Peste também é doença que vem do rato; entenda!

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Conhecida como febre do rato, doença do rato, peste bubônica, peste negra ou praga, essa doença infecciosa causada pela bactéria Yersinia pestis foi o motivo de uma epidemia que pode ter matado até 200 milhões de pessoas na Europa e na Ásia no fim da Idade Média.  

Outros surtos foram registrados nos séculos seguintes, e chegou ao Brasil em 1899, na cidade de Santos, litoral sul de São Paulo.  

Peste negra: qual a origem da doença no Brasil? 

No ano de 1901, o Instituto Butantan desenvolveu o soro antipestoso, que era considerado pelo Instituto Pasteur de Paris a grande arma para vencer a peste bubônica. 

A doença já estava se espalhando pelo país quando, em 1902, o mesmo instituto começou a produzir uma vacina anti-pestosa, seguindo a técnica criada pelo italiano Camillo Terni, do Instituto de Messina, a partir da vacina desenvolvida pelo médico russo Waldemar Haffkines.  

Mesmo tendo sido erradicada, até hoje ainda existem regiões consideradas focos da peste. No Brasil, o Ministério da Saúde aponta as regiões do Vale do Rio Doce e Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e algumas regiões no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia e Alagoas.  

O último caso de peste em humanos no Brasil ocorreu em 2005, na cidade de Pedra Branca, no Ceará.   

Transmissão

A peste bubônica é a mais comum entre as formas clínicas da peste. A doença aguda infecciosa costuma ser transmitida pela picada da pulga de ratos infectados ou pelo próprio roedor.   

Bem menos comum, há ainda a peste septicêmica e pneumônica, na qual a pessoa se contamina por meio de gotículas da tosse do doente, que está com bactérias no trato respiratório.  

Sintomas 

Os sintomas da peste surgem de dois a oito dias após a contaminação. Os principais são:  

  • Febre alta (acima de 38 graus);  
  • Manchas escuras na pele;  
  • Calafrios;  
  • Dor de cabeça;  
  • Perda de apetite;  
  • Náuseas e vômitos;  
  • Confusão mental;  
  • Olhos avermelhados;  
  • Dores generalizadas;  
  • Pressão arterial baixa;  
  • Inchaço em gânglios de regiões como axilas e virilhas;  
  • Sensação de falta de ar;  
  • Mal-estar;  
  • Manchas roxas nos dedos das mãos e nos pés;  
  • Tosse constante, às vezes com sangue. 

Tratamento

Para diagnóstico, é preciso colher amostras de secreções para análise e/ou fazer exames de sangue, a fim de verificar a presença da bactéria Yersinia pestis.  

Uma vez confirmada a doença, o paciente precisará fazer o tratamento à base de antibióticos em ambiente hospitalar e permanecer durante todo o período em isolamento.  

A doença não tratada evolui para uma forma mais grave. A bactéria percorre a corrente sanguínea e provoca hemorragia interna e na pele, e gangrena nas extremidades. Pode levar ainda ao choque circulatório e falência de múltiplos órgãos.  

A hemorragia na pele causa manchas negras ou roxas por todo o corpo, condição que deu origem ao termo “peste negra” durante a epidemia.  

Como evitar

Como forma preventiva, é fundamental não acumular lixo, papelão e outros materiais que possam servir de ninhos para ratos.  

Não se deve entrar em contato com esses animais, nem mesmo quando já estão mortos (idealmente utilizar luvas se necessário retirar de algum local, por exemplo). É aconselhável também o uso de antipulgas em animais domésticos que tenham contato ou vivem nas ruas.  


Revisão técnica: Erica M. Zeni: Médica da Unidade Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein, graduação e residência em Clínica Médica Universidade Estadual de Campinas, residência Medicina Interna pela Universidade de São Paulo, pós-graduação Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica Medicina Paliativa, Buenos Aires, Argentina.    

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