Há várias vertentes e técnicas que ajudam a aliviar sofrimento mental, mas boa relação com terapeuta é fundamental
Não importa se você está passando por uma crise pontual (como um luto), se está lidando com algum transtorno mental ou se quer apenas se compreender melhor. Há momentos na vida em que não sabemos como enfrentar alguma situação e, nessas horas, a ajuda de um psicólogo pode fazer toda a diferença.
Ele pode funcionar como um guia para trilhar o caminho – ainda que caiba somente ao paciente percorrê-lo. Mas como escolher o melhor profissional para lhe ajudar? É com essa pergunta em mente que preparamos este post. Acompanhe e saiba mais!
Qual a função do psicólogo?
O psicólogo trabalha com três pilares muito importantes na vida de um indivíduo. O primeiro deles é o desenvolvimento pessoal. Aqui, a terapia colabora para que você tenha um maior autoconhecimento sobre os próprios objetivos, sejam eles íntimos ou profissionais.
O segundo envolve o ajustamento dos aspectos da personalidade. Ou seja, os traços que podem ser melhorados e adaptados para um impacto positivo nas relações, na conduta diante de problemas, no encaixe social e cultural etc.
O terceiro e último tem a ver com a manutenção dasaúde mental. É por isso que ele trabalha o seu bem-estar emocional e psicológico, que são indispensáveis para reduzir as chances de se ter algum transtorno, como a depressão ou o estresse crônico.
Como avaliar a identificação com o psicólogo?
O mais importante é a relação que se estabelece com o papel do psicólogo, já que é ele quem vai acompanhar essa jornada. Como em qualquer relacionamento, o que funciona para uns pode não funcionar para outros.
É aqui que entra a avaliação do tipo de abordagem terapêutica utilizada pelo profissional e, em especial, da maneira como ele conduz o tratamento. Alguns pontos que merecem atenção são:
- A empatia que o profissional demonstra com o que você relata;
- A forma como ele adapta o consultório para lhe receber;
- O comprometimento dele em honrar os dias e os horários agendados para as sessões semanais, entre outros.
Isso porque, independentemente da linha, todas as vertentes têm exatamente o mesmo objetivo: ajudar o paciente no processo de autoconhecimento e aliviar o sofrimento mental pelo qual a pessoa está passando.
“É um trabalho de ressignificação e cuidado”, diz a psicóloga Thaís Martins, do Hospital Israelita Albert Einstein. “O paciente tem que se identificar com a forma como está sendo guiado e cuidado”.
Por isso, essa “química” é a primeira pista para saber se as sessões estão funcionando e se vale a pena seguir o processo. “Essa relação é cultivada, construída a cada encontro semanal. É difícil estabelecer esse vínculo em uma só sessão”, lembra Thaís.
Ah! Vale a pena lembrar, também, que as sessões podem ser não apenas presenciais, mas também online. E, neste caso, também é imprescindível conferir todos os pontos mencionados acima.
O que considerar na escolha de um psicólogo?
Antes de qualquer coisa, pesquise no Conselho Regional de Psicologia (CRP) do seu estado se o psicólogo tem inscrição ativa no órgão. Isso é necessário para assegurar que você está sendo atendido por um profissional reconhecido e que atua conforme a legalidade.
Outro ponto importante é conferir o psicólogo tem cursos de formação para além da graduação. Ou seja, se ele se especializou em algum tipo de abordagem ou mesmo em algum campo de atuação. Por exemplo, na psicologia da saúde, na neuropsicologia ou na avaliação psicológica.
Utilize a internet ao seu favor para pesquisar também se ele se faz parte de instituições e sociedades que representam os psicólogos ao nível nacional. Por fim, mas não menos útil, busque informações sobre quais são as referências profissionais dele. Isto é, onde ele já trabalhou e há quanto tempo está no mercado.
Quando devo considerar desistir da psicoterapia?
Muita gente desiste logo de cara ou acha que não deve fazer terapia porque não gostou de uma determinada experiência. Sem saber, por exemplo, que com outro profissional ou simplesmente outra metodologia de trabalho o resultado pode ser totalmente diferente.
“É importante ver se está bem, percebendo como se sente, se isso faz sentido”. Se for o caso, parta para outro psicólogo. Para tanto, há alguns sinais de alerta aos quais você deve estar atento às sessões.
Por exemplo, o psicoterapeuta não pode de nenhuma forma impor as próprias visões de mundo sobre você. Isso inclui preconceitos, crenças, superstições e afins.
Isso fere diretamente o que é definido peloCódigo de Ética Profissional, elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). O psicólogo que vai contra as normas do código de ética está sujeito à punições e, inclusive, à cassação do exercício profissional.
Também não cabe ao psicólogo dizer o que o paciente deve fazer, tomando as decisões pela pessoa. Esse não é o papel dele. Ao contrário, ele é um intermediador e facilitador do seu processo de desenvolvimento e evolução pessoal. Ele o ajuda a ter mais autonomia e independência, além de promover bem-estar e saúde mental.
“A psicoterapia é um espaço de fala e experiência do paciente, não do terapeuta”. Além disso, não se trata de dar conselhos. É o paciente que vai chegar às suas próprias conclusões e respostas: “É um processo muito mais para dentro do que para fora, que às vezes gera mais perguntas”, explica a especialista do Einstein.
Nesse processo, não há fórmulas prontas, respostas fáceis e soluções padronizadas. Ele também depende muito da abertura da pessoa, inclusive para tocar em temas espinhosos. Dependendo do objetivo da terapia e do perfil do paciente, ela pode levar semanas, meses ou até mesmo anos.
Quais os principais tipos de abordagem na psicologia?
Ainda que para o leigo não faça muita diferença saber o que está por trás de cada abordagem terapêutica, algumas informações podem ajudar a nortear a sua escolha.
Afinal, existem diversas linhas teóricas na psicologia e cada uma delas desenvolve um tipo de acompanhamento e técnicas de tratamento particulares para os pacientes.
Portanto, seja qual for a opção do paciente, é importante se informar a respeito do assunto. Abaixo, nós mostramos algumas das vertentes mais tradicionais. Confira!
Psicanálise
Talvez seja a mais conhecida devido à fama do seu fundador, Sigmund Freud. Ela busca a origem inconsciente dos conflitos, traumas, bloqueios e sofrimentos que a pessoa vivencia no presente. O que pode causar sintomas como ansiedade ou dificuldades de relacionamento.
Há várias linhas dentro dela (os freudianos, os lacanianos, entre outros). Na mais clássica, o paciente utiliza o divã enquanto fala o que lhe vem à cabeça, seja sobre a rotina dele, seja sobre os sonhos que tem. A ideia é que ele faça associações livres e, com a ajuda do terapeuta, consiga interpretar o conteúdo do que tem vivenciado.
Terapia Cognitivo-Comportamental
O foco da Terapia Cognitivo-Comportamental — popularmente chamada apenas de TCC — é elucidar as relações entre pensamento, emoções e comportamento para entender por que a pessoa desenvolve certos padrões sociais, relacionais e de personalidade.
Trata-se de uma abordagem mais prática, com objetivos terapêuticos bem definidos. Por isso, as sessões incluem uma agenda bem estruturada, inclusive dos tópicos a tratar, e podem incluir exercícios, listas e metas para o paciente cumprir.
A proposta é ajudar a pessoa a achar as soluções ou respostas adaptativas mais adequadas para seus problemas ou transtornos mentais. Aqui, o terapeuta tem um papel mais ativo, instigando os insights (capacidade pessoal de identificação e reflexão crenças distorcidas que tem sobre si mesmo e o ambiente ao redor).
Psicodrama
O psicodrama é uma abordagem que se vale da dramatização, como é o caso da interpretação de papéis, para provocar reflexões que ajudem a pessoa a entender seus comportamentos em cada situação e a refletir sobre eles por meio de outras olhares.
Justamente por isso, há muitas atividades que envolvem a comunicação, a criatividade e a expressão corporal para explorar mudanças de atitudes e novas habilidades de solução de problemas. Ela pode ser realizada tanto em grupo quanto de forma individual. Tudo depende do tipo de terapia proposta pelo psicólogo.
Gestalt-terapia
Por último, temos a Gestalt-terapia. Ela parte da premissa que o ser humano tem a capacidade de escolha e total compreensão sobre ela. Portanto, ele pode assumir a responsabilidade pela própria história. Além disso, ela defende que o indivíduo só é alguém quando está inserido no social. Portanto, é preciso analisar essa correlação para entender a fundo quem ele é.
Trabalha com o presente — mas sem excluir as lembranças do passado — e com as perspectivas para o futuro. A partir do contexto do qual a pessoa faz parte, ajuda a identificar o significado de cada situação e a potencializar a autoconsciência.
Ficou claro o que faz um psicólogo, como ele pode lhe ajudar e o quanto a abordagem teórica influencia o trabalho que ele realiza? Então, siga as nossas dicas para analisar e encontrar o profissional certo para começar a sua terapia. Você só tem a ganhar investindo em um bom acompanhamento psicológico!
Gostou do post? Aproveite para ler sobre o que é a síndrome de burnout e como o psicólogo pode lhe ajudar na superação desse problema de saúde!