Correr na esteira pode até aumentar a produção das substâncias que regulam o humor e o bem-estar, como a serotonina e a endorfina, e ajudar nos cuidados da saúde mental. Mas se outras atividades gerarem mais prazer, seja caminhar pelo parque ou dançar em casa, é possível que os benefícios sejam maiores.
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Isso se explica porque, ao fazermos algo que dê prazer, reduzimos o impacto do estresse no organismo, que é outro gatilho para as doenças mentais, como ansiedade e depressão, de acordo com o médico psiquiatra Alfredo Maluf, coordenador da Psiquiatria do Hospital Israelita Albert Einstein.
“A pessoa perde aquela sensação de ‘preciso fazer [o exercício]‘, que é um desprazer. Uma coisa leva à outra. O benefício físico do exercício impacta na saúde mental, que melhora a disposição e, principalmente, os fatores de estresse”, detalha o especialista.
Mesmo atividades menos rigorosas podem ser benéficas nesse sentido, segundo Maluf, desde que haja uma regularidade. “A caminhada no fim de semana tem benefícios de prazer e relaxamento, mas precisamos de uma atividade mais contínua”, explica o especialista, que calcula pelo menos 30 minutos de exercícios, cinco vezes na semana.
Torne a prática mais prazerosa
Ainda que não seja fã da corrida, há como torná-la mais agradável e até melhorar o desempenho, segundo estudo publicado no início de outubro na revista científica Journal of Motor Learning and Development. O segredo, segundo os pesquisadores dos Estados Unidos e do Irã, é não focar nos movimentos, mas se distrair durante a prática.
A pesquisa avaliou a corrida de 12 mulheres, entre 18 e 30 anos, em esteiras ergométricas, durante diferentes momentos: ou elas eram orientadas a observar os movimentos ou eram distraídas durante o exercício.
Os resultados mostraram que, quanto mais as participantes prestavam atenção ao próprio corpo, elas se sentiam mais exauridas pelo exercício, física e psicologicamente. Por outro lado, quanto mais distraídas, a corrida se tornava mais fácil de ser praticada, sem demandar muito esforço.
Exercícios preventivos
Se os exercícios têm impacto na saúde do presente, eles também poderiam prevenir o surgimento dos transtornos mentais no futuro. Dados de uma pesquisa publicada em setembro no periódico Frontiers in Psychiatry confirmam essa ligação.
Ao analisar as informações de quase 400 mil pessoas — todos participantes da maior corrida de esqui cross-country entre os anos de 1989 e 2010 — os pesquisadores verificaram que, aqueles que eram fisicamente mais ativos, tinham um risco 60% menor de desenvolver ansiedade.
Segundo Maluf, embora todas as comorbidades mentais possam se beneficiar dos exercícios, algumas ganham destaque na literatura médica, como os transtornos de ansiedade, depressão e os transtornos alimentares. “Não é porque [essas condições] são mais estudadas, mas realmente há estudos que mostram essa correlação. E não que as outras doenças não tenham, mas o impacto nessas é grande”, destaca o psiquiatra.