Em muitos casos, o paciente com câncer tem, como indicação de tratamento, uma intervenção com o objetivo de remover o tumor. Existem diferentes tipos de cirurgias, cada uma com seus próprios riscos e benefícios. Em busca de otimizar o sucesso desse de procedimento e minimizar a chance de complicações, a cirurgia robótica em oncologia vem ganhando espaço.
Intermediada por robôs de última geração, essa conduta pode beneficiar tanto o paciente, quanto os profissionais de saúde responsáveis pelo seu acompanhamento.
Por isso, vale a pena conhecer mais sobre esse recurso, entendendo melhor como ele funciona, quais são as suas vantagens e as principais indicações, além de outros detalhes. Boa leitura!
Como uma cirurgia robótica oncológica funciona?
Na prática, uma cirurgia robótica oncológica é aquele destinada a remover um tumor localizado em uma região de difícil acesso por métodos convencionais. Aos poucos, com a disseminação da tecnologia e um acesso maior aos equipamentos necessários, esse procedimento vem se tornando cada vez mais comum.
Os modelos de robôs mais utilizados contam com quatro “braços”, que são operados para manipular as pinças posicionadas nas suas extremidades. Elas são inseridas no corpo do paciente por meio de incisões mínimas, raramente maiores do que 1,5 centímetros.
Todo o controle do equipamento é feito por um médico capacitado. Ele opera observando telas exibindo imagens de alta definição e visão tridimensional, captadas pelas câmeras acopladas ao robô.
Assim, o médico assume o comando ao operar um controle semelhante a um joystick de videogame, extremamente sensível aos movimentos. Para reduzir os riscos, o robô conta com dispositivos para filtrar tremores e eventuais erros, aumentando a precisão do procedimento.
Quais são as vantagens da cirurgia robótica oncológica?
A ampla articulação de movimentos do robô e a visão propiciada pelo equipamento são vantagens consideráveis à condução de uma cirurgia para remover um tumor de difícil acesso. Com isso, o cirurgião consegue aplicar movimentos com maior amplitude e destreza.
Esses locais, muitas vezes, não podem ser acessados em cirurgias convencionais — seja pelo seu tamanho reduzido, seja pela dificuldade de alcançar aquela parte do organismo. A precisão do robô faz com que o procedimento tenha menos chance de agredir tecidos sadios, incluindo ossos e veias. Dessa forma, são menores os riscos de complicações, como hemorragias.
Outros casos que podem obter vantagens ainda mais significativas são aqueles em que a anatomia do paciente pode oferecer riscos adicionais ao procedimento, como em pessoas excessivamente obesas.
O próprio cirurgião também é beneficiado com as vantagens de uma cirurgia robótica em oncologia. O equipamento utilizado permite que ele fique em uma posição mais ergonômica durante o procedimento, algo que não acontece em cirurgias comuns. Ao longo da jornada de trabalho, isso contribui para a redução da sensação de fadiga.
Por fim, dependendo do tipo de tumor, a chance de sucesso do procedimento — ou seja, a remoção completa — pode ser maior. Isso ocorre, também, pela precisão e amplitude de movimento dos equipamentos robóticas, comparados aos procedimentos convencionais.
Quais casos oncológicos podem ser tratados com cirurgia robótica?
É claro que cada caso de câncer precisa ser avaliado individualmente, para considerar a possibilidade de uma intervenção cirúrgica utilizando robôs.
Nessa avaliação, costumam ser levados em conta a posição do tumor e o seu estágio de desenvolvimento. Com isso, algumas situações podem contraindicar a utilização do método. Além disso, é preciso considerar o custo e a disponibilidade, tanto do equipamento quanto do profissional habilitado a manuseá-lo — embora seja cada vezes mais popular, essa é uma limitação a ser considerada.
Seja como for, a expectativa é que aumentem os números de procedimentos com a técnica nos departamentos de oncologia, em especial para tumores localizados em regiões como:
- cabeça e pescoço — em especial, na cavidade oral, na faringe e na laringe;
- pulmões;
- mediastino — espaço entre os dois pulmões, que fica na parede do tórax;
- esôfago;
- estomago;
- fígado,
- pâncreas;
- intestinos;
- úteros e ovários;
- próstata;
- bexiga.
Ademais, em cirurgias mais simples ou menos invasivas, a adoção do procedimento com os robôs pode não fazer sentido. O recurso tende a ser reservado para casos mais complexos e arriscados, onde os benefícios tendem a ser mais perceptíveis.
Quais são os benefícios da cirurgia robótica para os pacientes oncológicos?
Por falar em benefícios, a cirurgia robótica oferece uma série deles para os pacientes oncológicos. Os mais notáveis certamente envolvem ganhos no tempo de recuperação pós-operatório — sobretudo devido ao caráter menos invasivo desse tipo de procedimento.
Esse tempo ganho é ainda mais relevante para pacientes que estão tratando um câncer. Afinal, é comum que eles tenham que se submeter a tratamentos adicionais após a remoção cirúrgica do tumor, como sessões de quimioterapia ou radioterapia.
Logo, garantir uma recuperação ágil permite reduzir o intervalo entre a cirurgia e o inicio das terapias, aumentando as chances de o paciente alcançar a remissão do tumor.
Levando em conta a progressão de alguns quadros oncológicos específicos, a cirurgia robótica pode contribuir para que os homens tenham um menor risco de desenvolver incontinência urinária após cirurgias de câncer da próstata, enquanto as mulheres preservam a fertilidade ao combater tumores nos ovários ou no útero.
Além disso, entre outros benefícios, estão:
- dor e sangramentos menores no pós-cirurgia;
- menor necessidade de medicamentos durante o pós-operatório;
- menor tempo de internação — o que tende a contribuir para a redução de custos hospitalares;
- melhores chances de desfechos estéticos favoráveis, graças às incisões mínimas — o que reduz a necessidade de cirurgias reparadoras;
- retorno mais rápido às atividades de rotina.
No combate a diferentes tipos de câncer, a cirurgia robótica em oncologia pode ser um recurso valioso. Além de permitir a remoção do tumor de forma minimamente invasiva, com grandes chances de sucesso, ela acelera a recuperação e permite que o paciente esteja pronto rapidamente para a continuidade do tratamento.
Para mais informações sobre cirurgias robóticas, confira o panorama completo sobre o tema!
Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).