Como diferenciar as úlceras de machucados do dia a dia?

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Úlcera é um termo genérico utilizado por médicos para se referir à perda de pedaços da pele que resulta em uma ferida. São pequenos buracos que podem afetar desde a camada mais superficial da pele, a epiderme, até a mais profunda, a hipoderme. Em casos mais graves, as úlceras podem chegar aos ossos. 

Úlceras X cortes cotidianos

Diferentemente de cortes do dia a dia, as úlceras têm um processo de cicatrização muito demorado. Além disso, mesmo quando fechadas, essas feridas não se curam completamente e frequentemente reabrem. Esse deve ser o primeiro alerta para que as pessoas busquem ajuda médica.

Dermatologistas estão aptos a avaliar essas feridas considerando fatores como localização, tipo de borda e formato. Essas características auxiliam no diagnóstico e indicam se a lesão é uma condição isolada ou se está associada a alguma doença sistêmica.

Vídeo: A úlcera de pele pode se curar sozinha?

As úlceras podem ser classificadas em cinco tipos:

  1. Pioderma gangrenoso: associado a outras condições que afetam a pele, como malignidades, leucemias e doenças inflamatórias;
  2. Úlceras por leishmaniose (ou leishmaniose tegumentar): lesões que não causam dor e são comuns em áreas do corpo geralmente expostas, uma vez que ocorrem pela picada de moscas transmissoras dos protozoários Leishmania sp.;
  3. Úlceras por queimaduras químicas;
  4. Úlceras diabéticas: comuns devido ao efeito do diabetes mellitus na dessensibilização das extremidades do corpo; 
  5. Úlceras varicosas: a má circulação do sangue, causada pela presença de coágulos sanguíneos e gordura nas veias, forma elevações anormais na pele.

Tratamento

O tratamento para as úlceras varia bastante. Por isso, é necessário realizar vários exames para investigar a presença de comorbidades, problemas de inervação cutânea, doenças esclerosantes, possíveis traumas ou exposição a produtos químicos.

Em casos mais simples, as úlceras podem até se curar sozinhas, por meio da higienização das feridas. Embora a limpeza não seja sempre uma solução definitiva, é um importante primeiro passo, pois previne que bactérias do ambiente, ou mesmo da própria pele, causem infecções.

Vale lembrar, no entanto, que o uso de sabonetes antissépticos na limpeza das úlceras não é recomendado, pois eles também eliminam a rica microbiota da pele. Sem essas bactérias que formam uma barreira de proteção natural, as lesões ficam mais suscetíveis a infecções.

Vídeo: Qual o tratamento para úlcera de pele?

Em casos mais complexos, as úlceras devem ser tratadas levando em consideração seu tipo e causa. Úlceras diabéticas, por exemplo, são tratadas com curativos biológicos, dependendo do grau de profundidade e da localização.

Já aquelas causadas por microrganismos ou infecções sexualmente transmissíveis são tratadas com medicação. Para as úlceras de caráter inflamatório, são prescritos anti-inflamatórios de alta dosagem.

Há ainda a possibilidade de utilizar alguns tratamentos adjuvantes, como a câmara hiperbárica. Nela, o paciente entra em um ambiente controlado com oxigênio a 100%. A ideia é melhorar a cicatrização e ajudar a combater bactérias. 

Vídeo: A alimentação influencia na úlcera de pele?

Prevenção

A prevenção das úlceras é feita com a limpeza adequada e a hidratação da pele. Existem hidratantes específicos para cada idade, que consideram as particularidades de cada período da vida.

Além disso, em grupos mais vulneráveis, como pessoas com diabetes mellitus, é recomendado o uso de meias e sapatos com solado grosso e firme. Esse reforço ajuda a evitar possíveis traumas e formação de feridas nos pés.


Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).

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