  

Após a recuperação, recomenda-se fazer cinco a seis refeições menores por dia, o que fará a bile se normalizar no trato digestivo. Uma grande refeição pode prejudicar o sistema e produzir espasmos na vesícula biliar e nos ductos biliares.  

Estar acima do peso também aumenta a probabilidade de desenvolver cálculos biliares. Para atingir um peso saudável, reduza as calorias e aumente a atividade física. O exercício reduz o colesterol e, quanto mais baixo o nível de colesterol, menor a chance de obter cálculos biliares.  

No entanto, se você está se esforçando para perder peso, não perca mais de um a dois quilos por semana. A rápida perda de peso aumenta o risco de desenvolver cálculos biliares.  

A colecistite tem cura e, geralmente, os cálculos são assintomáticos e não necessitam de tratamento. Mesmo assim, recomenda-se fazer um acompanhamento médico para evitar complicações.   


Revisão Técnica: Sabrina Bernardez Pereira, Médica Economia da Saúde Hospital Israelita Albert Einstein, especialista em Cardiologia pela SBC/AMB, doutorado em Ciências Cardiovasculares UFF (Universidade Federal Fluminense). 

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