Burnout: 5 pontos para entender o esgotamento por trabalho e seus sinais

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Embora relatos de cansaços sejam comuns atualmente, viver esgotado está longe de ser uma prática saudável. Uma das possíveis consequências é a síndrome de burnout (ou síndrome do esgotamento profissional), distúrbio psicoemocional caracterizado pela manifestação de sintomas de exaustão, estresse e esgotamento físico. 

Sua causa está relacionada à pressão e ao excesso de responsabilidade nas atividades ocupacionais – o que inclui o trabalho, os estudos ou mesmo o cuidado dos filhos. Desde 2022, com a publicação da 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), o problema é reconhecido oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma condição médica

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A seguir, confira as respostas para algumas das principais perguntas sobre o transtorno.

1. Cansaço x burnout

O cansaço é uma resposta natural do organismo, que geralmente surge após um dia intenso de trabalho, estudos, tarefas domésticas ou cuidados com os filhos. Trata-se de uma espécie de pedido do corpo por uma pausa para descansar.

Quando esse esgotamento se intensifica e se prolonga para além do normal, considera-se que o caso evoluiu para uma exaustão. Nesse estágio, o desgaste deixa de ser algo pontual e também passa a afetar o funcionamento do corpo, na forma de insônia e perda de apetite, por exemplo.

O burnout, por sua vez, representa o estágio mais grave dessa escala. Trata-se de uma exaustão intrinsecamente relacionada à sobrecarga nas atividades ocupacionais. A condição não apenas compromete a saúde individual, mas também interfere na produtividade, nos relacionamentos e na qualidade de vida como um todo. 

2. Fatores de risco

O desenvolvimento do burnout está associado ao estabelecimento e à manutenção de uma relação tóxica com o trabalho. Pessoas com rotinas muito corridas, cheias de tarefas e estresse, apresentam maior risco de sofrer com a síndrome.

Relações interpessoais conturbadas (com parceiros, familiares ou amigos) e a falta de uma rede de apoio também podem contribuir para o adoecimento. Indivíduos com histórico de transtornos psicoemocionais, como ansiedade, depressão ou mesmo outros episódios de burnout, também são mais propensos à crise.

Mulheres, especialmente aquelas que acumulam múltiplas jornadas e precisam dividir seu tempo entre o trabalho, as tarefas domésticas e o cuidado dos filhos, são mais vulneráveis ao esgotamento emocional. 

3. Sinais do transtorno

O primeiro passo para combater o burnout é reconhecer seus sinais. Uma forma prática de avaliar isso é listar, em uma escala de 1 a 10, como se sente em diferentes aspectos:

  • Fisicamente (dores e cansaço corporal);
  • Emocionalmente (ansiedade, tristeza e angústia);
  • Psicologicamente (dificuldade de concentração e irritação);
  • Socialmente (desejo de se isolar e dificuldades de convivência);
  • Espiritualmente/moralmente (perda de propósito, fé ou motivação).

Essa reflexão pode ajudar a mapear o grau de esgotamento e acender o sinal de alerta. É importante verificar a manifestação de algum de seus sintomas típicos, os quais podem incluir:

  • Dificuldades de concentração;
  • Estresse crônico;
  • Sentimentos de incompetência;
  • Dor de cabeça frequente;
  • Alterações no apetite;
  • Sentimentos de fracasso e insegurança;
  • Alterações repentinas de humor;
  • Isolamento;
  • Batimentos cardíacos irregulares;
  • Insônia;
  • Negatividade constante;
  • Isolamento;
  • Dor muscular;
  • Pressão alta;
  • Sentimentos de derrota e desesperança;
  • Fadiga;
  • Problemas gastrointestinais.

4. Como saber se é burnout

Diante da suspeita de burnout, o próximo passo envolve procurar ajuda especializada. O diagnóstico deve ser realizado por um psicólogo ou médico psiquiatra, a partir de uma análise clínica detalhada do quadro.

Nesse processo, é importante que o profissional verifique há quanto tempo os sintomas começaram, se a pessoa tem histórico de distúrbios mentais (como depressão ou ansiedade), como é sua rotina de trabalho e de que forma ela lida com o estresse. 

5. Abordagem multidisciplinar

O tratamento do burnout exige uma abordagem múltipla, que pode variar de acordo com a gravidade do caso. Os principais caminhos incluem as mudanças de hábitos, como rever a rotina extrema de trabalho e estabelecer períodos para o descanso e o lazer. Praticar exercícios físicos, alimentar-se de forma saudável e regular o sono são essenciais para se recuperar da condição.

Além disso, a terapia deve ser o pilar central do tratamento. Conversar sobre as angústias do dia a dia ajuda processá-las melhor e permite identificar os fatores responsáveis por gerar tamanha sobrecarga.

Nos casos mais graves, é possível que sejam prescritos medicamentos. Antidepressivos, ansiolíticos e indutores do sono podem auxiliar nos cuidados do problema, desde que utilizados sob supervisão regular da equipe médica e exatamente da maneira instruída.

Vale lembrar que a recuperação do burnout não tem um prazo fixo, pois depende da gravidade do quadro, do tipo de apoio recebido e das reais mudanças na rotina. Algumas pessoas se sentem melhor em poucas semanas, enquanto outras podem levar meses para retomar seu bem-estar.

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