O câncer de ovário é um tipo de tumor que acomete os tecidos dos ovários. Integrantes do sistema reprodutor feminino, esses órgãos são responsáveis pela produção de hormônios e pela liberação dos óvulos durante o ciclo menstrual.
Segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para cada ano do triênio de 2023 a 2025, 7.310 novos casos dessa condição ginecológica devem ser diagnosticados.
Vídeo: O papanicolau detecta o câncer de ovário?
Conheça, a seguir, seis mitos e verdades sobre a doença:
1. Ter filhos diminui o risco de desenvolver câncer de ovário
Verdade. Embora os especialistas ainda não saibam explicar com clareza o motivo pelo qual isso acontece, estudos indicam que parir e amamentar são duas práticas que diminuem o risco de desenvolver um câncer de ovário. Quanto maior for o número de gestações que uma mulher passou, mais protegida ela está.
Além disso, outros fatores protetores à condição incluem a realização de cirurgias para retirada das trompas e dos ovários, bem como a laqueadura. O uso de anticoncepcionais orais também está associado a uma redução dessa probabilidade.
2. Quanto mais velha a mulher, maior o risco de câncer de ovário
Verdade. De acordo com o INCA, conforme a mulher envelhece, maiores são as chances dela desenvolver um quadro de câncer de ovário. Isso ocorre em razão da menopausa, que é caracterizada por um intenso desequilíbrio hormonal no organismo, que pode favorecer um crescimento anormal de células ovarianas.
Um histórico familiar da condição também está associado a um maior risco de surgimento da doença. Em parentes de primeiro grau, por exemplo, os riscos de desenvolvimento do câncer são três vezes maiores, calcula o INCA. Outros fatores possivelmente prejudiciais incluem os diagnósticos de endometriose, obesidade, mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 e síndrome de Lynch.
3. Dor no abdômen e vontade de ir ao banheiro são sinais de alerta
Verdade. Mesmo que o câncer no ovário seja considerado uma condição silenciosa, cujos sintomas costumam não aparecer nos primeiros estágios, quando eles surgem, estão associados à cavidade do abdômen, onde estão os órgãos afetados. Nos quadros mais avançados, a doença pode se manifestar como:
- Dor abdominal ou pélvica persistente;
- Inchaço de volume da barriga;
- Dificuldade para comer ou sensação de saciedade precoce;
- Alterações no ciclo menstrual, com sangramentos irregulares;
- Necessidade frequente de urinar;
- Cansaço extremo.
4. O exame papanicolau detecta o câncer no ovário
Mito. O papanicolau é o exame de rastreamento para identificar lesões no colo do útero. O teste não é eficaz para apontar suspeitas de câncer no ovário, que é um órgão abdominal.
Até o momento, não há nenhum exame de rastreamento que seja amplamente recomendado para identificar a doença precocemente. Portanto, a melhor forma de investigar um caso suspeito ocorre por meio de outros testes, como coleta de sangue para verificar a presença do marcador tumoral CA-125 (ligado a células cancerígenas de ovário), ultrassom transvaginal, tomografia computadorizada e ressonância magnética. A realização de cirurgia ou biópsia guiada confirmam o diagnóstico.
5. A cirurgia é sempre indicada para tratamento
Mito. Por mais que a cirurgia de retirada do tumor seja um dos pilares de tratamento no câncer de ovário, cada paciente exige uma forma de abordagem diferente no processo de recuperação da doença.
Para a maioria das mulheres com esse diagnóstico, a intervenção cirúrgica aparece como uma medida de pré-tratamento, em que é coletado material para análise e planejamento de abordagem terapêutica. Nos casos mais iniciais, é possível que já nesse momento seja conduzida uma ressecção total do tecido cancerígeno, seguida pela indicação de quimioterapia.
Contudo, em quadros mais severos, quando o câncer é maior ou sofreu metástase para outros tecidos, o médico pode sugerir uma estratégia de cirurgia em intervalo. Nela, a paciente é submetida a ciclos de quimioterapia antes e depois do procedimento cirúrgico, de forma a tentar matar ou enfraquecer as células cancerígenas antes de retirar o tumor.
6. Remover os ovários diminui a probabilidade de câncer
Verdade. A cirurgia de remoção dos ovários (ooforectomia bilateral) é uma medida que, comprovadamente, reduz o risco de aparecimento de câncer no ovário. Contudo, apesar dessa diminuição, o risco não é completamente eliminado, isso porque as trompas uterinas ainda podem ser vítimas do crescimento celular anormal. Caso elas sejam retiradas também (salpingectomia), o risco também é diminuído.
Revisão técnica: Erica Maria Zeni (CRM 140.238/ RQE 75645), médica da Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo . Possui graduação e residência em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e residência em Medicina Interna pela Universidade de São Paulo (USP). Também possui pós-graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica Medicina Paliativa, em Buenos Aires, Argentina.