Ceratose actínica: quando devemos nos preocupar com as manchas na pele?

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A ceratose actínica, também chamada de queratose actínica, é um dos diagnósticos dermatológicos mais comuns no Brasil e a lesão pré-maligna mais frequente em todo o mundo.  

Inicialmente inofensiva, ela pode dar origem a um carcinoma se não for tratada. A identificação (diagnóstico) e o tratamento são processos simples e podem ser realizados no consultório médico. Explicamos a seguir como evitar que a ceratose actínica se torne um problema de saúde.  

Lesão pré-maligna

Ceratose (ou queratose) actínica é uma lesão de pele causada pelo sol. É considerada uma lesão pré-maligna, pois pode evoluir para um tipo de câncer de pele. Surge quando a camada mais superficial da pele (camada córnea) sofre uma alteração que se manifesta como hipertrofia (protuberância) com aspecto escamoso ou parecido com uma verruga.   

Por terem potencial de transformação para carcinoma, as lesões da ceratose actínica devem sempre ser tratadas.   

Segundo a publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma, que pode ser originado a partir da ceratose actínica (veja quais são os tipos principais de câncer de pele). 

Em que partes do corpo ocorre a ceratose actínica?

A ceratose actínica surge mais frequentemente em áreas expostas ao sol, como face, couro cabeludo em calvos, colo, orelhas, dorso das mãos e antebraços.   

Quem corre risco de apresentar ceratose actínica?

O risco é maior para pessoas de pele clara, olhos claros e cabelos loiros ou ruivos. As lesões são mais encontradas em pessoas idosas por causa do longo tempo de exposição ao sol, já que a radiação UV tem efeito cumulativo. A ceratose actínica também é chamada de ceratose solar ou ceratose senil.   

Qual é o tratamento para ceratose actínica? 

Existem várias possibilidades de tratamentos para a ceratose actínica. Eles são indicados pelo médico levando em conta o tamanho da lesão e sua profundidade. Todos os casos de ceratose actínica devem ser tratados.   

Há medicamentos tópicos que podem eliminar a lesão. Se necessário, os medicamentos são combinados com outros procedimentos. Os mais utilizados são crioterapia (cauterização pelo frio com o uso de nitrogênio líquido); curetagem e eletrocoagulação das lesões; cremes com 5 Fluoracil (5FU); cremes com imiquimode a 5 %; e mebutato de ingenol.   

Quando há suspeita de que seja um carcinoma espinocelular, é feita a remoção da lesão por cirurgia e encaminhamento para exame anatomopatológico. 

A ceratose actínica sempre vai se transformar em um câncer? 

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, apenas 10% das lesões do tipo ceratose actínica evoluem para o carcinoma espinocelular. No entanto, entre 40% e 60% dos carcinomas começam por causa de ceratoses não tratadas.  

Prevenção

A prevenção da ceratose actínica é feita evitando-se a radiação ultravioleta. O Ministério da Saúde recomenda as seguintes medidas:  

  • Evitar a exposição solar entre 10h e 15h;  
  • Adotar medidas de fotoproteção, como chapéus, camisetas com protetores solares. Os cuidados devem ser redobrados com bebês;  
  • Utilizar filtro solar que proteja contra radiação UVA e UVB com fator de proteção solar (FPS) 15, no mínimo, mesmo em dias nublados;  
  • Examinar a pele constantemente e observar se existem lesões anormais, que mudem de tamanho, forma ou textura. Se houver sangramento em uma lesão de pele, por menor que seja, pode ser indício de que ela esteja se tornando maligna. O médico pode avaliar e indicar o tratamento. 

Revisão técnica : João Gabriel Dias Pagliuso, Coordenador médico do Programa Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein  

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