Entenda como os exercícios físicos podem beneficiar o coração

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Correr, pedalar, caminhar, dançar ou praticar qualquer outra forma de movimento pode ser considerado um gesto de cuidado com a saúde do coração. Ele é diretamente beneficiado pela prática regular de exercícios, tornando-se mais eficiente, resistente e preparado para enfrentar eventuais desafios.

Vídeo: Como exercícios físicos agem no coração

Durante a atividade física, o corpo consome mais energia e, com isso, os músculos requerem mais oxigênio. Para atender a essa demanda, o coração tende a acelerar seu ritmo de funcionamento e bombear sangue com mais força. Esse aumento temporário da frequência cardíaca e da pressão arterial é uma reação natural e necessária para que o organismo sustente tal esforço.

Com o tempo e a regularidade dessas práticas, o coração aprende a lidar com os picos de intensidade e passa a trabalhar de maneira mais otimizada, com menos esforço para realizar as mesmas tarefas. O resultado desse processo de “treinamento” é um músculo cardíaco mais eficiente, capaz de bombear mais sangue a cada batida e de manter uma frequência mais baixa tanto em repouso quanto durante exercícios moderados. Esse efeito é o que chamamos de condicionamento físico. 

Quanto é o suficiente?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que todos os adultos pratiquem pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica moderada ou 75 minutos de exercícios intensos por semana para manter um estilo de vida saudável e para ser considerado um adulto ativo e não sedentário. Esse período deve ser ainda maior entre crianças e adolescentes, com a indicação de 60 minutos por dia.

A boa notícia é que qualquer movimento conta: subir escadas, caminhar até o trabalho ou brincar com os filhos já ajuda a manter o coração em forma. O importante é criar o hábito de estar em movimento. 

Os treinos de força — como musculação, treino com elásticos, pesos livres ou até o próprio peso do corpo —  também são fundamentais para manter a saúde em todas as fases da vida. Ao contrário do que muitos pensam, eles não servem apenas para “ganhar músculos”, mas para melhorar o funcionamento geral do corpo.

Ao estimular os músculos, esses exercícios aumentam a força e a resistência física, o que protege as articulações e reduz o risco de quedas e fraturas, especialmente em idosos. Além disso, favorecem o controle do peso corporal, pois aumentam a massa magra e aceleram o metabolismo, ajudando o corpo a gastar mais energia mesmo em repouso.

Até pequenas doses de atividade física são benéficas, melhorando a circulação, reduzindo o colesterol LDL (considerado ruim) e controlando a pressão arterial. Com o tempo, esses ganhos se acumulam e reduzem o risco de doenças cardiovasculares, que continuam sendo uma das principais causas de morte no mundo.

Outro benefício importante é o impacto sobre o bem-estar mental. A prática regular de exercícios  libera endorfinas, melhora o humor, reduz sintomas de ansiedade e depressão e contribui para uma boa qualidade do sono.

Atenção aos limites

Embora o exercício seja um aliado poderoso, ele também representa um tipo de estresse para o corpo. Ao praticar uma atividade intensa, é esperado que a frequência cardíaca e a pressão subam, mas, em pessoas sem preparo ou com condições cardíacas não diagnosticadas, esse aumento pode ser excessivo e perigoso.

Por isso, quem deseja iniciar uma rotina de treinos intensos deve passar por avaliação cardiológica prévia. Essa etapa é essencial para detectar possíveis riscos e ajustar o nível e a intensidade dos exercícios às necessidades individuais.

Para quem está apenas começando a se exercitar, a caminhada pode ser uma das formas mais simples e eficazes. Ela não exige equipamentos, pode ser feita em qualquer lugar e, quando praticada regularmente, já é suficiente para melhorar a capacidade cardiovascular.

A partir daí, o corpo se fortalece e permite evoluir para modalidades mais exigentes, como corrida, ciclismo ou natação. O segredo está na constância: é melhor se mover um pouco todos os dias do que tentar compensar o sedentarismo com treinos intensos e esporádicos.


Revisão técnica: Pâmela Cavalcante (CRM 153200/RQE 116412), professora da pós-graduação em Cardiologia no Einstein Hospital Israelita e assistente da seção de cardiometabolismo no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. 

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