Embora ambas sejam condições prejudiciais à saúde bucal e possam ser ocasionadas pelos mesmos fatores, como a placa bacteriana, a cárie e a gengivite são bem diferentes: a cárie é uma deterioração dos tecidos minerais dos dentes (esmalte, cemento e dentina), ao passo que a gengivite refere-se a um processo de inflamação da gengiva.
Normalmente, tanto a cárie quanto a gengivite estão relacionadas à formação de placas bacterianas, pelo acúmulo de restos de alimentos entre os dentes e a gengiva. Também podem ter natureza hereditária, nutricional e hormonal.
Mas, afinal, como identificar esses problemas? A seguir, destacamos suas principais características, sintomas e estágios de evolução:
Vídeo: Qual a diferença entre cárie e gengivite?
Cárie
Os principais sintomas da cárie são as dores nos dentes e a sensibilidade a temperaturas não ambientais (tanto no caso de alimentos ou bebidas quentes quanto frias). Em sua primeira fase, a cárie costuma aparecer como uma mancha esbranquiçada na região do esmalte do dente.
Se não tratada, essa desmineralização do tecido pode levar à formação de uma cavidade, que assume coloração amarronzada. O avanço contínuo do quadro atinge a dentina e a polpa, onde estão contidos os vasos sanguíneos e as terminações nervosas do dente. Nessa etapa, a pessoa costuma sentir mais sensibilidade e dor. Além disso, nos casos mais graves, essa infecção tem a capacidade de se tornar um abscesso (bolsa de pus) e pode levar à perda do dente.
As cáries são particularmente prejudiciais às crianças que ainda não perderam os dentes de leite. Como essa primeira dentição é menos mineralizada, o processo de instalação e aprofundamento da cárie é acelerado, o que pode causar queda precoce dos dentes de leite e problemas na formação da dentição permanente. A dor também pode afetar a performance socioeducativa dos pequenos.
O tratamento da doença consiste na remoção do tecido cariado, por meio de brocas e curetas. Feito isso, o dente é restaurado, com o preenchimento da cavidade com resina.
Gengivite
Por sua vez, a gengivite tem como sintoma mais típico o inchaço da gengiva, que ainda pode apresentar vermelhidão ou dar a sensação de gosto de sangue na boca. O quadro piora à medida que as placas bacterianas endurecem e formam tártaros.
Se não tratada, a inflamação passa a atingir as fibras do ligamento periodontal, que dá suporte aos dentes. No caso de evoluir para doença periodontal, o paciente pode apresentar mobilidade dental e até perder os dentes.
O tratamento da gengivite envolve, principalmente, a remoção da placa bacteriana por raspagens e, em alguns casos, uso de aparelhos ultrassônicos. A depender da extensão do problema, também é possível que o dentista indique bochechos e medicamentos anti-inflamatórios.
As bactérias que causam as doenças periodontais, como a gengivite, podem entrar na corrente sanguínea através do tecido gengival, possivelmente afetando outras partes do corpo. Por exemplo, a periodontite está ligada a doenças cardiovasculares, respiratórias, parto prematuro e baixo peso ao nascer, bem como problemas de controle do açúcar no sangue nas pessoas com diabetes.
Prevenção das doenças
Mesmo que as pessoas possam identificar características de uma doença ou outra a partir dos sintomas que estão sentindo, a recomendação é fazer visitas regulares ao dentista, que é o profissional apto a identificar e tratar o problema.
Além das consultas odontológicas, a chave para manter a saúde dos dentes é a higiene. A escovação depois de cada refeição, o uso de fio dental, o esfregue da língua e o bochecho podem prevenir essas e tantas outras doenças bucais.
Revisão técnica: Sabrina Bernardez Pereira, médica Escritório de Valor – Hospital Israelita Albert Einstein. Título de especialista em Cardiologia SBC/AMB