A bupropiona pertence ao grupo dos medicamentos antidepressivos. Como tal, ela atua especificamente sobre o sistema nervoso central, alterando a concentração de certas substâncias químicas relacionadas ao humor e à sensação de bem-estar.
No geral, o medicamento costuma ser recomendado para tratar casos de depressão maior e transtorno afetivo sazonal (TAS), caracterizado por episódios temporários de depressão que se repetem em determinada época do ano (mais comumente, no outono e inverno).
Em alguns casos, a bupropiona também pode ser indicada para auxiliar no processo de cessação do tabagismo.
Como usar a bupropiona
Devido à sua atividade no cérebro e aos possíveis efeitos colaterais graves, a bupropiona é classificada com tarja vermelha e exige retenção de receita na farmácia. A medida, prevista pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), visa manter maior controle sobre sua circulação no país.
O medicamento está disponível como comprimido de liberação imediata ou prolongada. A formulação de liberação imediata costuma ser usada duas vezes ao dia, enquanto a de liberação prolongada deve ser tomada apenas uma vez ao dia, sempre no mesmo horário.
É de extrema importância que o medicamento seja usado exatamente como prescrito pelo profissional de saúde, respeitando o tempo de tratamento e o intervalo entre as doses. A automedicação pode comprometer a eficácia do tratamento e aumentar o risco de efeitos colaterais mais graves.
Vale lembrar que pode demorar até quatro semanas ou mais para que os benefícios da bupropiona sejam percebidos. O uso deve ser contínuo e só deve ser interrompido mediante orientação médica, com diminuição gradual das doses. A suspensão abrupta pode levar a sintomas de abstinência.
Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais mais comuns incluem:
- Boca seca
- Dor de garganta
- Nariz entupido
- Zumbido
- Náusea
- Vômito
- Dor de estômago
- Perda de apetite
- Constipação
- Insônia
- Sudorese
- Agitação
- Irritação na pele
- Perda de peso
- Aumento da micção
- Dor de cabeça
- Visão turva
Mais raramente, também podem ocorrer:
- Convulsão
- Confusão mental
- Mudanças incomuns de humor ou comportamento
- Dor ou inchaço nos olhos
- Batimentos cardíacos rápidos ou irregulares
- Episódio maníaco (pensamentos acelerados, aumento de energia, comportamento imprudente, sensação de euforia ou irritabilidade, fala excessiva e insônia grave)
- Reação alérgica (urticária, coceira, febre, gânglios inchados, dificuldade para respirar e inchaço no rosto ou garganta)
- Reação cutânea grave (febre, dor de garganta, ardência nos olhos, dor na pele e erupção cutânea vermelha ou arroxeada, com bolhas e descamação)
Se isso ocorrer, o mais indicado é buscar ajuda médica em um pronto-socorro. Caso seja necessário, acione o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) pelo número 192.
Contraindicações
A bupropiona é contraindicada para pessoas alérgicas a qualquer um de seus componentes. O mesmo vale para quem já teve histórico clínico de distúrbio convulsivo (pois diminui o limiar para crises), transtorno alimentar (como anorexia e bulimia) ou interrompeu de forma abrupta o uso de álcool, medicamentos para convulsões ou sedativos.
Em razão da maior vulnerabilidade a efeitos colaterais graves, informe seu médico se você já foi diagnosticado com:
- Traumatismo craniano
- Convulsão
- Tumor no cérebro ou medula espinhal
- Glaucoma de ângulo estreito
- Doença cardíaca
- Hipertensão arterial
- Infarto do miocárdio
- Diabetes
- Doença renal ou hepática (especialmente cirrose)
Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes (CRM-SP 203006/RQE 91325), médico do pronto-atendimento e do corpo clínico, especialista em Clínica Médica do Einstein Hospital Israelita.