Como diferenciar a fome do comer emocional? Aprenda a lidar com o transtorno

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Quem nunca, em um momento de tristeza ou estresse, comprou um pote de sorvete ou uma barra de chocolate e os devorou? Essa tentativa de substituir os sentimentos ruins por emoções positivas, provocadas pelo sabor, textura e cheiro de alimentos, é uma prática comum e recebe o nome clínico de “comer emocional”.

Estudado por psicólogos e nutricionistas, esse transtorno é compreendido como um ímpeto do corpo de buscar fontes de prazer e compensação para se manter em equilíbrio diante de situações de frustração. Nesse sentido, representa um movimento quase involuntário de comer, mesmo sem fome.

Quando ocorre uma vez ou outra, essa situação não apresenta grandes riscos à saúde. Porém, à medida que se torna mais frequente, é possível que evolua para um quadro de transtorno alimentar, no qual o indivíduo desenvolve hábitos não saudáveis, como comer em excesso ou mesmo deixar de fazer as refeições diárias. 

A longo prazo, o comer emocional pode gerar diversos problemas crônicos, como pré-diabetes, obesidade e hipertensão. O Ministério da Saúde classifica o quadro como uma “compulsão alimentar”, quando o comportamento de risco se repete pelo menos uma vez na semana, ao longo de três meses.

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Mas como evitar que os sentimentos sejam descontados na alimentação? Veja três dicas para reconhecer os sintomas típicos desses episódios, como lidar com as frustrações do dia a dia e iniciar o tratamento contra a compulsão alimentar. 

1. Saiba diferenciar fome e comer emocional

A fome real aparece naturalmente, dissociada de circunstâncias específicas. Em pessoas que costumam seguir uma rotina diariamente, ela tende a se manifestar em horários similares. 

Já o comer emocional é uma reação psicológica, sem ligação com o componente fisiológico, que tende a aparecer como reflexo de um gatilho (estresse, frustração, tristeza etc.). Ou seja: pode ocorrer mesmo quando a barriga está cheia e, justamente por isso, costuma vir acompanhada da sensação de estufamento.

É importante lembrar que crianças e adolescentes às vezes têm dificuldade para expressar seus sentimentos e acham na comida uma espécie de “refúgio” de seus problemas. Dessa forma, cabe aos responsáveis e adultos de seu convívio perceberem que a “fome” expressada por eles, na verdade, pode ser um caso de comer emocional.

2. Busque um nutricionista e um psicólogo

O aumento da frequência entre as refeições, a sensação de alívio ao se alimentar seguida de culpa, o ganho de peso, a idealização frequente da próxima refeição e o mal-estar após comer são alguns dos sintomas clássicos do comer emocional. Nesses casos, a recomendação é buscar um nutricionista e um psicólogo.

Em uma abordagem interdisciplinar, os profissionais da nutrição e da psicologia devem ser os eixos principais de tratamento da condição. Embora os transtornos alimentares sejam problemas crônicos, as consultas podem ajudar os pacientes a aprender a conviver melhor com o comer emocional.

Assim, cabe a esses especialistas avaliar clinicamente o indivíduo e identificar seus comportamentos de risco e gatilhos. Por meio da terapia, de exercícios de modificação comportamental e um cronograma alimentar há chance de superar eventuais episódios de crise. 

3. Mantenha um diário alimentar

Ter um diário alimentar pode ser uma boa opção para evitar longos períodos sem comer ou uma frequência pouco espaçada a cada refeição. Cada vez que for se alimentar, anote o horário e o que exatamente foi ingerido.

Esse exercício pode trazer de volta a sensação de controle sobre a comida, que, muitas vezes, acaba se perdendo durante uma crise. De quebra, esses registros ainda ajudam o nutricionista a acompanhar de perto os hábitos alimentares e sugerir mudanças pontuais na rotina para tentar solucionar o comer emocional. 

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