Todo procedimento cirúrgico é delicado e envolve riscos. Ao falar no tratamento dos órgãos reprodutores femininos, como o útero, é especialmente importante ter cautela com os movimentos e a boa visualização da área — caso contrário, o cirurgião pode lesionar a região e afetar a fertilidade. Para minimizar qualquer chance de problema, surge a cirurgia robótica ginecológica.
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O procedimento cirúrgico robótico teve início ainda nos anos 90 para o tratamento primário de doenças. As primeiras operações foram para tratar obesidade, depois câncer e outros casos relacionados ao aparelho digestivo. Após um tempo, a medicina e a tecnologia se expandiram e possibilitaram que a cirurgia robótica também envolvesse a ginecologia.
Os profissionais de saúde ganham com isso pela maior eficiência no trabalho. Já os pacientes se beneficiam com um cuidado mais satisfatório, menos invasivo e de rápida recuperação.
Continue a leitura deste post e saiba mais sobre a cirurgia robótica ginecológica!
Quais casos podem ser tratados com cirurgia robótica ginecológica?
Existem diversos problemas ginecológicos com os quais uma mulher pode lidar, como cólicas e TPM (Tensão Pré Menstrual) intensas. Em alguns casos, a cirurgia é necessária, podendo ser realizada por procedimentos robóticos ginecológicos.
Confira quais situações são essas:
- miomectomia uterina — remoção de mioma (tumores benignos presentes no tecido muscular) no útero;
- histerectomia parcial e total — indicada em casos de câncer do colo do útero, quando células cancerígenas se multiplicam anormalmente na região e se espalham para outros órgãos, tornando o estágio avançado;
- endometriose — mudança no endométrio (células que revestem o útero e deveriam ser expulsas na menstruação, mas ficam no ovário ou na cavidade abdominal, onde se multiplicam e sangram);
- tratamentos para o câncer — entre eles, colo do útero, endométrio e ovário;
- cistos anexiais — nódulos localizados ao lado do útero (como nas tubas uterinas), que podem ser benignos ou se transformarem em tumores ovarianos.
Quais são os benefícios da cirurgia robótica ginecológica?
A cirurgia robótica ginecológica representa um avanço na medicina e na tecnologia por permitir o tratamento de áreas delicadas, como os órgãos reprodutores femininos. Afinal, sem a precisão nos movimentos dos instrumentos cirúrgicos, as consequências podem ser irreversíveis.
A seguir, saiba mais sobre as vantagens de contar com esse procedimento!
Mais precisão e qualidade do movimento
A cirurgia robótica tem o manuseio dos instrumentos cirúrgicos efetuados por robôs, o que oferece mais firmeza e precisão nos movimentos. É natural que essa prática seja superior ao manuseio dos equipamentos de cirurgia diretamente pelo cirurgião.
Além disso, os robôs — controlados por um profissional de saúde (como será detalhado adiante) — travam caso o médico realize uma ação impensada ou tire os olhos do equipamento. Esse é outro motivo que justifica a qualidade nos movimentos executados.
Rápida recuperação
A cirurgia robótica ginecológica é menos invasiva, por demandar menores incisões, e mais segura. Consequentemente, a recuperação do paciente tende a ser muito mais rápida.
Ou seja, conforme o seu quadro clínico, você pode retornar às atividades cotidianas com mais rapidez, tendo um menor tempo de internação.
Menos invasivo
Conforme mencionado, a cirurgia robótica ginecológica também tem o ponto positivo de ser minimamente invasiva. Uma das explicações é que o procedimento utiliza uma câmera com reprodução em 3D, que amplia as imagens em até 12 vezes.
Logo, não é necessário cortes profundos no paciente, comuns em cirurgias convencionais.
Menos chances de lesões e sangramento
Por exigir cortes menores, assim como um menor tempo de internação, a paciente tem menos riscos de desenvolver infecções hospitalares. Outras consequências evitadas com a cirurgia robótica ginecológica são o sangramento e as lesões.
Inclusive, estudos sinalizam que a cirurgia robótica ginecológica para tratar patologias benignas e endometriose é bem-sucedida. Isso porque pode ser necessário remover tecidos da região, o que eleva os riscos de lesões dos órgãos. Então, a intervenção por robôs traz a precisão necessária.
Como a cirurgia robótica ginecológica é feita?
O primeiro passo para a realização desse procedimento cirúrgico é similar ao convencional: a paciente é levada para a sala cirúrgica, onde se encontra uma equipe multidisciplinar: cirurgião, enfermeiros, anestesistas etc.
O passo seguinte é efetuar pequenas incisões na área a ser tratada para inserir uma câmera do equipamento robótico. Como dito, ela é necessária para que a equipe médica visualize a região tratada com mais nitidez, já que os registros são exibidos em um monitor.
Depois, é o momento do cirurgião controlar o robô por meio de um joystick — como os de videogame. Outro equipamento, muito delicado, é acoplado no corpo da paciente para a movimentação dos instrumentos cirúrgicos.
Por que a cirurgia robótica ginecológica pode ser mais indicada?
Conforme mencionado, a cirurgia robótica ginecológica é mais moderna e segura, essencial para um tratamento tão delicado quanto o relacionado aos órgãos reprodutores femininos.
Inclusive, essa pode ser a melhor escolha para prevenir a infertilidade — que pode ser causada se o útero e os tecidos relacionados sejam lesionados. Esse risco, obviamente, é maior na cirurgia convencional.
De todo modo, é exigido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) que o cirurgião responsável pelo manuseio do robô tenha um treinamento em simulador robótico, além de ter Registro de Qualificação de Especialista (RQE). Tudo isso traz mais segurança para a paciente.
Então, entendeu o que é, como funciona e os principais benefícios da cirurgia robótica ginecológica para a saúde da mulher? Contar com ela pode trazer mais segurança, especialmente para mulheres que almejam engravidar um dia.
Gostou de saber mais sobre o funcionamento da cirurgia robótica? Aproveite para se atualizar ainda mais no assunto e conheça outro artigo relacionado ao procedimento!
Revisão técnica: Marcelo Costa Batista, pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein e professor associado livre-docente da disciplina de nefrologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).