Saiba como seu estilo de vida pode prevenir e até tratar doenças

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A medicina do estilo de vida tem ganhado cada vez mais destaque por oferecer às pessoas uma abordagem prática, integrada, personalizada e acessível para a promoção da saúde. Em vez de focar apenas na prevenção de doenças, ela aposta no cuidado contínuo por meio do incentivo a hábitos saudáveis, priorizando intervenções não invasivas em busca de qualidade de vida. 

Mais do que isso: em muitos casos, também é aliada no tratamento de doenças e até consegue fazer a “desprescrição” de medicamentos, diminuindo doses ou eliminando o uso de remédios para doenças crônicas não transmissíveis. 

Conheça cada pilar da medicina do estilo de vida e saiba como eles podem impactar positivamente sua saúde:

1. Alimentação saudável

Dietas balanceadas — baseadas na ingestão adequada de frutas, verduras, legumes, grãos integrais, sementes, fontes proteicas “magras” e gorduras saudáveis — contribuem para o funcionamento adequado do corpo, pois contêm nutrientes necessários ao organismo.

Uma boa alimentação reduz o risco de problemas como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e até certos tipos de câncer. Além disso, escolhas alimentares saudáveis podem ajudar a controlar o peso corporal, melhorar o funcionamento digestivo e fortalecer o sistema imunológico.

Exagerar no açúcar, no sal e no consumo de produtos ultraprocessados é prejudicial à saúde. O excesso de gordura saturada, por exemplo, está associado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, sendo a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Também é importante manter uma alimentação consciente, prestando atenção aos sinais de fome e saciedade — a sugestão é comer até se sentir 80% satisfeito, evitando exageros. 

E ainda vale aquela velha dica de fazer do seu prato um arco-íris, com uma alimentação bem variada em vegetais e menos carne vermelha. A carne não é proibida, mas não deve ser o elemento principal da refeição, e sim um acompanhamento. O ideal é valorizar cada vez mais a proteína vegetal, encontrada em alimentos como feijões, grão-de-bico e lentilha.

2. Atividade física

Não há dúvidas de que a prática regular de atividades físicas é essencial para manter o corpo saudável e prevenir uma série de problemas. O exercício também é fundamental no tratamento de doenças, pois ajuda a controlar o peso, melhora a saúde cardiovascular, aumenta a força muscular e a flexibilidade, além de beneficiar a saúde mental, reduzindo os níveis de estresse e promovendo o bem-estar emocional. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda fazer pelo menos 150 minutos de exercícios de intensidade moderada por semana – aquela em que você consegue falar, sem ficar ofegante. Se for uma atividade intensa, a prática pode ser de 75 minutos semanais.

Outro detalhe é fazer, pelo menos duas vezes por semana, atividades de força/resistência, como a musculação. A saúde dos músculos é importante tanto para prevenir dor quanto para manter a autonomia funcional. Além disso, a prática de exercícios reduz o tempo sentado, fator de risco para diversas doenças. 

3. Sono de qualidade

O sono desempenha um papel crucial na recuperação e no funcionamento adequado do organismo. A falta dele pode levar a uma série de problemas, incluindo dificuldade de concentração, aumento do risco de doenças cardíacas, diabetes, depressão e obesidade. É durante o sono que muitas coisas importantes acontecem, como o controle da pressão arterial, reparos no coração, controle do açúcar no sangue, entre outras ações.

Esse período de descanso também está associado à melhora do sistema imunológico — pessoas com privação de sono, por exemplo, tendem a ter quadros de saúde piores quando adoecem. Dormir mal também impacta o humor, afeta o raciocínio e a capacidade de fazer boas escolhas. Além disso, em qualquer idade, o sono insuficiente aumenta o risco de depressão.

Manter uma rotina regular de descanso noturno, garantir um ambiente tranquilo e livre de interrupções, além adotar práticas que promovam o relaxamento antes de dormir, são maneiras eficazes de melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, a saúde geral. 

4. Gestão do estresse

Pode parecer estranho, mas o estresse é essencial para nossa vida. Isso porque ele se manifesta sempre que nosso corpo precisa se adaptar a uma situação diferente – o primeiro evento estressor que vivemos, por exemplo, é o momento do parto e a consequente necessidade de adaptação ao ambiente fora do útero materno. 

Hoje em dia, porém, temos de lidar com uma quantidade de estresse muito grande. E o estresse crônico é prejudicial por ser fator de risco para uma série de doenças físicas e psicológicas, como hipertensão, doenças cardíacas, depressão e ansiedade. 

A partir do momento em que outros possíveis diagnósticos são excluídos, é importante tratar o estresse. O tratamento pode ser medicamentoso, mas adotar práticas como meditação, mindfulness (atenção plena), atividade física e medidas de relaxamento, como hobbies e o contato com a natureza, pode reduzir seus efeitos prejudiciais.

5. Conexões sociais

Manter relações interpessoais saudáveis tem um impacto significativo na saúde física e mental — especialmente para as pessoas mais velhas. Estudos mostram que a conexão social auxilia no controle do estresse e ajuda no suporte emocional, por exemplo. Além disso, indivíduos com uma rede social sólida tendem a viver mais e com melhor qualidade.

São essas relações mais significativas que promovem a sensação de pertencimento, felicidade e propósito na vida. Ter amizades próximas, interagir com a família e participar de atividades sociais são hábitos fundamentais para um envelhecimento saudável e uma vida equilibrada.

6. Controle do álcool e tabaco

O último pilar da medicina do estilo de vida envolve a prevenção de comportamentos que podem prejudicar a saúde, como o consumo excessivo de álcool, o tabagismo e o uso de substâncias ilícitas. 

O tabaco é extremamente tóxico e está relacionado a vários tipos de câncer e problemas cardiovasculares. Já reduzir a ingestão de álcool é mais complexo, porque o consumo de bebidas alcoólicas é cultural e está associado a momentos de diversão, comemoração e prazer. 

Mas a bebida está ligada a pelo menos sete tipos de câncer, entre outros problemas de saúde. Por isso, não existe dose mínima segura de álcool. Evitar ou reduzir esses hábitos contribui para a longevidade e a melhoria da qualidade de vida.


Fonte consultada: Sley Tanigawa Guimarães, coordenadora da pós-graduação em medicina de estilo de vida da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein

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