Quais são os tipos de tratamentos para câncer de mama?

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Tudo o que você precisa saber sobre o câncer de mama e seus principais tratamentos.

Por Dra. Heloisa Veasey Rodrigues, médica oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein / CRM SP 115 532

Os tratamentos para o câncer de mama, assim como todos relacionados à doença, estão avançando nos últimos anos, especialmente por conta da tecnologia, os esforços da comunidade médica e ao acesso à informação por parte da população.

Entre esses recursos tecnológicos, merecem destaque aqueles que auxiliam no diagnóstico precoce, fundamental para a cura (como exames de imagem), as medicações cada vez mais eficazes e com menos efeitos colaterais e, até mesmo, técnicas que permitem cirurgias mais precisas e menos invasivas na retirada de tumores.

Quer saber mais sobre o câncer de mama e as atuais formas de tratamento? Basta continuar a leitura!

O que é câncer de mama?

Depois do câncer de pele não melanoma, o câncer de mama é o tipo da doença mais frequente não só nas mulheres brasileiras, mas de todo o mundo. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer — o INCA — surgem 29% de casos novos todos os anos em nosso país.

Mas, afinal, o que é o câncer de mama? Assim como todo câncer, trata-se de um crescimento descontrolado de células irregulares, que têm um alto potencial de proliferação, invasão e disseminação.

Segundo a Dra. Heloisa Rodrigues, a doença se origina nas mamas, principalmente, em duas estruturas do tecido mamário: os ductos (que são os mais acometidos) e os lóbulos (a glândula mamária propriamente dita).

Quais são os estágios da doença?

O câncer de mama pode ser classificado em alguns estágios, que são considerados iniciais ou mais avançados conforme o nível de acometimento das estruturas teciduais e orgânicas. São eles: estágios I, II, III e IV, sendo que:

  • estágio I e II: reflete o câncer que está confinado ao tecido mamário, principalmente, com mínimo envolvimento dos linfonodos regionais, ou seja, axilares;
  • estágio III: refere-se à doença localmente avançada, que reflete envolvimento tanto da glândula quanto dos linfonodos de forma mais exuberante. Há tumores maiores e um maior número de linfonodos envolvidos;
  • estágio IV: trata-se da doença metastática, ou seja, que envolve um ou mais de órgãos ou estruturas à distância como osso, pulmões, linfonodos não regionais, fígado etc.

Como o câncer de mama é classificado?

Existem pelo menos três subtipos clínicos de tumores de mama que são relevantes de acordo com a expressão de receptores hormonais e proteínas na membrana da célula tumoral. São eles:

  • tumores luminais: receptor de estrógeno e/ou progesterona positivo na ausência da superexpressão de HER2;
  • tumores HER2 positivo: superexpressão de HER2 na presença ou ausência de expressão dos receptores hormonais;
  • tumores Triplo negativos: não expressam os receptores hormonais ou HER2.

A importância do diagnóstico precoce

São termos complexos, não é mesmo? Por isso, é fundamental manter-se atento aos sinais emitidos pelo corpo e conversar com um médico, caso haja qualquer suspeita.

Entre os sintomas mais comuns, podemos citar:

  • nódulos mamários, alteração do mamilo, secreção mamilar anormal e retração de pele, chamados de alterações clínicas;
  • achados em mamografias de rastreamento, chamados de alterações radiológicas.

Após esses primeiros indícios, é realizada uma biopsia, e, apenas a partir do estudo dessa amostra, é que o diagnóstico pode ser confirmado.

Como é feito o tratamento conforme o estágio da doença?

Todo o processo de tratamento (também chamado de planejamento terapêutico) vai depender tanto da avaliação da condição do paciente quanto do estágio e do subtipo específico do tumor. Entre os procedimentos mais comuns para cada estágio da doença, podemos citar:

  • tumores localizados ou localmente avançados: a cirurgia da mama, a avaliação linfonodal e o tratamento sistêmico (quimioterapia e/ou hormonoterapia e/ou droga alvo), que são consideradas as três principais estratégias terapêuticas;
  • doença metastática: é utilizado um tratamento, principalmente sistêmico, sendo a cirurgia e radioterapia utilizada apenas em casos restritos.

Quais são os tratamentos durante a gravidez?

Durante a gravidez — e especialmente no 1º trimestre, e por trazer mais riscos ao feto (tanto pelo tratamento cirúrgico quanto pelo tratamento sistêmico), o tratamento é mais desafiador, mas plenamente possível. Com cuidados especiais e adaptações, a paciente pode, sim, ser tratada de maneira segura e satisfatória.

Isso quer dizer que a gravidez não deve ser motivo para que um tratamento oncológico não seja realizado, na maioria das vezes.

O que considerar sobre o autoexame?

Atualmente, a comunidade médica defende que mais importante do que realizar o autoexame das mamas de uma forma ou de outra, em um período específico (ou não) do período menstrual, é que cada mulher conheça o seu corpo e as características dos seus seios.

Isso porque, apenas dessa forma, é possível perceber que existem alterações cíclicas e passageiras, variáveis de acordo com o ciclo menstrual: há mulheres, por exemplo, que sentem mais dor ou percebem “caroços ou placas” nas mamas durante um período do mês e que desaparecem após alguns dias, o que é absolutamente normal.

Além dessas alterações da textura da mama durante o ciclo menstrual, também existem os nódulos benignos (chamados de fibroadenoma) que são bastante comuns e podem ser erroneamente interpretados como suspeitos.

Por esses motivos, é essencial conhecer as suas mamas, analisá-las constantemente e, caso seja notada uma alteração não habitual, procurar um médico para realizar uma avaliação mais profunda.

Os principais sintomas

Claramente, existem alguns sinais que servem de alerta para que a mulher procure orientação médica, como:

  • nódulos palpáveis;
  • retração de mamilo ou pele;
  • dor;
  • vermelhidão e edema da mama;
  • saída de secreção do mamilo.

Existe um grupo de risco para a doença?

Apesar de que todas as mulheres devem ficar atentas às alterações suspeitas nas mamas, existem, sim, aquelas com mais predisposição a apresentar o câncer. São elas as pacientes com biópsias prévias de hiperplasia atípica, histórico familiar positivo de câncer de mama em idade jovem (ou mais de um familiar acometido) e radioterapia torácica prévia.

Como você pôde perceber, os tratamentos para câncer de mama são muitos e variam de acordo com vários fatores, desde o subtipo até o estágio em que se encontra a doença. Apenas um médico especializado pode definir esses procedimentos junto ao paciente. O que vale ressaltar é que a medicina tem avançado em passos largos e que o câncer de mama, hoje, não é mais visto como uma sentença. É possível realizar o tratamento e ter qualidade de vida normal por muitos e muitos anos.

Gostou deste conteúdo e quer saber mais sobre o diagnóstico inicial do câncer de mama? Veja, neste breve vídeo, tudo o que você precisa conhecer sobre o assunto.

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