Se para grande parte das mulheres amamentar envolve vários desafios, para outras pode parecer algo quase impossível. O apoio à amamentação é fundamental, pois com o manejo correto e uma rede de suporte, o sucesso do aleitamento se torna possível.
O leite materno possui todos os nutrientes necessários ao desenvolvimento do bebê, se adapta a cada fase da vida e ajuda a prevenir doenças infectocontagiosas, má oclusão oral e condições crônicas como obesidade infantil e diabetes, além de estar sempre pronto e na temperatura correta e ser um alimento com custo zero.
Ele também carrega os anticorpos produzidos pela mãe, o que fortalece o sistema imunológico da criança, e é rico em um tipo de gordura essencial ao desenvolvimento do sistema nervoso. Para a mulher, amamentar facilita a perda de peso e reduz o risco de diversos problemas, como hemorragia, depressão pós-parto, cânceres de mama e ovário, obesidade e diabetes.
A seguir, conheça 10 fatores que podem fazer toda a diferença na amamentação:
1. Rede de apoio
A recomendação mais básica, que vale para todas as situações, é ter a presença de alguém próximo no dia a dia. Pode ser marido, amiga, mãe, avó — é preciso um apoio familiar no cotidiano para que a lactante possa se dedicar ao bebê enquanto alguém se ocupa de lavar a louça, por exemplo, ou de coisas mais simples, como alcançar um copo de água.
2. Ajuda profissional
A amamentação envolve um aprendizado da mãe e da criança e cada detalhe importa, desde o posicionamento e a pega do bebê até ouvir a mãe e compreender seu estado emocional. Se o pequeno não mama corretamente, podem surgir lesões nos mamilos, inflamação nas mamas, baixa produção de leite, entre outros problemas que dificultam a amamentação e vão agravando o cenário, num círculo vicioso.
3. Local do parto
A amamentação tem mais chance de começar bem se o bebê nasce numa clínica ou hospital que adota práticas reconhecidas, os chamados 10 passos, que favorecem o aleitamento materno. Entre elas estão o alojamento conjunto para mãe e bebê, o estímulo à livre demanda (amamentar sem horários definidos) e que não ofereça chupeta ou mamadeira sem necessidade, explicando os riscos de causarem um desmame precoce ou até mesmo confusão de fluxo e bicos.
4. Condições de trabalho
Para as mães que trabalham fora de casa, a volta da licença-maternidade costuma ser desafiadora. A legislação prevê que a mulher tenha direito a dois descansos de meia hora para amamentar ou fazer a ordenha até a criança completar 6 meses de vida. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) também diz que estabelecimentos com pelo menos 30 trabalhadoras devem ter local adequado para as funcionárias deixarem os filhos no período da amamentação, como creche. Ainda assim, pode ser complicado continuar amamentando após o fim da licença.
5. Informação correta
A grande vilã da amamentação é a desinformação. Por isso, vale sempre procurar ajuda de profissionais capacitados e atualizados. Na internet, leia fontes confiáveis, como o Ministério da Saúde ou instituições de referência, a exemplo da Rede Global de Bancos de Leite Humano.
6. Acolhimento
As mulheres que estão amamentando precisam ter suas dúvidas e queixas ouvidas sem julgamentos. Por isso é preciso empatia e boa comunicação para entender suas angústias, medos e inseguranças. Só assim é possível dar a orientação adequada. Vale ressaltar que qualquer tempo de aleitamento já é benéfico para o bebê.
7. Consulta pré-natal com pediatra
O pré-natal é um período importante para orientar sobre o início da amamentação. Inclusive, é interessante fazer uma consulta com o pediatra antes mesmo do parto. Esse especialista passará informações básicas sobre o processo de aleitamento e poderá dar orientações específicas quando for necessário.
8. Evitar os acessórios como chupeta e mamadeira
Não se deve oferecer bicos, chupetas e mamadeiras ao bebê sem necessidade, pois eles podem levar à redução das mamadas e, portanto, à queda na produção de leite — o que está muito associado ao desmame precoce. Protetores de silicone para os seios também podem prejudicar a amamentação.
9. Amamentação na sala de parto
O contato pele a pele na primeira hora de vida (a chamada golden hour) e o estímulo à amamentação na sala de parto são recomendados, independentemente da via de parto (vaginal ou cesárea). Se o bebê nascer em boas condições e for possível, ficar com ele no colo logo após o nascimento traz inúmeros benefícios, como estimular o reflexo da mamada e a descida do leite (apojadura), acalmar e aquecer naturalmente recém-nascido e melhorar o vínculo entre mãe e filho.
10. Cuidar da saúde física e mental
É importante que a mulher entenda que está passando por uma transição hormonal, que é normal se sentir um pouco triste e que a falta de sono pode piorar o quadro. Por isso, é preciso descansar quando possível (tentar dormir quando o bebê dorme, por exemplo) e manter uma alimentação saudável, já que amamentar consome muitas calorias. Também é recomendado ter uma boa hidratação.
Fontes consultadas: Karina Rinaldo, pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein e vice-presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo; Marina Rea, fundadora da Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar – International Baby Food Action Network (IBFAN).