A sibutramina é um medicamento inibidor de serotonina e noradrenalina, que são neurotransmissores relacionados ao humor, ao sono e ao apetite. Ela pode ser utilizada como terapia adjuvante em um programa de gerenciamento de peso para pacientes diagnosticados com obesidade.
Mas, atualmente, ela é pouco utilizada no tratamento da obesidade devido a sua ampla gama de efeitos colaterais, especialmente relacionados ao sistema cardiovascular e ao risco aumentado de complicações.
Nos últimos anos, surgiram opções mais eficazes e seguras para o manejo do excesso de peso, como os inibidores de GLP-1 (semaglutida, tirzepatida e liraglutida), que além de promoverem uma perda significativa de peso, também oferecem benefícios metabólicos adicionais e melhor perfil de segurança. Por isso, hoje a sibutramina é considerada uma escolha limitada e raramente indicada frente às alternativas modernas disponíveis.
Formas de uso
Uma vez que age sobre o sistema nervoso central, a sibutramina é classificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com tarja preta. Isso significa que só pode ser comercializada nas farmácias mediante a entrega de uma via assinada por um médico.
A medicação está disponível como comprimido. É indicado tomá-la exatamente como prescrito em relação ao número de dias de tratamento e frequência de dose. A automedicação deve ser evitada, pois pode prejudicar a eficácia dos cuidados, bem como levar a efeitos colaterais severos, como dependência e morte.
Efeitos colaterais
É comum e esperado que a sibutramina provoque alterações no apetite que levem à perda de peso logo nas suas primeiras semanas de uso.
Outros efeitos colaterais incluem:
- Boca seca
- Dor de estômago
- Constipação
- Dor de cabeça
- Tontura
- Dor nas costas
- Episódios de ansiedade e depressão
- Dor nas articulações
- Sintomas respiratórios (coriza, dor de garganta, tosse etc.)
- Calor, vermelhidão ou sensação de formigamento na pele
- Dificuldade para dormir
- Erupção cutânea leve
Mais raramente, o produto ainda pode causar:
- Batimentos cardíacos rápidos, fortes ou irregulares
- Falta de ar
- Agitação
- Alucinação
- Febre
- Tremor
- Reflexos hiperativos
- Náusea
- Vômito
- Diarreia
- Músculos muito rígidos
- Confusão
- Pressão arterial alta
- Dor no peito que se espalha para braços ou ombros
- Dormência ou fraqueza repentina
- Problemas de visão, fala ou equilíbrio
Nesses casos, o mais indicado é procurar ajuda médica em um pronto-socorro. Se necessário, acione o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) pelo número 192.
Descontinuação em outras partes do mundo
Em 2010, tanto a Food and Drug Administration (FDA), dos EUA, quanto a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), recomendaram a não prescrição e a descontinuação do uso da sibutramina. A decisão veio após uma revisão da segurança e eficácia da substância, baseada nos dados do estudo Sibutramine Cardiovascular Outcomes (SCOUT).
Essa pesquisa apontou um aumento de 16% no risco de eventos cardiovasculares adversos graves em pacientes tratados com sibutramina em comparação àqueles que tomaram placebo.
Ao final do estudo, os indivíduos do grupo experimental perderam uma pequena quantidade de peso corporal em comparação com os do grupo placebo. Dessa forma, as agências concluíram que os riscos de eventos cardiovasculares adversos superavam quaisquer benefícios de perda de peso.
No Brasil, a pesquisa SCOUT não fez com que a Anvisa retirasse a autorização do uso do medicamento, mas a agência regulatória publicou novas diretrizes de uso da sibutramina também em 2010.
O fármaco tornou-se contraindicado a pacientes que apresentem obesidade associada a doenças cardio e cerebrovasculares, além de pessoas com diabetes mellitus tipo 2, com sobrepeso ou obesidade.
Contraindicações
A sibutramina é contraindicada a pessoas alérgicas a qualquer um de seus componentes. Devido à maior vulnerabilidade a efeitos colaterais graves, ela também deve ser evitada por quem tem histórico clínico de:
- Hipertensão grave ou não controlada (pressão alta)
- Transtorno alimentar (anorexia ou bulimia)
- Doença arterial coronariana (aterosclerose)
- Insuficiência cardíaca congestiva
- Distúrbio do ritmo cardíaco
- Ataque cardíaco ou derrame
Revisão técnica: Mariana Jancis Unelo Rigolo (CRM 198725), membro do corpo clínico e da unidade de pronto-atendimento do Einstein Hospital Israelita. Residência em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina do ABC e especialização em Geriatria pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.