Uma das tarefas mais difíceis da parentalidade é encontrar um equilíbrio na forma de educar e zelar pela saúde dos filhos. Desde o momento em que eles nascem até o final da adolescência, eles mudam radicalmente e, como consequência disso, os desafios envolvidos no processo de criação também sofrem alterações constantemente.
Daí a importância do acompanhamento profissional logo cedo. Para além de tratar eventuais emergências, solicitar exames clínicos de check-up e precaver possíveis doenças ou outras condições prejudiciais, as visitas regulares ao consultório pediátrico também servem para amparar e dar suporte aos pais e responsáveis legais.
O que te trouxe aqui? Vida em família: como promover relações saudáveis na era digital?
Papel da medicina na infância e adolescência
Mais do que uma medicina focada exclusivamente na saúde física das crianças, a pediatria promove um olhar aguçado para a família como um todo. Na prática, isso significa que cabe ao médico avaliar de que forma as dinâmicas e os hábitos reforçados dentro de casa impactam no desenvolvimento social do jovem.
Vale lembrar que, pela classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), são consideradas “crianças” indivíduos com até 10 anos. A partir dessa idade, a OMS já entende o sujeito como adolescente, fase que se alonga até os 19 anos. No entanto, isso não quer dizer que seja necessário dar adeus ao consultório pediátrico e buscar um clínico geral.
Existe uma especialidade médica centrada especificamente na saúde dos adolescentes: a hebiatria. Esses profissionais mantêm um olhar global para a vida, tomando cuidado particular com as mudanças físicas e os picos hormonais, além de prestar atenção aos movimentos psicológicos de busca pela própria personalidade, ganho de autonomia e vontade de independência.
Nessas consultas, geralmente há momentos em que a presença dos responsáveis é indicada, e outros nos quais a conversa fica apenas entre o adolescente e o médico. Isso ocorre justamente para incentivar o jovem, que naturalmente passa por um período de afastamento da família, a se abrir com o profissional e compartilhar suas dores, frustrações e desejos.
Impactos da internet no desenvolvimento
Para além dos desafios tradicionalmente associados à educação de jovens e adolescentes, atualmente, os pais e responsáveis ainda precisam lidar com um cenário de mundo digital que se faz muito presente. Diversos estudos já apontaram que a exposição prolongada às telas pode afetar negativamente o desenvolvimento cognitivo e emocional da população mais nova.
É possível que o excesso de atividades superestimulantes, como assistir à televisão, jogar videogame ou “scrollar” o smartphone, cause prejuízos. Entre eles:
- Distúrbios no sono;
- Sedentarismo;
- Obesidade infantil;
- Doenças cardiovasculares;
- Dependência digital;
- Ansiedade;
- Baixa autoestima;
- Problemas de socialização;
- Dificuldade na resolução de conflitos.
Relacionamento saudável entre pais e filhos
Com todos esses desafios em vista, como é possível formar boas relações com as crianças e os adolescentes? E como fazer isso em meio a um mundo com tamanha disponibilidade de telas? Conheça, a seguir, seis dicas de como zelar pelos seus filhos, sem sufocá-los.
1. Dê o exemplo
É comum que as crianças copiem as ações e as falas das pessoas com quem elas convivem diariamente. Assim, antes de exigir que certos comportamentos ou regras sejam seguidos, dê o exemplo. Isso pode ser mais eficiente do que só falar com elas.
Não quer que a criança entre em casa com o tênis sujo? Tire o seu antes de passar pela porta. Quer evitar que ela aprenda palavrões? Deixe-os fora do seu vocabulário.
2. Crie memórias afetivas
Passear, jogar um jogo e mesmo assistir a um filme juntos cria memórias especiais, que podem permanecer vivas na mente dos pequenos por anos a fio. Os sentimentos positivos atrelados a essas situações ajudam a criar e manter as conexões familiares.
3. Construa hábitos de convivência e troca
Estimular a convivência diária é essencial para fortalecer os vínculos com os filhos e, assim, criar espaços seguros para trocas. Mesmo se as rotinas de trabalho e estudo dificultarem os encontros, tente organizar pelo menos o jantar em família. Conte sobre seu dia e pergunte à criança ou ao adolescente como foi o dele.
4. Demonstre interesse
Sobretudo durante a adolescência, quando os jovens tendem a tentar construir sua personalidade para além dos seus responsáveis, incentive-os a ter seus próprios gostos e referências. E quando seu filho compartilhar seus novos interesses, dê apoio. Julgamentos podem levá-lo a se fechar.
5. Estabeleça regras com diálogo
Regras são necessárias durante o processo de criação de uma criança, mas sua aplicação não deve ser autoritária. Quando se faz necessário criar um novo acordo, é interessante que o jovem seja apresentado com uma justificativa de por que deve seguir aquilo.
Vale lembrar que a adolescência é um período no qual naturalmente os jovens testam limites. Na prática, isso significa que, vez ou outra, algumas regras podem ser desobedecidas. Nesses casos, mais do que a punição, o diálogo deve prevalecer para entender as motivações que levaram ao desacordo.
6. Atribua tarefas domésticas
Criar uma rotina em casa ajuda crianças e adolescentes a se desprenderem dos aparelhos eletrônicos e criarem autonomia. As tarefas podem variar de acordo com a idade — guardar brinquedos, passar pano molhado sobre os móveis ou mesmo lavar louça são exemplos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), crianças de até 2 anos não devem ter nenhum contato com telas. Dos 2 aos 5 anos, o contato deve ser limitado a uma hora por dia, enquanto dos 6 aos 10 anos isso pode aumentar para até duas horas diárias.