Classificação de risco: qual é a importância e como os hospitais fazem

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Quem já foi atendido em ambiente hospitalar certamente teve a experiência de passar por uma espécie de triagem. O principal objetivo dessa avaliação é acolher o paciente e garantir que o seu quadro seja atendido conforme uma classificação de risco. Assim, além de otimizar os recursos do estabelecimento de saúde, isso garante que aqueles em condições mais graves tenham prioridade.

É claro que para quem não trabalha na área de saúde, o protocolo de classificação de risco pode ser confuso — e, não raro, gerar insatisfações em relação ao atendimento recebido. Afinal, ninguém gosta de esperar, ainda mais quando está com um problema de saúde.

Por isso, veja o que você precisa saber sobre essa forma de triagem, principalmente antes de procurar atendimentos de urgência e emergência.

O que é a classificação de risco e para que ela serve?

Imagine a situação: você procura um pronto-socorro com uma dor de garganta, tosse e um pouco de febre. Embora seja uma situação desconfortável, ela não coloca em risco sua vida.

Pouco depois que você é admitido na unidade hospitalar, dá entrada um motociclista que acabou de sofrer um acidente: ele tem múltiplas fraturas, hemorragia e certamente dependerá de uma ou mais cirurgias e de toda uma estrutura de suporte à vida para a manutenção dos seus sinais vitais.

É nesse momento que o protocolo de classificação de risco deve entrar em ação. Não faz sentido que o seu caso passe na frente: além de não oferecer risco a sua vida, a dor de garganta gera sofrimento incomparavelmente menor do que o acidente do motociclista.

Além disso, a resolução do problema dele dependerá de mais recursos humanos e materiais. Logo, nada mais racional e digno do que ele receber atenção imediata, enquanto o seu caso espera um pouco mais, sem maiores prejuízos para a sua condição de saúde.

Tal forma de triagem de paciente teve origem a partir de práticas militares que ganharam espaço, principalmente, entre as tropas do exército norte-americano ao longo do século XX.

No Brasil, as redes públicas e privadas de saúde devem seguir as orientações do Ministério da Saúde para garantir o melhor suporte possível aos pacientes, conforme o gerenciamento dos recursos hospitalares disponíveis.

No país, o método mais adotado é o chamado Protocolo de Manchester. Criado nos anos 90 em hospitais do Reino Unido, ele é famoso pelas cores que distinguem cada nível de gravidade.

Como o protocolo de classificação de risco funciona?

Com cada cor, os profissionais responsáveis pela triagem sinalizam qual é a urgência necessária para o atendimento daquele paciente, levando em conta a complexidade do quadro, o grau de sofrimento e o risco a vida.

No Protocolo de Manchester, são 5 níveis, cada um com uma cor. Esse esquema não deixa de lembrar um sinal de trânsito: à medida que a escala das cores progride, é preciso redobrar a atenção.

Assim, do menos urgente ao mais emergencial, temos:

  • azul — não há urgência, e os pacientes podem esperar mais para receber atendimento;
  • verde — há pouca urgência, em que ainda indicam quadros leves, mas cujo tempo de espera não deve ser maior do que aqueles no grau azul;
  • amarelo — há uma urgência e necessidade de atendimento médico o mais breve possível, mas sem risco a vida;
  • laranja — há um caso grave, com alto risco de evolução para óbito e que exige medidas imediatas, inclusive de suporte à vida;
  • vermelho — há um caso de gravidade extrema, com grandes chances de óbito se não houver atendimento imediato.

Vale reforçar que a classificação de risco não tem função diagnóstica, nem serve para estimar as chances de sucesso do prognóstico. Ela diz respeito, sobretudo, à hierarquização de prioridades de atendimento hospitalar e consequente otimização dos recursos disponíveis.

Quais profissionais atuam nessa área?

Em geral, os responsáveis pela classificação dos pacientes que dão entrada no serviço de atendimento são os enfermeiros. Com a devida qualificação, eles são capazes de fazer essa primeira avaliação para indicar a necessidade de atendimento imediato ou não. Em alguns casos, o próprio médico pode conduzir o protocolo.

São levados em conta vários fatores para determinar a classificação de risco. O profissional de saúde deve considerar, por exemplo, se a doença é usual e tem caráter crônico — de acordo com a queixa principal do paciente — ou se há sinais de alerta em relação à condição de saúde, como palidez, dor no peito, dificuldade de respirar, confusão mental, desmaio ou convulsões.

O mesmo vale para sinais de hemorragia, fraturas ou cortes profundos. Além disso, são avaliados sinais vitais com equipamentos apropriados, em busca de indicativos daquilo que possa indicar um caso que exija suporte imediato.

Como exemplo desse processo, é provável que um quadro de diarreia seja classificado no grau verde, enquanto uma parada cardiorrespiratória receba o grau vermelho, indicando a necessidade de encaminhamento para atendimento imediato.

O que cada estado indica em relação ao atendimento adequado?

Mais do que uma forma de otimizar o atendimento concentrando esforços nos casos mais urgentes, os protocolos de classificação de risco são úteis para ajudar os próprios pacientes a procurar o atendimento capaz de resolver os seus problemas da melhor forma possível.

É preciso ter em mente que a atenção primária à saúde é capaz de fornecer suporte apropriado para uma série de condição, principalmente aquelas de natureza crônica, antes que elas se agravem. Assim, tanto a pessoa com o problema quanto os serviços de saúde se beneficiam.

De um lado, o paciente não terá que esperar horas para receber um atendimento nem sempre adequado para um problema crônico nas costas, e o estabelecimento de saúde não terá que lidar com a sobrecarga na estrutura.

Vale sempre considerar que os serviços de urgência e emergência não contam, a todo momento, com especialistas em várias áreas. Logo, nem sempre o médico disponível será capaz de fornecer o suporte adequado para problemas que poderiam ser resolvidos em outros contextos clínicos.

Na dúvida, vale sempre ter por perto alguns telefones úteis para saber como lidar com diversas situações, levando em conta os protocolos de classificação de risco.

Como forma de reafirmar o compromisso com o cuidado e a saúde de pacientes e colaboradores, o Einstein mantém um painel online com o as informações e o status de funcionamento do hospital.

Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).

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