Por Dr. Rafael Herrera Ornelas, médico de família do Hospital Israelita Albert Einstein/ CRM SP 147 536
O último levantamento feito pelo IBGE, em 2018, revelou que a expectativa de vida do brasileiro aumentou nos últimos anos, sendo de 72,8 anos para os homens e de 79,9 para as mulheres. E esse aumento está diretamente relacionado à medicina preventiva, que evita o desenvolvimento de doenças — fator imprescindível para garantir a longevidade dos pacientes.
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Muitas pessoas deixam para buscar ajuda médica apenas quando já estão sofrendo com doenças que poderiam ter sido evitadas, como hipertensão, obesidade e diabetes. Além dos seus próprios males, essas enfermidades também acabam fortalecendo a ação da COVID-19.
Por isso, é fundamental investir no acompanhamento e na prevenção da saúde desde os primeiros anos de vida, o que permite a identificação e o tratamento de possíveis riscos. No post de hoje, vamos mostrar como a medicina preventiva pode cuidar de você e de sua família. Confira!
Afinal, o que significa medicina preventiva?
Criado no século XX, o conceito de medicina preventiva surgiu com o intuito de mudar a prática médica, que antes disso era focada somente no tratamento de patologias. A especialidade tem como objetivo principal evitar o desenvolvimento de doenças, bem como reduzir os impactos de eventuais problemas na saúde dos pacientes e oferecer uma melhor qualidade de vida para aqueles que estão realizando algum tipo de recurso terapêutico.
Essa área médica reúne um conjunto de técnicas e estratégias de prevenção que resultam em intervenções precoces no curso de possíveis doenças. Os médicos agem de forma proativa, trabalhando no tempo presente para eliminar riscos que apontam o surgimento ou até mesmo o agravamento de uma determinada enfermidade no futuro.
Na prática, a medicina preventiva estabelece cuidados diários que ajudam na promoção do bem-estar, como a realização de exames periódicos, adoção de uma dieta balanceada e saudável e a prática regular de exercícios físicos.
Juntos, eles diminuem as chances de um indivíduo desenvolver doenças que ao longo do tempo podem se agravar, como é o caso da hipertensão e da diabetes, que quando negligenciadas podem causar derrames e cegueira, respectivamente.
As vacinas também fazem parte dessa categoria, uma vez que são aplicadas com a finalidade de impedir que certos tipos de vírus ou bactérias, ao entrarem em contato com o organismo humano, provoquem consequências mais sérias, como hepatite A, influenza, tétano, tuberculose e até COVID-19.
Quais são os seus níveis?
Para que seja bem-sucedida em sua execução, a medicina preventiva foi dividida em quatro etapas, e cada uma apresenta diagnósticos e formas de intervenção condizentes com as características que o paciente apresenta. Veja a seguir como essas etapas funcionam.
Primária
Trata-se do primeiro contato que o paciente tem com a medicina preventiva. Na atenção primária, o foco principal é evitar a doença por meio da recomendação da não exposição do paciente aos fatores de riscos. Um exemplo disso é o uso de protetor solar para evitar o câncer de pele.
Secundária
Por sua vez, a prevenção secundária é quando se faz o diagnóstico da doença, em que o objetivo principal é agir imediatamente para conter o seu avanço. Com isso, mesmo que o paciente seja diagnosticado com uma condição, é possível impedir que ela evolua para quadros mais graves.
Terciária
Basicamente, o nível terciário se concentra na redução dos sintomas da doença para que as suas funções não sejam comprometidas. Nessa situação, podemos citar as pessoas diabéticas, que precisam adotar dietas apropriadas e tomar medicação específica para controlar a patologia.
Quaternária
A aplicação da etapa quaternária visa identificar o paciente com risco de excesso de medicação ou intervenção desnecessária, como cirurgias. Para tanto, são propostas opções menos invasivas, de modo a evitar potenciais danos à saúde do indivíduo que possam ser mais graves que a própria doença.
Como é feito o rastreamento preventivo?
Em primeiro lugar, é necessário deixar claro o que é rastreamento preventivo. Se uma pessoa apresenta sintomas e o médico indica um teste diagnóstico, isso não se caracteriza como um rastreamento. Isso porque, a técnica é aplicada em pessoas sadias, a fim de identificar características ou riscos de desenvolvimento de uma doença.
