A dipirona, também conhecida como “metamizol”, é um analgésico e antitérmico que serve para tratar quadros agudos de dor, espasmo muscular e febre. Por isso, pode ser indicada para minimizar desconfortos do dia a dia, cólicas e até incômodos pós-operatórios.
Como usar a dipirona
No Brasil, a dipirona é comercializada de forma livre, o que significa que não exige a apresentação de uma prescrição médica. Ela pode ser encontrada como suspensão oral, comprimido, xarope, supositório e injeção.
Vale lembrar, no entanto, que é sempre recomendado buscar aconselhamento médico antes de usar qualquer fármaco.
O profissional saberá apontar a medicação mais indicada para lidar com cada situação, bem como instruir sobre seu uso: dosagem, frequência, quando tomar, etc.
Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais mais comuns da dipirona incluem:
- Dor no peito e arritmia;
- Náusea e dor de estômago;
- Tontura;
- Problemas renais;
- Falta de ar;
- Irritação na pele;
- Alterações Hematológicas.
Embora sejam raros, ainda é possível que o indivíduo apresente alguns sintomas mais graves, como o desenvolvimento de anafilaxia, distúrbios no sangue e irritação severa na pele e nas mucosas. Nesses casos, deve-se interromper o uso do remédio e buscar um serviço de emergência imediatamente.
Entre os anos 1960 e 1970, estudos sugeriram que a dipirona seria causadora de uma condição conhecida como “agranulocitose”, um distúrbio sanguíneo grave. Isso fez com que muitos países, como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Canadá e alguns membros da União Europeia, proibissem sua utilização.
No Brasil, o remédio nunca teve sua circulação interrompida. Em 2001, um painel chegou a ser organizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para discutir a relação entre seus riscos e benefícios.
Na ocasião, a Anvisa concluiu que a eficácia da dipirona como analgésico e antitérmico é “inquestionável”, assim como há consenso de que seus riscos são baixos, em níveis similares aos de outros analgésicos. Dessa forma, “a mudança de regulamentação [impedir a venda do remédio] incorreria em aspectos negativos para a população, aumentando os riscos de utilização de outros fármacos indicados para a mesma finalidade terapêutica”, diz o relatório elaborado pelo órgão.
Em 2024, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) conduziu uma nova revisão do produto e chegou às mesmas considerações finais: os benefícios do metamizol se sobrepõem aos seus possíveis efeitos colaterais.
Mesmo assim, algumas regiões seguem barrando a entrada dessa medicação. Por isso, fique atento aos itens do seu kit de primeiros socorros quando viajar para destinos internacionais!
Contraindicações
A utilização da dipirona é contraindicada a pacientes com histórico de:
- Alergia à dipirona ou um dos outros componentes do remédio;
- Problemas na medula óssea;
- Doenças do sistema hematopoiético;
- Reações de broncoespasmos a analgésico;
- Porfiria hepática aguda intermitente;
- Deficiência congênita da glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD).
Como a dipirona pode interagir com outros medicamentos, é importante informar seu médico. Principalmente se você faz uso de bupropiona, efavirenz, metadona, valproato, tacrolimo e sertralina.
Na gestação, o analgésico deve ser evitado durante o primeiro e o terceiro trimestres; no segundo, ele só deve ser usado após cuidadosa avaliação do potencial risco-benefício por um médico. Lactantes também precisam manter-se atentas, pois é contraindicado amamentar durante seu uso, bem como por até 48 horas após o fim do tratamento.
Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes (CRM-SP 203006 / RQE 91325), médico do Pronto Atendimento e Corpo Clínico, especialista em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein.