O papel da educação e da saúde na inclusão de crianças neurodivergentes

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Acolher a neurodiversidade desde a infância não deve ser visto como um ato de “bondade”, mas, sim, como um verdadeiro compromisso com o desenvolvimento humano. Não é à toa que o termo “inclusão” tem ganhado destaque nos debates sobre educação e saúde. 

Mas ainda existe um abismo entre o discurso e a prática. Daí a importância do trabalho conjunto entre escolas,governo e famílias.  

Podcast “O que te trouxe aqui?” | Temporada 2, Episódio 13

O papel das escolas

A escola é onde as crianças passam a maior parte de seu tempo. Portanto, é um agente fundamental na missão de construir uma sociedade inclusiva. No entanto, não é incomum ouvir relatos de pais e responsáveis de crianças com qualquer tipo de deficiência que se frustraram com as instituições de ensino onde matricularam seus filhos. 

As falhas vão desde a dificuldade para adaptar conteúdos, aulas e avaliações didáticas até problemas para combate o bullying e a discriminação. Para além de comprometer o desenvolvimento dos jovens, esse tipo de situação fere seus direitos. Vale lembrar que o Brasil possui uma série de leis voltadas à inclusão, sendo o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015) a mais conhecida.

Uma escola verdadeiramente inclusiva é aquela que considera a individualidade de cada aluno, adaptando suas metodologias de forma personalizada. Não se trata, por exemplo, de lidar com todos da mesma forma, mas entender que cada um tem uma demanda específica e criar meios para que possam aprender do melhor jeito possível.

Educação aliada à saúde

A inclusão de crianças neurodivergentes não é responsabilidade apenas da escola. As organizações de saúde têm papel crucial desde o momento do diagnóstico até a construção de estratégias terapêuticas. 

O processo de psicoeducação — ou seja, ensinar à criança e à família sobre sua condição atípica — é importante. E mais do que tratar as dificuldades a serem encaradas, deve-se reconhecer o potencial individual, superando o estigma do diagnóstico.

No Sistema Único de Saúde (SUS), ainda há desafios na oferta de terapias especializadas. Entre os recursos disponíveis a pais e cuidadores estão os centros de atendimento psicossocial (CAPS), universidades e instituições com atendimento gratuito ou de baixo custo.

Apoio emocional familiar

A jornada da inclusão também exige suporte às famílias. Muitas vezes, os cuidadores abrem mão da carreira e da própria saúde para dar conta das demandas da criança. Só que quem cuida também precisa ser cuidado. Pais e responsáveis devem prestar atenção ao próprio bem-estar físico e psicológico.  

A linha tênue entre proteger e superproteger também é um tema sensível. A superproteção pode resultar em infantilização e falta de autonomia na vida adulta. Por isso, é fundamental fortalecer a criança em suas habilidades e permitir que ela tente, erre, aprenda e se desenvolva como qualquer outra.

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