Você sabe por que roncamos? Muita gente acha que esse é um hábito comum. Porém, ele pode mascarar vários problemas de saúde, até mesmo, sérios. Por isso, é importante entender o que isso significa no nosso corpo.
Na prática, o ronco só acontece enquanto dormimos, porque os músculos do pescoço ficam relaxados e diminuem o espaço de passagem do ar. Por isso, o ruído é provocado. Até certa medida, isso pode acontecer devido à posição em que a pessoa dorme. Portanto, é normal.
O problema acontece quando ocorrem vibrações muito intensas. Esse é um sinal de que há uma patologia instalada e requer tratamento. Para entender melhor esse cenário, vamos explicar as causas do ronco e como saber se é um problema.
Por que roncamos?
A vibração dos tecidos pelos quais o ar passa quando respiramos é o motivo de roncarmos. Normalmente, o ruído acontece devido à passagem do ar na parte mole do palato (céu da boca) e na úvula (campainha). Em algumas situações, a língua também vibra e isso deixa o barulho ainda mais alto.
De modo geral, o ronco afeta mais o homem do que a mulher. Isso porque a faringe masculina tem uma predisposição maior à obstrução da passagem. Inclusive, o gênero masculino costuma sofrer mais de apneia do sono.
Esse termo é utilizado para determinar a interrupção da respiração por 10 segundos ou mais. Aqui, é importante explicar que nem todo mundo que ronca tem apneia. No entanto, quando essas duas questões são associadas, vários riscos podem surgir.
Por exemplo, isso pode gerar uma redução da oxigenação de vários órgãos. Causa sonolência durante o dia, irritabilidade e até perda de memória. Apesar de não existirem dados reais sobre a apneia do tipo obstrutiva, a Revista da Associação Médica Brasileira destaca que a incidência deve ser de aproximadamente 4% nos homens em idade produtiva.
Além disso, imagina-se que os homens são cerca de oito a dez vezes mais afetados do que as mulheres. O principal motivo tende a ser a anatomia. Além disso, apesar de afetar qualquer idade, a principal faixa etária atingida é dos 40 aos 50 anos. O maior fator de risco é a obesidade. No entanto, existem outros motivos causadores do ronco.
Quais são as possíveis causas do ronco?
Diferentes fatores podem explicar porque roncamos. Dentre os principais, estão:
- Aumento das amígdalas ou da adenoide, o tecido que fica no interior do nariz;
- Desvio do septo nasal;
- Ingestão de álcool, tranquilizantes e relaxantes musculares;
- Obesidade;
- Gravidez;
- Histórico de doenças alérgicas;
- Alterações no fechamento da laringe;
- Alterações hormonais;
- Pólipos no nariz;
- Palato em forma de ogiva;
- Palato mole e úvula aumentados.
Todos esses aspectos causam o aumento da flacidez dos tecidos. No entanto, também existem as patologias. É o caso da apneia obstrutiva do sono, que causa um bloqueio parcial da via aérea na garganta. Assim, leva à interrupção da respiração por alguns segundos.
De toda forma, o importante é entender que o ronco é comum. No entanto, sempre deve ser analisado. Isso porque ele pode ser causado somente pelo fato de dormir com a barriga virada para cima ou por uma doença que precisa ser tratada.
Quando roncar é um problema?
Sempre que você roncar, vale a pena levar a sério e procurar um atendimento médico. Somente um profissional especializado será capaz de diagnosticar o que está acontecendo com você.
De toda forma, o ronco pode trazer vários problemas para a saúde. Os sintomas mais leves são:
- Cansaço.
- Irritação;
- Sonolência;
- Perda de reflexo;
- Dificuldade de raciocínio.
Além disso, há desregulação no hormônio leptina, que regula a sensação de saciedade. Por isso, a pessoa tende a comer mais e engordar, o que é uma das causas do ronco. Porém, o problema mais grave é a apneia.
Como esse distúrbio fecha totalmente as vias aéreas durante o sono, são causadas pequenas paradas respiratórias, superiores a 10 segundos. Isso leva o organismo a gerar mais adrenalina, desenvolver a resistência à insulina e aumentar a pressão arterial.
Com isso, há mais chance de ocorrência de diabetes e hipertensão, com maior risco de doenças cardiovasculares. Dentre elas, infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Como saber se o ronco é excessivo?
Geralmente, a pessoa descobre que ronca devido à reclamação de algum parente. Por isso, é normal passar algum tempo sem diagnosticar. De toda forma, alguns sintomas demonstram que a situação passou do limite. Eles são os seguintes:
- Sono não reparador, isto é, você continua sentindo cansaço durante o dia;
- Despertar noturno frequente;
- Distúrbios cognitivos, como dificuldade de concentração, memória e atenção;
- Fadiga;
- Irritabilidade;
- Sonolência diurna excessiva, ou seja, você dorme em qualquer lugar;
- Redução da libido;
- Impotência sexual.
Quais intervenções são possíveis para tratar o ronco e suas causas?
Quando diagnosticado por um especialista, várias abordagens podem ser adotadas para tratar as causas do ronco. Em muitos casos, a mudança de posição na cama é suficiente. Isso acontece quando o ruído é causado por situações pontuais, como em uma gripe.
Nesses casos, uma possibilidade é dormir de lado. Outra opção é usar um travesseiro de elevação ou um modelo antirronco. Ele ajuda a manter as vias aéreas superiores abertas.
Ainda existem mais medidas recomendadas. Dentre elas, estão:
- Perda de peso, se o paciente for obeso;
- Interrupção do fumo;
- Realização de tratamentos para alergias e doenças respiratórias, quando essas forem as causas do ronco;
- Prática de atividades físicas rotineiras;
- Controle da pressão arterial;
- Realização de exercícios que fortalecem a estrutura da garganta.
O profissional de saúde também pode indicar dilatadores nasais, esteroides intranasais e adenotonsilectomia, ou seja, a retirada de adenoides. Todos esses tratamentos costumam ser utilizados para casos graves.
A situação pode exigir mais intervenções. A principal é o uso da máquina de pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP). Ela ajuda a mantê-las abertas e garante uma respiração melhor durante a noite.
Em últimos casos, é possível fazer uma cirurgia. Ela é chamada de uvulopalatofaringoplastia. O tratamento também pode ser complementado com fonoterapia ou fonoaudiologia específica para o fortalecimento da musculatura.
Qual especialista procurar?
O ideal é fazer uma consulta com um otorrinolaringologista ou um médico especialista em medicina do sono. Conforme o caso, outros profissionais podem ser incluídos no tratamento. Por exemplo, o cirurgião dentista e o fonoaudiólogo.
Esses profissionais farão o diagnóstico com base em vários fatores. Dentre eles, sintomas e histórico de saúde detalhado. É indicado comparecer com familiares, que podem repassar mais informações.
Além disso, vários exames podem ser realizados. Alguns deles são a laringoscopia e aqueles para diagnosticar distúrbios respiratórios do sono. É o caso da polissonografia, que consiste na vigília do paciente enquanto dorme. Assim, são colocados sensores que monitoram o ronco.
Dessa forma, você consegue tratar esse problema e ter mais qualidade de vida. Afinal, ter certeza de que se está dormindo o suficiente é essencial para um dia a dia mais tranquilo.
Agora, fica mais fácil saber porque roncamos e o que precisa ser feito para evitar todas as causas de um sono ruim. De qualquer forma, consultar um médico especializado faz a diferença para um tratamento eficiente.
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Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).