Cisto no ovário e sua relação com a fertilidade

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Ao longo da vida, você provavelmente recebeu mais informações sobre como evitar uma gravidez do que sobre a possibilidade de infertilidade. Confere? Essa é a realidade de muitas pessoas. Mas a verdade é que, quando se deseja engravidar, o organismo precisa colaborar — o que nem sempre ocorre quando se tem um cisto no ovário. 

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Cistos são, basicamente, pequenas bolsas com líquido. Mais comuns antes da menopausa, eles podem causar desequilíbrios no corpo. Sabe aquele poema de Carlos Drummond, que diz “’havia uma pedra no meio do caminho”? É como se o cisto fosse uma pedra no caminho de uma tentante.

Sua presença pode trazer uma série de obstáculos para a vida de quem tem esse problema, e um deles é a dificuldade para engravidar.

Para esclarecer suas dúvidas sobre o que é cisto no ovário, quais são os sintomas e as causas, como identificá-lo e muito mais, preparamos este post. Acompanhe!

O que é o cisto no ovário?

Como mencionado, os cistos são bolsas de líquido (ou semilíquido), normalmente, localizadas nas glândulas reprodutivas femininas — os ovários, que ficam junto ao útero, um de cada lado. Vale ressaltar que, além deles, o cisto pode surgir em locais como os rins, a pele ou o cérebro.

O cisto é como um hóspede indesejado em casa. Sua presença pode ser incômoda e causar desequilíbrios no organismo, exigindo a remoção por cirurgia.

Uma possível consequência do cisto no ovário é a dificuldade na ovulação — liberação de óvulo do ovário —, necessária para o encontro com o espermatozoide e a possível e consequente gravidez. Esse problema ocorre quando os óvulos ficam presos no líquido das bolsas. 

Devido à desregulação hormonal gerada, a presença de cisto no ovário favorece a acne, a menstruação irregular e até a obesidade e a infertilidade. Além disso, a região em que ele fica apresenta sintomas como dor, ruptura e sangramento, como será detalhado adiante.

Normalmente, problemas como esses ocorrem conforme o tamanho e a quantidade das bolsas no ovário. No entanto, a maioria dos cistos ovários são benignos, por não causar grandes incômodos nem exigir a remoção — ou seja, eles podem ser hóspedes silenciosos.

Quais são os sintomas do cisto no ovário?

A presença do cisto no ovário costuma apresentar sintomas que ficam mais evidentes na primeira menstruação ou no final da adolescência. Entre eles, há a menstruação irregular ou prolongada, bem como a ausência da menstruação.

Para a situação ficar ainda mais complexa, quando a menstruação desce, o fluxo tende a ser intenso e durar cerca de duas semanas. Naturalmente, passar por isso pode refletir em muitas cólicas menstruais e alterações no humor.

Além disso, existem os sinais físicos, como:

  • crescimento excessivo de pelos faciais e corporais (geralmente no rosto, no tórax, nas costas, nas nádegas, na barriga ou nos seios);
  • pele oleosa ou com acne, mesmo na fase adulta; 
  • enfraquecimento ou queda de cabelos;
  • ganho de peso e dificuldade para perdê-lo;
  • escurecimento da pele, principalmente no pescoço, na virilha e debaixo dos seios.

Vale ressaltar que o surgimento desses sintomas não é uma regra, e o mais comum é que o cisto no ovário seja assintomático. Contudo, em algumas situações, os sinais podem surgir, como em caso de ruptura, crescimento ou torção do cisto.

Cisto ou gravidez: como saber?

É comum que portadoras de cistos nos ovários tenham alarmes falsos de gravidez. Afinal, como mencionado, uma das possíveis consequências desse quadro clínico é a ausência de menstruação, denominada amenorreia.

O tempo de amenorreia pode ser bastante prolongado — por exemplo, chegando a mais de 100 dias —, e as possíveis causas são muitas. Para descartar a possibilidade de gestação, é importante que a mulher faça testes, dando preferência ao exame beta HCG.

Como identificar um cisto no ovário?

A identificação de um cisto no ovário se inicia com o especialista questionando o seu histórico médico e entendendo seu ciclo hormonal. Junto a esses questionamentos, há o exame de ultrassom transvaginal, utilizado quando o profissional desconfia da presença de cisto no ovário. Para completar o diagnóstico, é preciso fazer exame de sangue.

Caso os resultados apontem para a presença de cistos, é comum que o médico indique testes complementares. Eles incluem:

  • verificações periódicas da pressão arterial; 
  • tolerância a glicose e níveis de colesterol e triglicerídeos; 
  • avaliação de depressão e ansiedade; 
  • avaliação de apneia obstrutiva do sono.

O que um cisto no ovário pode causar?

Um cisto no ovário pode causar muito mais do que a dificuldade de engravidar. Quem tem essa condição tem maior propensão a desenvolver outros problemas de saúde, como: 

  • diabetes tipo 2 (caracterizada pelo maior nível de açúcar no sangue);
  • depressão, ansiedade e alterações de humor, em parte porque os sintomas do cisto no ovário, como as alterações físicas, podem afetar a autoestima;
  • hipertensão e colesterol alto — os problemas de saúde causados pelo cisto podem, ainda, aumentar o risco de doenças cardiovasculares.

Quem tem cisto no ovário pode engravidar?

É possível engravidar com cisto no ovário, embora seja mais difícil. Afinal, o cisto prejudica a liberação do óvulo, o que é necessário para a gravidez.

Contudo, a gravidez pode acontecer se o óvulo for liberado e, então, fecundado. De qualquer maneira, é recomendado ter acompanhamento médico e checar a possibilidade de cisto ovariano — ou tratá-la, se o cisto for confirmado —, caso observe sintomas estranhos ou tente engravidar e não consiga. Um especialista saberá como tratar um cisto no ovário — e, normalmente, esse tratamento é simples e bem-sucedido.

Entendeu o que é um cisto no ovário e a sua relação com a fertilidade? Em casos raros, essas bolsas de líquido se tornam malignas e causam problemas, como a dificuldade na ovulação, necessária para gravidez. Mas, ao garantir o tratamento médico adequado, esse obstáculo é superado sem maiores problemas.

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Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).

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