A doença de Crohn é conhecida principalmente pelos seus sintomas gastrointestinais. Isso se dá principalmente pelo fato dessa doença inflamatória atingir diferentes pontos do trato intestinal. Com isso, é comum que os pacientes experimentem desconfortos associados à diarreia, dores abdominais ou obstruções intestinais.
No entanto, a doença de Crohn pode apresentar também sintomas extraintestinais. Ou seja, oriundos de outras partes do corpo, que também merecem atenção adequada. Com isso, é fundamental entender como se dão as manifestações dessa doença, de que forma é feito o diagnóstico e quais são as alternativas de tratamento disponíveis.
Afinal, o que é a doença de Crohn?
Como já mencionado na introdução, a doença de Crohn é uma doença inflamatória que atinge diferentes trechos do intestino (em especial o íleo, que representa a parte final do intestino delgado, e o cólon, que corresponde à parte central do intestino grosso). Em todo caso, a progressão da inflamação atinge todas as camadas do tecido intestinal na maioria dos casos. Além disso, a doença tem caráter crônico, acompanhando o paciente por muito tempo.
Ainda não se tem plena certeza do que provoca a doença de Crohn. Contudo, uma das explicações mais aceitas é de que ela tenha natureza autoimune. Em outras palavras, isso significa que ela é resultado de uma resposta desordenada do sistema imunológico, que faz com que ele ataque os tecidos da própria pessoa.
Não se sabe o que dispara tal resposta, mas não estão descartadas infecções por determinadas bactérias ou vírus. Em todo caso, não existem evidências que apontem para a influência de fatores emocionais no surgimento da doença, embora possam agravar o quadro em quem já sofre com ela.
No mais, hábitos como fumar, a manutenção de uma dieta rica em gorduras, o uso de determinados medicamentos e o histórico familiar podem contribuir para incrementar o risco de ter o problema. O risco de desenvolver a doença de Crohn é igual em homens e mulheres. Ela se manifesta com mais força antes dos 30 anos, embora não seja raro que pacientes com mais de 60 anos sejam diagnosticados com a condição.
Como curiosidade, vale citar que a doença foi batizada em homenagem ao gastroenterologista Burrill Crohn. Em 1932, ao lado de dois colegas de profissão, ele foi o autor principal do artigo que primeiro descreveu a doença.
Quais os principais sintomas da doença de Crohn?
De forma geral, em um primeiro momento, os principais sintomas da doença de Cronh são aqueles associados a desconfortos intestinais, como:
- diarreia persistente, que leva até mesmo a perda de peso;
- dores e cólicas abdominais;
- presença de sangue nas fezes, embora isso não seja comum.
Com a evolução e cronificação do quadro, outros sintomas podem se manifestar. Entre alguns deles estão:
- anemia e desnutrição, em especial por problemas de absorção de determinados nutrientes.
- cansaço generalizado;
- nausea e perda de apetite;
- lesões oculares, de pele e musculoesqueléticas;
- dor e formação de abcessos no intestino;
- obstrução do cólon;
- cálculo renal;
- artrite;
- febra de origem inexplicada.
Como o problema é diagnosticado?
O ideal é procurar ajuda especializada principalmente diante de quadros de diarreia persistente (sobretudo se o problema se mantém por 7 dias ou mais), caso haja a presença de sangue nas fezes ou em caso de dores abdominais recorrentes.
A partir disso, o médico pode estabelecer o diagnóstico, diferenciando o problema de outras causas que podem explicar os sintomas. Em geral, isso costuma ser feito com o suporte de exames de imagem (como radiografias, endoscopias e colonoscopias), além de alguns exames laboratoriais, que também podem ajudar a identificar eventuais deficiências nutricionais decorrentes da doença. Além disso, esses exames são valiosos para detectar a presença de determinados anticorpos relacionados ao quadro inflamatório.
Doença de Crohn é grave? Quais as condutas adotadas para o tratamento?
A partir das primeiras manifestações e do diagnóstico, a doença de Crohn raramente é curada efetivamente. Em geral, o paciente passa a conviver com diversos estágios de evolução do problema, nos quais a doença tende a ter ciclos de piora e melhora.
Por isso, o tratamento é fundamental para controlar a evolução e garantir uma qualidade de vida satisfatória. Geralmente, o tratamento envolve a prescrição de medicamentos para reduzir os sintomas, controlar a evolução do quadro inflamatório e evitar complicações. Os mais adotados são imunossupressores e terapias biológicas.
O grau das intervenções varia de acordo com o grau da doença (leve, moderada ou grave). Na presença de casos graves com abcessos, é necessário drená-los. De acordo com a evolução do paciente, ele pode ser submetido a uma cirurgia, em especial quando há formação das chamadas fístulas ou obstruções intestinais.
Infelizmente, com o avanço da doença, ao menos parte dos pacientes costuma ser submetida a algum tipo de procedimento devido a complicações. Além disso, pacientes com a doença de Crohn são orientados a evitar alimentos ricos em fibras, gorduras, cafeína e excessivamente condimentados.
Por outro lado, salvo eventuais restrições e alimentos que o próprio paciente perceba que pioram os sintomas, dietas restritivas não são indicadas pelos médicos responsáveis pelo acompanhamento. Vale reforçar que pacientes com essa condição tendem a ter uma chance maior de ter intolerância à lactose. Ademais, o médico pode prescrever suplementos alimentares para combater eventuais deficiências de vitaminas e minerais (como vitaminas B12, D e cálcio)
No mais, o paciente é orientado a evitar situações de estresse e a cessar o hábito de fumar, caso ele ainda seja fumante. Com a estabilização, é possível ter uma vida normal desde que os devidos acompanhamentos sejam feitos de forma regular. Por fim, também merece destaque o fato de que pacientes com Crohn têm um risco maior de desenvolver câncer colorretal ou nos trechos do intestino atingidos pela inflamação.
Ou seja, todo o tratamento da doença de Crohn é direcionado para controlar o processo inflamatório e minimizar os sintomas, devolvendo ao paciente uma qualidade de vida satisfatória, em especial nos momentos em que a doença regride. Por fim, acompanhar as orientações médicas e garantir os cuidados necessários para não agravar a condição são pontos essenciais para lidar com o problema.
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Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).