O câncer de mama é um dos tipos de câncer que mais matam mulheres todos os anos. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) projeta quase 74 mil novos casos da doença por ano entre 2023 e 2025. Só em 2022, segundo o Ministério da Saúde, a rede pública registrou 60.866 casos da doença em mulheres – 11% delas com menos de 40 anos de idade.
A mamografia é o principal exame de rastreio. Por meio dela, é possível identificar microcalcificações precocemente e, quanto mais cedo o câncer for descoberto, maiores são as chances de cura.
O Ministério da Saúde recomenda que a mamografia ocorra a cada dois anos, em mulheres de 50 a 69 anos. Mas a Sociedade Brasileira de Mastologia, o Colégio Brasileiro de Radiologia e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) seguem o protocolo da Sociedade Americana de Câncer e orientam o exame anual a partir dos 40 anos.
Diante de dúvidas e mitos que podem surgir sobre o tema, veja algumas das principais perguntas sobre o procedimento.
1. Por ser um exame com radiação, a mamografia pode causar câncer de mama?
A mamografia utiliza raios X de baixa energia para formar a imagem da mama e é a forma mais eficaz para o rastreamento e diagnóstico precoce desse câncer. A radiação ionizante está presente em vários outros exames de imagem, como raio-X e tomografia computadorizada. Além disso, também está em fontes naturais, como raios cósmicos, que fazem com que as pessoas estejam expostas continuamente no meio ambiente e em viagens aéreas, por exemplo.
A exposição à radiação de fato tem o potencial de causar lesões malignas. Ainda assim, a dose de radiação emitida nos exames de mamografia é muito pequena e teria baixíssimo impacto como possível causa de câncer de mama, frente ao grande benefício que esse exame traz.
2. Mamografia causa inflamação crônica nas mamas?
Não. A compressão causada pela mamografia causa um desconforto momentâneo, de poucos segundos. Apesar de pouco comum, pacientes que fazem o exame quando as mamas estão mais sensíveis, como no período pré-menstrual, podem ficar com um incômodo por um pouco mais de tempo.
3. Fazer mamografia dói?
A mamografia é um exame muito rápido, mas pode ser momentaneamente desconfortável para algumas mulheres, porque a tolerância à dor é algo muito individual. O equipamento é rígido e seu contato com a parte óssea da paciente, além da compressão causada nas mamas, pode causar dor e desconforto durante os poucos segundos em que a mama fica comprimida para a captação das imagens. Pessoas com mamas mais sensíveis podem sentir um desconforto um pouco maior.
Mas há formas de minimizar esse incômodo. Entre elas, evitar fazer o exame durante os períodos do ciclo menstrual, em que as mamas estão mais doloridas, e falar com seu médico sobre a possibilidade de tomar algum analgésico antes do exame.
4. Prótese de silicone atrapalha a mamografia?
As próteses de silicone têm uma densidade que impede a visualização de lesões localizadas atrás delas. Portanto, em mulheres que usam próteses mamárias, além das duas imagens convencionais realizadas em cada mama, são realizadas mais duas com uma manobra de deslocamento da prótese para melhor visualização.
Ainda assim, pequenas porções mais periféricas dos seios podem não ser adequadamente contempladas em alguns casos, interferindo na qualidade da imagem. Apesar disso, a mamografia deve ser realizada anualmente por essas mulheres.
5. A mamografia pode romper as próteses de silicone?
Não. O silicone que compõe os implantes mamários é extremamente flexível e o risco de ruptura é praticamente desprezível. Os benefícios do diagnóstico precoce do câncer de mama que a mamografia pode trazer superam largamente qualquer risco de rotura.
6. Mulheres que estão amamentando podem fazer mamografia?
Sim. A mamografia não causa qualquer prejuízo ou risco à amamentação. No entanto, a eficácia em detectar alguma alteração inicial quando as mamas estão estimuladas pela amamentação fica prejudicada.
Assim, mulheres que estão amamentando e não apresentam sintomas suspeitos podem adiar a mamografia para o momento em que as mamadas estiverem menos frequentes, por exemplo. Se o exame tiver que ser feito concomitante à amamentação, o ideal é que a mama seja ordenhada antes para permitir melhor visualização do tecido glandular e reduzir o desconforto.
7. Mamografia é eficiente para mulheres com mamas densas?
Em geral, mulheres mais jovens têm mamas densas. Daí porque a mamografia é recomendada após os 40 anos, quando a mama começa a ter mais gordura e o exame passa a ter melhor sensibilidade.
Aquelas com menos de 40 anos devem seguir a recomendação médica individual e podem realizar ultrassom e/ou ressonância, de acordo com indicação e história familiar. Além disso, todas as mulheres, em qualquer idade, também devem realizar o autoexame das mamas como rotina, para se conhecerem e notarem mudanças em seu corpo.
8. A mulher pode fazer mamografia se estiver menstruada?
O melhor momento para fazer os exames de mama é sempre na semana seguinte após o final da menstruação. Mas a mamografia pode, sim, ser feita no período menstrual, embora possa causar mais incômodo nessa fase do ciclo.
9. Fazer o autoexame das mamas substitui a mamografia?
Não. O autoexame é uma estratégia para que a mulher conheça suas mamas por meio do toque e da visualização, e possa perceber caso apareça qualquer alteração.
A mamografia, por sua vez, consegue captar microcalcificações, pequenas assimetrias e nódulos que podem passar despercebidos apenas com o toque.
A mamografia é o único exame que permite encontrar um câncer bem pequenininho e garantir 95% de chance de cura.
10. Mamografia causa efeitos colaterais?
Mamografia não causa efeitos colaterais e deve ser realizada anualmente por todas as mulheres a partir dos 40 anos.
Especialistas consultadas: Danielle Martin Matsumoto, mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein; Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia; Marina Sahade, oncologista e diretora científica do Instituto Oncoguia.