Suplementação de testosterona pode colocar saúde cardiovascular de homens em risco

4 minutos para ler

Suplementação de testosterona pode trazer riscos cardíacos, até mesmo para indivíduos que necessitam de uma dose extra do hormônio. Vira e mexe ouvimos notícias sobre os perigos que as mulheres correm ao usar hormônios, especialmente os masculinos, com o objetivo de ganhar mais massa magra, perder gordura, aumentar o desempenho na prática de atividades físicas, dar um gás na energia e elevar a libido.

No entanto, é pouco conhecido que muitos homens também optam por realizar suplementação de testosterona com objetivos semelhantes: alcançar ganhos estéticos, desportivos, energéticos e sexuais. Embora essa prática possa parecer menos perigosa, devido aos níveis naturalmente mais elevados desse hormônio no organismo masculino, é importante ressaltar que a suplementação de testosterona para homens também carrega consideráveis riscos.

“Os efeitos colaterais incluem queda de cabelo, desenvolvimento de acne, surgimento de neoplasias [câncer], aumento da pressão arterial, do risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e de infarto”, conta Marcelo Franken, da cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein. E é por isso que, segundo o médico, a utilização de esteroides para fins estéticos é proibida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Quando é indicado o uso testosterona?

Existem situações em que homens realmente estão com seu nível de testosterona abaixo do indicado, o chamado hipogonadismo, que pode desencadear sintomas como redução da vitalidade, sinais de depressão e ansiedade, diminuição da força muscular e da densidade mineral óssea, baixa da libido, disfunção erétil e dificuldade de atingir o orgasmo, entre outros. Nesses casos, que devem ser confirmados através de exame de sangue, um médico pode, sim, indicar uma reposição da substância.

Entretanto, é essencial que o indivíduo faça um acompanhamento periódico com o especialista. “Mesmo os pacientes que necessitam de doses extras do hormônio por razões médicas correm mais risco de apresentar problemas cardíacos”, afirma Franken.

Acompanhamento médico ajuda a reduzir riscos

O acompanhamento médico é necessário para que esse controle seja feito por bastante tempo. “É importante que esse paciente realize exames frequentes de fatores ligados à saúde cardiovascular, da quantidade de glóbulos vermelhos e das enzimas do fígado por pelo menos seis meses, para que seja possível verificar como o seu organismo está reagindo”, diz o endocrinologista Gustavo Daher, coordenador médico do programa ambulatorial do Einstein. “E, é claro, precisamos analisar detalhadamente a quantidade indicada e até quando a pessoa precisa fazer uso da substância”.

Diagnostico aprofundado

Outra questão muito importante é que antes de prescrever testosterona ao paciente, é essencial que o médico analise o que está causando a deficiência do hormônio. “Ela pode estar sendo provocada por um problema nos testículos, na hipófise [glândula localizada no cérebro] ou até algum tumor. Apenas fazer a reposição tratará um sintoma da enfermidade e pode até mascarar o problema”, alerta Daher.

Apesar de todos esses riscos, os especialistas têm dificuldade para controlar o uso da testosterona:

“Ela oferece um aumento considerável na vitalidade e bem-estar do indivíduo, o que faz com que seja difícil convencer muitos de que não devem fazer uso dela”, conta Daher.

Por isso, o hormônio é considerado pelo FDA, a agência reguladora de medicamentos ligada ao departamento de saúde do governo dos Estados Unidos, como uma substância que deve ser usada com cautela, pois o paciente pode ter dificuldade para conseguir interromper o seu uso.

Posts relacionados