O esôfago é o tubo muscular que conecta a garganta ao estômago. É ele que permite a passagem de alimentos e líquidos até o interior do sistema digestivo.
O câncer que acomete esse órgão costuma se originar como uma lesão no revestimento interno, seguido de um crescimento anormal de células.
Sua ocorrência é mais comum em pessoas de 50 a 70 anos de idade. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que, no triênio de 2023 a 2025, o número de novos diagnósticos da doença para o Brasil seja de 10.990 por ano. Isso corresponde a um risco estimado de 5,07 casos a cada 100 mil habitantes.
Vídeo: Dificuldade para engolir é sinal de câncer de esôfago?
Para esclarecer algumas dúvidas, respondemos às 5 perguntas mais frequentes sobre a doença:
1. Fumar pode causar câncer no esôfago?
Sim. Fumar é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de lesões e o surgimento de neoplasias no esôfago.
Mas não é o único. O consumo exagerado de álcool, manter hábitos alimentares desbalanceados (como ingerir grandes quantidades de carne vermelha ou bebidas quentes), a obesidade e o refluxo gastroesofágico também podem aumentar os riscos desse câncer.
2. Dificuldade para engolir pode ser sinal de câncer?
A dificuldade na deglutição dos alimentos (disfagia) ou sensação de entalo na garganta pode, sim, ser manifestação de tumores no órgão. No entanto, é possível que o sintoma, na verdade, esteja relacionado a outro tipo de condição da saúde gastroesofágica; por isso é tão importante buscar ajuda profissional.
Outros sinais do tumor maligno no esôfago incluem:
- Perda de peso não intencional;
- Anemia;
- Cansaço;
- Dor na garganta ou no meio do peito ao engolir;
- Dificuldades digestivas (azia, refluxo gastroesofágico e arrotos frequentes).
3. Como é feito o diagnóstico?
Sob a suspeita de câncer no esôfago, geralmente os médicos solicitam uma endoscopia digestiva alta. Essa técnica faz uso do endoscópio, um tubo flexível com uma microcâmera em sua ponta, que é introduzido no paciente por meio de sua boca e percorre toda a extensão do esôfago à procura de lesões malignas. Por meio desse exame é possível capturar imagens dos tumores e retirar amostras suspeitas, que serão enviadas para biópsia.
Para confirmar o diagnóstico, outros testes poderão ser solicitados, como tomografia computadorizada, ecoendoscopia, laringoscopia e PET-CT.
4. A cirurgia é sempre recomendada como tratamento desses tumores?
Não. O tipo de tratamento para o câncer de esôfago depende do estágio do tumor e de sua localização e extensão.
Para neoplasias iniciais, a cirurgia de ressecção costuma ser indicada. Em alguns casos, ela pode, inclusive, ser conduzida por meio da própria endoscopia digestiva alta. Em outros, exige-se um procedimento mais invasivo, com cortes.
Quando o câncer está com metástases, a abordagem médica tende a privilegiar tratamentos com quimioterapia e/ou radioterapia. O mesmo vale para quadros em que o tumor está alojado em algum tecido de difícil acesso cirúrgico.
5. Não beber álcool é suficiente para prevenir o câncer de esôfago?
Moderar o consumo de bebidas alcoólicas é uma importante medida para diminuição do risco do câncer de esôfago, mas não é a única.
Recomenda-se também:
- Não fumar;
- Seguir uma dieta equilibrada, com alto consumo de frutas e vegetais;
- Controlar o próprio peso;
- Tratar de maneira adequada a doença do refluxo gastroesofágico, quando diagnosticada.
Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes (CRM-SP 203006/RQE 91325), médico do Pronto Atendimento e Corpo Clínico, especialista em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein.