Diabetes tem cura? As respostas para 5 perguntas sobre a doença

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O diabetes mellitus é uma condição crônica que tem como principal característica a elevação da taxa de açúcar no sangue. Isso pode ocorrer em consequência de uma produção insuficiente do hormônio insulina pelo pâncreas ou ainda por uma má absorção dessa substância pelo corpo. 

Vale lembrar que a insulina é a responsável pela quebra das moléculas de glicose, o que a transforma em energia para manter as atividades celulares do organismo. Assim, se não tratada, a doença pode levar a episódios de hipo ou hiperglicemia, além de complicações metabólicas graves e, em alguns casos, à morte.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estima que haja mais de 800 milhões de adultos com diabetes no mundo. Especificamente sobre o Brasil, o Ministério da Saúde calcula que o número de indivíduos com a condição seja maior do que 13 milhões, ou 7% da população.

Vídeo: Diabetes tem cura? Endocrinologista esclarece dúvidas

Apesar de já ser relativamente bem conhecido, algumas pessoas ainda têm certas dúvidas sobre o diabetes. Pensando nisso, selecionamos as cinco principais perguntas a respeito do assunto. Confira:

1. Existe mais de um tipo de diabetes?

O diabetes pode ter diferentes causas e manifestações: 

Diabetes mellitus tipo 1

É uma doença crônica de origem genética e hereditária, que afeta a produção normal de insulina do pâncreas. Representa entre 5% e 10% do total de pessoas com diabetes no Brasil e costuma se manifestar ainda na infância ou adolescência.

Diabetes mellitus tipo 2

Ocorre quando o corpo resiste à insulina produzida pelo pâncreas, e corresponde a cerca de 90% dos casos de diabetes no nosso país. Sua causa costuma estar relacionada a maus hábitos de saúde, como dieta desequilibrada e sedentarismo, e a doenças crônicas como a obesidade.

Pré-diabetes

Estágio anterior ao diagnóstico de diabetes, quando os níveis de glicose no sangue já estão mais altos do que o normal, mas ainda não são elevados o suficiente para o diagnóstico da doença. Pode ser desenvolvido por pessoas com obesidade, hipertensão ou alterações lipídicas. Com mudanças nos hábitos alimentares e uma rotina de atividade física, é possível reverter o quadro .

Diabetes gestacional

Trata-se de uma condição temporária da gravidez. Nela, as taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas ainda abaixo do valor para ser classificado como diabetes. Se não tratada adequadamente, pode aumentar o risco de complicações gestacionais, como malformações ou óbito fetal. Esse quadro pode ser superado após o parto.

2. Quais os sintomas do diabetes?

Dentre os principais sintomas estão:

  • Sentir mais fome e sede que o comum;
  • Necessidade frequente de urinar;
  • Perda de peso involuntária;
  • Fraqueza;
  • Fadiga;
  • Mudanças de humor;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Formigamento nos pés e nas mãos;
  • Demora na cicatrização de feridas;
  • Maior incidência de infecções (genitais, urinárias e na pele).

3. Como é feito o diagnóstico?

No caso de suspeita de diabetes, o mais indicado é marcar uma consulta médica para realizar uma avaliação clínica. Clínicos gerais, médicos da família e comunidade, pediatras e endocrinologistas podem investigar e conduzir o rastreio dos sintomas. 

Para além da anamnese e do histórico familiar, é possível que o especialista ainda solicite alguns exames complementares para chegar ao diagnóstico. A verificação da glicemia e uma análise da hemoglobina glicada, por exemplo, são exames que permitem verificar os níveis de açúcar no sangue, sendo que esse último fornece uma avaliação dos níveis glicêmicos dos últimos dois ou três meses.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, a taxa normal de glicose é abaixo de 100 mg/dl. Se os níveis se encontram entre 100 e 127 mg/dl, já existe alto risco de desenvolver o diabetes (estágio de pré-diabetes). Caso o valor esteja acima de 127 mg/dl em dois exames diferentes, é diagnosticada a doença. 

Existem também outras formas para o diagnóstico do diabetes e, por isso, é sempre importante o acompanhamento médico na suspeita ou manifestação de sintomas.

4. O diabetes tem cura?

O diabetes é uma doença crônica. Dessa forma, não tem uma “cura” propriamente dita, mas isso não significa que não seja tratável. Seu tratamento vai variar de acordo com a causa e o tipo de quadro.

A remissão se dá principalmente por meio de mudanças de hábitos. Ao seguir uma dieta balanceada, evitando excessos de açúcar, e uma rotina de exercícios físicos regulares, é possível garantir uma vida praticamente normal e sem as complicações da doença. 

Em alguns casos, além dos comportamentos mais saudáveis, é necessário usar medicamentos, como a insulina. A aplicação dessas doses ao longo do dia equilibra os níveis glicêmicos e evita qualquer mal-estar gerado pelo excesso ou pela falta de açúcar no sangue, minimizando também as complicações associadas ao quadro.

5. Quais as possíveis complicações do diabetes não tratado?

Caso o tratamento do diabetes não seja feito corretamente, seguindo as instruções dadas pela equipe médica responsável, é possível que a doença se agrave e evolua para outros problemas de saúde. Alguns deles incluem:

  • Aterosclerose;
  • Maior propensão a infecções;
  • Retinopatia diabética (danos nos vasos sanguíneos oculares);
  • Esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado);
  • Lesão renal;
  • Neuropatia diabética (danos aos nervos periféricos, o que pode levar à dessensibilização dos membros).

Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes (CRM-SP 203006/RQE 91325), médico do Pronto Atendimento e Corpo Clínico, especialista em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein. 

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