O que é uso racional de medicamentos? Entenda mais sobre o assunto

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Revisão Técnica: Mauro Dirlando Conte de Oliveira, médico nefrologista e intensivista do Hospital Israelita Albert Einstein

Ao primeiro sinal de dor e de que algo não está funcionando corretamente no seu corpo, o que você faz? Procura um médico ou toma um remédio por conta própria? Mesmo que essa prática seja condenada pelos órgãos de medicina, muita gente ainda se automedica, o que pode gerar uma série de danos para o seu organismo. Fazer o uso racional de medicamentos é imprescindível para evitar esses problemas.

Na tentativa de solucionar um incômodo, a automedicação pode causar desde a intoxicação medicamentosa até a piora dos sintomas manifestados. Sem a prescrição médica, você acaba ingerindo remédios para a finalidade errada e na quantidade inadequada, o que resulta em uma combinação bastante perigosa.

Quer entender mais sobre o uso racional de medicamentos? Neste post, nós explicamos melhor sobre o assunto. Confira!

Por que existe o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos?

De acordo com uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF), de 2019, 77% dos brasileiros costumam se automedicar. Inclusive, 25% das pessoas entrevistadas disseram que se automedicam, no mínimo, uma vez por semana.

Outra pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma) mostra que aproximadamente 20 mil pessoas morrem anualmente no Brasil em decorrência da automedicação. Com o intuito de aumentar a conscientização da população sobre a importância de evitar a prática, foi criado o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, em 05 de maio.

A data é focada em ações que alertam sobre os riscos de utilizar medicamentos sem prescrição médica, já que essa prática causa intoxicação, problemas renais e, nos casos mais graves, pode até levar a pessoa à morte.

A maioria das pessoas que optam por tomar um medicamento, mesmo que essa substância não tenha sido indicada por um especialista, faz isso por falta de conhecimento sobre as consequências dessa prática. Por isso, a ideia do Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos é promover a educação dos brasileiros quanto aos danos do consumo inadequado de remédios.

Quais os perigos da automedicação?

Inicialmente, tomar um medicamento por conta própria pode parecer uma atitude inocente. Mas, na verdade, esse hábito pode causar diversos danos ao organismo humano, principalmente, quando se repete com frequência. Veja, a seguir, quais são as principais consequências da automedicação.

Alergias

A ingestão de remédios sobre os quais você não conhece a composição pode causar alergias instantâneas ao seu organismo. Isso ocorre quando o sistema imunológico da pessoa reage de forma anormal a substâncias externas, provocando coceira, vermelhidão da pele, inchaço e, até mesmo, o fechamento da glote, o que pode levar à asfixia.

Intoxicação

De modo direto, a intoxicação se dá quando o indivíduo utiliza uma superdosagem de medicamento, deixando o seu organismo sujeito à ação de elementos químicos nocivos. A intoxicação pode ser tão grave ao ponto de causar o óbito do paciente, sendo que alguns dos medicamentos mais relacionados a esse problema são analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios.

Interação medicamentosa

Para quem já toma medicamentos prescritos pelo médico, a automedicação é um risco ainda maior. Isso porque a ingestão de remédio desconhecido pelo seu organismo pode fazer com que essa substância entre com contato com o outro medicamento, causando a interação medicamentosa.

Esse contato pode reduzir ou potencializar o efeito de outros fármacos, dificultando a eficiência do tratamento do paciente.

Dependência

Muitas vezes, a automedicação pode se tornar um gatilho para o desenvolvimento da dependência de medicamentos. Isso faz com que as pessoas tomem remédios, mesmo que não sejam necessários — situação que leva ao abuso de substâncias, que por sua vez pode desencadear problemas renais, insuficiência hepática aguda, arritmias e parada respiratória.

Resistência de microrganismo

O uso de remédios sem que, de fato, haja uma necessidade, colabora para que os microrganismos do nosso corpo comecem a lutar contra as substâncias estranhas que tentam entrar no organismo. Dessa forma, eles se tornam resistentes à ação desses antibióticos e, se em algum momento, for necessário tomar esse tipo de medicamento, os seus efeitos serão ineficazes. 

Como fazer o uso racional de medicamentos?

É importante ter em mente que o uso racional de medicamentos consiste em ingerir remédios que são adequados para o seu quadro clínico, na dose apropriada, pelo período necessário, pelo menor custo para você e para a comunidade ao seu redor. Saiba, abaixo, quais são os pontos de atenção quanto ao consumo de remédios.

Obtenha a indicação médica

Antes de tudo, ao sentir alguma dor ou outro tipo de incômodo, é fundamental se consultar com um médico, que após fazer o diagnóstico, poderá indicar o medicamento apropriado, na dose certa, pelo período ideal para o seu caso. Dessa forma, você não corre o risco de utilizar remédios ineficazes para os sintomas apresentados ou que possam causar impactos negativos para o seu organismo.

Consuma a medicação na dose recomendada

A dose de medicamento é recomendada de acordo com as especificidades da condição clínica do paciente. Isso significa que ingerir o remédio em uma quantidade menor pode ser ineficaz, enquanto em uma dose maior, pode causar danos para a sua saúde. Portanto, é fundamental respeitar a dose indicada para que o tratamento seja bem-sucedido.

Tome o medicamento pelo tempo indicado

O tempo de uso da medicação pode ser determinante para que a doença seja curada ou para o desenvolvimento de novos problemas. Com base nisso, é preciso respeitar o período pelo qual você deve tomar o medicamento, evitando interromper o uso antes do prazo ou prosseguir tomando, mesmo depois do tempo determinado pelo profissional da saúde.

Tenha cuidado na hora de armazenar os remédios

Ao armazenar o medicamento em local inadequado, a sua eficiência pode ser comprometida. Assim sendo, é indicado perguntar ao farmacêutico sobre qual é a forma correta de armazenar o remédio adquirido. Geralmente, a maioria das substâncias deve ser protegida da umidade, do excesso de calor e de luz.

Descarte os medicamentos corretamente

Quando concluem o tratamento e os medicamentos sobram, muitas pessoas descartam o resto da substância no lixo comum, na pia da cozinha ou no vaso sanitário. Contudo, essa iniciativa é incorreta, uma vez que pode causar danos para outras pessoas e para o meio ambiente.

O descarte do remédio no lixo comum pode provocar a intoxicação dos profissionais que realizam o trabalho de coleta seletiva. Se descartado na rede de esgoto, o medicamento pode contaminar tanto a água quanto o solo da cidade.

Para que isso não aconteça, procure fazer o descarte dessas substâncias em postos de coleta de medicamentos, que estão localizados em farmácias, hospitais e unidades de saúde.

Embora, à primeira vista, pareça uma solução rápida para controlar uma dor, a automedicação traz grandes riscos para a sua saúde, podendo causar sequelas graves e levar à morte. A partir do uso racional de medicamentos, considerando sempre a orientação do seu médico, você controla doenças e preserva a sua qualidade de vida.

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