Apesar de ambos serem transmitidos pela via respiratória, por meio do contato com gotículas eliminadas ao tossir ou espirrar, as gripes e os resfriados são quadros de saúde bastante diferentes.
Vídeo: Estou com gripe ou com resfriado?
A gripe é um quadro infeccioso respiratório que tem como causa o vírus Influenza, o qual se subdivide em três grupos principais: A (que contém os tipos H1N1 e H3N2), B e C. No geral, são os dois primeiros os responsáveis pela maioria dos casos em seres humanos, e a Influenza C é mais rara.
O resfriado, por sua vez, pode ser originado por uma grande variedade de vírus respiratórios – mais de 200 tipos já são conhecidos, segundo os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos. Dentre eles, o rinovírus é o de maior incidência.
Diferenças entre os sintomas
Em comparação ao resfriado, a gripe costuma ser mais intensa. Seus sintomas incluem febre alta e de início rápido, indisposição, dor no corpo, mal-estar, calafrio, tosse, dor de garganta e perda de apetite. Eles costumam perdurar de uma a duas semanas.
Se não tratadas corretamente, as gripes podem levar a diversas complicações: é possível que o indivíduo desenvolva pneumonia, sinusite e até alguma infecção bacteriana.
Já o resfriado é caracterizado por um quadro mais restrito ao nariz e à garganta. O paciente pode apresentar coriza intensa, espirro, congestão nasal, tosse, chiado no peito e febre leve. Sua recuperação tende a ser mais rápida — em alguns casos, menos de uma semana.
Vale lembrar que a Covid-19, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, também é uma doença respiratória cujos sintomas típicos se assemelham aos de gripes e resfriados. Além de febre alta, cansaço e tosse seca, os pacientes ainda podem manifestar perda de paladar ou olfato, nariz entupido, dor nas juntas, calafrio e tontura.
Como cada um é tratado
O processo de tratamento da gripe pode envolver o uso do oseltamivir, um medicamento específico contra o vírus Influenza. Isso vale sobretudo para os casos em que os infectados são pessoas com fatores de risco como doenças crônicas (obesidade, hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença pulmonar, cardiopatia, imunodeficiência etc) e extremos de idades.
Nesse último caso, os grupos mais vulneráveis são crianças menores de 5 anos, especialmente aquelas abaixo dos 2 anos, e pessoas idosas, com mais de 65 anos .
Idealmente, os cuidados com esse antiviral devem ser iniciados dentro da janela de 72 horas entre os primeiros sintomas começaram a se manifestar e o diagnóstico. Essa recomendação tem como objetivo otimizar a eficácia do remédio e diminuir a probabilidade de complicações.
Em relação aos resfriados, não existe um tratamento específico a ser seguido. As medidas visam apenas aliviar os sintomas. Normalmente, os médicos indicam a lavagem nasal e o uso de medicamentos como anti-histamínicos e antitérmicos.
O tratamento tanto da gripe quanto do resfriado também inclui repouso, maior ingestão de água e fazer refeições leves.
Dá para prevenir?
Tanto as gripes quanto os resfriados são infecções que se aproveitam da baixa imunidade – até por isso alguns as consideram como “vilões” típicos do inverno – e se propagam pelo ar.
No caso da gripe, há uma vacina disponível, que a cada ano é atualizada com as cepas em circulação. O reforço do imunizante deve ser tomado anualmente. O Sistema Único de Saúde (SUS) organiza uma longa campanha de vacinação para os grupos prioritários, os quais incluem crianças, idosos, grávidas, PCDs, professores, trabalhadores da saúde, motoristas de transporte coletivo, entre outros.
Quanto ao resfriado, a melhor maneira de se prevenir é com boas práticas de higiene:
- Lave frequentemente as mãos com água corrente e sabão
- Utilize álcool em gel
- Evite locais aglomerados ou fechados
- Use máscara quando em contato com possíveis infectados
- Cubra a boca e o nariz com papel ao tossir ou espirrar
Também é fundamental tomar cuidados para evitar a transmissão nos primeiros sete dias do quadro e enquanto estiver com os sintomas.
Revisão técnica: Erica Maria Zeni (CRM 140.238/ RQE 75645 e 756451), clínica geral e médica paliativista do corpo clínico Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Possui graduação e residência Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e residência Medicina Interna pela Universidade de São Paulo (USP). Pós graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamerica Medicina Paliativa, Buenos Aires, Argentina.