Aprovadas no final de 2022 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as vacinas bivalentes contra a Covid-19, ambas fabricadas pela Pfizer/BioNTech, já estão sendo aplicadas pelo Ministério da Saúde.
Os novos imunizantes são o bivalente BA.1 e o bivalente BA.4/BA.5, que são duas sub-linhagens da variante Ômicron. Ambos já haviam sido aprovados na União Europeia e nos Estados Unidos, mas, no Brasil, serão usados como dose de reforço para grupos prioritários.
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Como funcionam as vacinas bivalentes?
Vacinas bivalentes recebem esse nome porque diferentemente das monovalentes (que só contavam a cepa original do vírus) foram atualizadas para também proteger contra a variante Ômicron que atualmente predomina ao redor no mundo.
Sendo assim, essas novas vacinas passam pelo mesmo processo de produção, mas, além de componentes da cepa original, também levam outros ingredientes modificados para atingir a Ômicron.
Paralelamente, diversos estudos clínicos já haviam demonstrado que as bivalentes conseguem produzir uma boa resposta imunológica contra as novas cepas, sem perder a segurança para o paciente.
“O vírus evoluiu e a cepa original sofreu tantas mutações que temos um escape imunológico da proteção das primeiras vacina”, explica a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein.
As novas versões preparam o organismo para responder melhor à nova variante.
Preocupação antiga
A atualização das vacinas é uma preocupação antiga dos cientistas. No caso das que usam a tecnologia do RNA mensageiro, como as da Pfizer/BioNTech e da Moderna, o alvo é a proteína S (spike), aquela que está “coroa” do vírus e possuí a “chave” para entrar nas células humanas.
As novas variantes têm mutações justamente nessa parte do vírus. Por isso, as primeiras vacinas perderam um pouco de eficácia – embora continuem protegendo contra casos graves, reduzindo a chance de internações e mortes.
Enquanto as novas bivalentes não chegam efetivamente aos postinhos de saúde, as monovalentes ainda são nossa melhor prevenção contra a doença.
“Quem está com doses atrasadas não deve esperar as novas vacinas para se vacinar”, frisa a especialista. “Deve-se completar o esquema com as doses disponíveis”.
As vacinas de RNA mensageiro usam uma tecnologia que está em estudo há décadas. Elas são uma espécie de cópia feita em laboratório de uma parte do vírus – o RNA – que comanda a produção da proteína S. Por isso, também são relativamente fáceis de atualizar: basta conhecer a sequência genética da nova mutação.
Além disso, ao inserir esse trecho sintético de RNA no organismo, nossas células passam a produzir essa proteína, despertando uma reação do sistema imunológico.
Quando entramos em contato com o vírus, nossas defesas já estão preparadas para reconhecê-lo rapidamente.
Disponíveis na rede pública
Por enquanto, as novas vacinas bivalentes só estarão disponíveis na rede pública. Segundo um comunicado oficial da Pfizer/BioNTech, a empresa tem direcionado seus esforços aos acordos estabelecidos com os governos em todo o mundo e, neste momento, não há outras negociações em curso.
Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).