O rastreamento pode ser feito a partir de diferentes métodos e tipos de exames, desde o uso de questionários até aparelhos portáteis para acompanhar os marcadores sanguíneos, como o colesterol e a glicose. E cada fase da vida requer cuidados específicos, que devem ser mantidos da infância até a terceira idade.
Em se tratando de crianças, o rastreamento preventivo começa desde a formação do feto, que pode apontar doenças congênitas — entre os métodos principais estão as ultrassonografias obstétrica e morfológica. Caso surja a suspeita de alguma patologia, o médico pode solicitar a realização de exames específicos.
Ao nascer, o bebê também passa por avaliações que podem apontar tendências a doenças, como teste do pezinho e exames de audição. Até os 6 meses de vida, os pais devem levar os seus filhos mensalmente ao pediatra, dos 6 aos 12 meses deve-se fazer consultas bimestrais.
Do primeiro ao segundo ano, recomenda-se que isso aconteça a cada três meses, dos 2 aos 5 anos passa a ser semestral e após este período torna-se anual.
Na vida adulta, é indicado que homens e mulheres façam um check up anual, principalmente depois dos 35 anos. Os principais exames prescritos são:
- teste ergométrico – mostra como o sistema cardiovascular reage ao esforço e pode ajudar a prevenir doenças na artéria coronariana, hipertensão arterial e arritmias;
- papanicolau – coleta células do colo do útero e pode identificar a presença de doenças sexualmente transmissíveis e ajudar a prevenir o câncer nessa parte do corpo;
- colesterol – mede os níveis de HDL (colesterol bom) e LDL (colesterol ruim) e pode ajudar a prevenir doenças cardiovasculares;
- hemograma – coleta uma amostra de sangue para analisar as células hemácias, plaquetas e leucócitos, pode prevenir anemia, leucemia, distúrbios da tireoide, doenças renais, entre outras;
- glicemia – aponta os níveis de glicose no sangue e pode ajudar a prevenir a diabetes;
- mamografia – captura imagens dos seios e pode ajudar a prevenir o câncer de mama;
- exame da próstata – é um toque retal que avalia alterações nessa área e pode ajudar a prevenir o câncer de próstata.
Quais os benefícios da medicina preventiva?
A implementação da medicina preventiva tem sido cada vez mais frequente nas instituições e sociedade como um todo, ocorrendo por meio de ações que asseguram o bem-estar do paciente, o que se deve aos diversos benefícios que ela oferece. Veja a seguir quais são eles.
Pacientes
Ao fazer consultas e exames periódicos e adotar hábitos saudáveis, o paciente evita o aparecimento de doenças e tem mais facilidade para controlá-las. Isso sem ter a necessidade de fazer uso de medicamentos ou procedimentos invasivos, o que contribui para prolongar a sua vida.
Empresas
A adoção de ações que estimulam a prevenção de enfermidades também é altamente benéfica para as empresas, pois reduz o número de faltas de colaboradores que precisam se afastar das suas atividades apresentando atestados médicos. Ela também melhora o clima organizacional, mostrando ao público interno que a empresa se preocupa com cada pessoa — iniciativa que ajuda a atrair e reter os melhores talentos do mercado de trabalho.
Governo
De acordo com uma pesquisa do Conselho Federal de Medicina, o Brasil gasta em média R$ 3,83 por dia com a saúde de cada habitante. Só no ano de 2019 foram gastos R$ 1.398,53 por pessoa no país. Nesse sentido, a prevenção contra doenças traz incontáveis benefícios para o governo, que refletem principalmente na saúde pública.
O aumento na qualidade de vida dos cidadãos reduz os custos com atendimentos de emergência, tratamento de doenças e superlotação em hospitais, permitindo que os médicos consigam dar mais atenção aos casos de maior gravidade.
Conclusão
Como você viu, a medicina preventiva ocupa um papel crucial na sociedade, já que o monitoramento regular da sua saúde e a prática de hábitos saudáveis diminuem significativamente as chances de o paciente sofrer com doenças e suas complicações.
Em tempos de pandemia, é fundamental destacar a importância de ações de higiene pessoal, como a limpeza e desinfecção frequente das mãos, uso de álcool em gel e máscara, além do distanciamento social, que evita a proliferação da COVID-19 e demais problemas.
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