O termo “câncer de pele” engloba uma série de lesões provocadas pela reprodução desordenada das células que compõem as diferentes camadas daquele que é o maior órgão do corpo humano. Embora todos os quadros sejam relevantes, alguns tipos de câncer na pele trazem riscos maiores aos pacientes — é o caso do carcinoma espinocelular.
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Mas, afinal, carcinoma espinocelular é grave? Ainda que não seja o tipo mais comum de câncer de pele — no Brasil, ele fica atrás dos tumores não melanoma de células basais, por exemplo —, é importante entender de que forma ele se manifesta e como é possível preveni-lo.
Além disso, assim como no caso de outros tumores, pacientes com esses carcinomas se beneficiam do diagnóstico em estágios iniciais, aumentando a chance de sucesso no tratamento.
Saiba mais, a seguir!
O que é o carcinoma espinocelular?
De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), é esperado que, até 2025, o Brasil diagnostique até 704 mil novos casos de câncer de pele por ano. Isso faz desse tipo de tumor o mais comum entre a população brasileira, a frente de cânceres nas mamas, na próstata e no pulmão, por exemplo.
Todavia, é esperado que parte significativa desses diagnósticos seja referente aos chamados “cânceres de pele não-melanoma”. Em contraposição, existem os cânceres do tipo melanoma, que se formam a partir dos melanócitos — células responsáveis pela produção da melanina, que dá coloração à pele. Eles tendem a ser mais raros, porém bem mais agressivos.
De qualquer forma, dentro dos grupos dos tumores não-melanomas, existem aqueles que se formam a partir das células basais, que estão em uma camada mais inferior da pele.
Há, também, aqueles que surgem a partir das células espinocelulares (também chamadas de células escamosas), que recobrem a camada superficial da pele. Um tumor com origem nessas células recebe o nome, justamente, de carcinoma espinocelular.
Embora mais graves, os carcinomas espinocelulares são mais raros. Enquanto os tumores não melanomas das células basais representam cerca de 75% dos diagnósticos, apenas 20% têm sua origem nesse grupo de células da pele. Os demais casos (menos de 5%, em média) dizem respeito a câncer de pele dos melanócitos (ou seja, são melanomas).
O que provoca o carcinoma espinocelular?
A exposição frequente e desprotegida à luz solar é a principal causa dos tumores na pele, incluindo os carcinomas espinocelulares. Os raios ultravioletas presentes na luz solar atingem as células da pele, danificando o material genético delas. À medida que esses erros se acumulam, elas passam a se replicar de forma desordenada, gerando os tumores.
Tal processo tende a ser mais intenso em pessoas de pele clara. Além disso, o dano causado pela exposição à luz solar é cumulativo: quanto mais tempo exposto, maior o risco. Desse modo, é comum que tumores do tipo espinocelular se manifestem em pessoas a partir dos 40 anos.
No mais, o histórico familiar (ou seja, a presença de outros casos na família), alguns problemas no sistema imune e quadros de imunossupressão podem favorecer o desenvolvimento desse tumor.
Os tipos de carcinoma espinocelular variam conforme a agressividade da proliferação das células. Desse forma, ele pode ser pouco diferenciado (mais agressivo), moderadamente diferenciado (em fase de progressão) ou bem diferenciado (quando as células se confundem com as saudáveis).
Quais são os sintomas do carcinoma espinocelular?
O sintoma mais característico de um carcinoma espinocelular são as lesões na pele. Em geral, elas surgem nas áreas mais expostas ao sol, como rosto, pescoço e dorso das mãos.
Esse tipo de tumor também pode ser identificado nos genitais e em outras áreas menos expostas à radiação solar, a partir de cicatrizes de lesões antigas ou feridas crônicas.
Na maioria dos casos, as lesões são avermelhadas ou na forma de verrugas, que não param de crescer. As manchas tendem a ter bordas irregulares e aspecto escamoso. Além disso, elas sangram com facilidade.
Além disso, as lesões não cicatrizam ou demoram muito para se fechar. Também merecem atenção a mudança de cor e aspecto de manchas e pintas pré-existentes. Seja como for, apenas um médico dermatologista é capaz de conduzir a avaliação adequada para confirmar o diagnóstico.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de um carcinoma espinocelular é feito com base em uma avaliação do histórico do paciente e no exame clínico da lesão, em que o médico pode utilizar uma espécie de lente de aumento (dermatoscópio).
Durante o exame inicial, o médico também pode avaliar a condição das áreas ao redor da lesão. É comum, por exemplo, que a disseminação das células de um tumor gere inchaço nos gânglios linfáticos (as chamadas ínguas).
Entretanto, a confirmação ou não da presença de um carcinoma espinocelular na pele só se dá pela biópsia. Nesse tipo de exame, um pequeno fragmento da lesão é retirado e enviado para análise laboratorial. Com isso, um médico patologista consegue avaliar a natureza das células que provocam a alteração identificada e determinar se elas são ou não cancerígenas.
Qual é o tratamento do carcinoma espinocelular?
Confirmado o diagnóstico, o médico pode determinar a melhor conduta para o tratamento do carcinoma espinocelular.
Nesse momento, ter identificado o problema em estágio inicial faz toda a diferença: quando isso acontece, o tratamento tende a ser feito com intervenções locais, para retirar a lesão antes que ela aumente e se espalhe para outras partes do corpo. Para isso, podem ser utilizadas opções como cirurgias e sessões de radioterapia.
Em regiões onde a extração via cirúrgica pode ser difícil, existe a opção de fazer uma criocirurgia, que utiliza nitrogênio líquido para congelar e destruir as células do câncer.
Em casos mais avançados, pode ser necessário recorrer a tratamentos como quimioterapia, terapias-alvo e imunoterapia. Para quadros invasivos, pode ser indicada, também, a ressecção dos linfonodos atingidos pela expansão do tumor.
Como prevenir o carcinoma espinocelular?
Embora o tratamento contra um carcinoma espinocelular tenha boas chances de sucesso quando o diagnóstico identifica seu desenvolvimento ainda no começo, isso não significa ignorar cuidados básicos para fortalecer a prevenção.
Em geral, eles são simples e podem ser adotados no dia a dia, sem maiores mudanças na rotina:
- proteger-se da radiação ultravioleta, não ficando no sol, de forma desprotegida, entre 10:00 e 16:00;
- utilizar sempre protetor solar, com FPS 30, pelo menos;
- não utilizar câmaras de bronzeamento;
- ter ciência de determinados fatores de risco, como histórico de tratamento com fototerapia para psoríase;
- ter cuidado com a exposição crônica a determinados compostos químicos, principalmente em atividades profissionais.
No mais, vale sempre acompanhar o estado de saúde da pele e procurar ajuda médica sempre que alguma alteração em manchas ou pintas chamar a atenção. Não custa reforçar: o diagnóstico precoce de um carcinoma espinocelular é um dos principais aliados na efetividade do tratamento.
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Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).