Em um mundo cada vez mais digital, as discussões sobre a importância do incentivo às atividades físicas têm adquirido tom de urgência. A preocupação diz respeito, sobretudo, à importância dos exercícios no desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Mais do que uma forma de lazer, uma infância ativa é fundamental para o desenvolvimento físico, mental e social. Estimula, por exemplo, a coordenação motora, a socialização e a regulação de funções do organismo, além de servir como fator preventivo contra uma série de doenças como hipertensão, diabetes e depressão.
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Por outro lado, o sedentarismo está diretamente associado ao aumento de casos de obesidade infantil, distúrbios metabólicos, problemas posturais, transtornos mentais e baixa autoestima. Dados de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 78% das crianças e 84% dos adolescentes não praticam nem uma hora de atividade física por dia.
Como incentivar em cada idade
A introdução da atividade física deve começar ainda nos primeiros meses de vida. De acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde, crianças de até 1 ano de idade devem fazer atividades por, no mínimo, 30 minutos distribuídos ao longo do dia. Bebês podem ser posicionados de bruços, estimulando-os a alcançar brinquedos, girar e engatinhar.
Conforme a criança cresce, é essencial que pais e cuidadores a estimulem a correr, subir escadas, brincar ao ar livre e explorar diferentes ambientes. Na fase pré-escolar, o foco deve ser na experimentação e em modalidades que agradem a criança. Não é preciso (nem desejável) cobrar técnica ou resultado — o que realmente importa é deixar o pequeno descobrir seu próprio corpo e tudo o que ele é capaz de fazer.
Crianças de 1 a 2 anos precisam de pelo menos três horas por dia de atividades físicas de qualquer intensidade. As de 3 a 5 anos também, com o detalhe de que uma hora deve ser de atividade intensa a vigorosa — isso é, que acelera o ritmo cardíaco.
Já dos 6 aos 17 anos, a indicação é de 60 minutos ou mais de atividade física por dia, com preferência para aquelas moderadas a intensas. Como parte desse cronograma, é importante incluir pelo menos três dias na semana de modalidades que fortaleçam músculos e ossos, ou seja, que envolvam saltar e fazer força.
Desafios atuais
Diversos fatores contribuem para o avanço do sedentarismo entre crianças e adolescentes. Um dos principais é o excesso de exposição às telas. Hoje, muitos jovens passam no celular ou no computador, tempo esse que outras gerações dedicavam a brincadeiras dinâmicas.
Outro obstáculo é a desigualdade social. O acesso ao esporte e à atividade física de qualidade ainda é um privilégio no Brasil e muitas famílias de baixa renda enfrentam dificuldades para pagar por aulas esportivas, uniformes, transporte ou mesmo alimentação adequada. Isso dificulta a adesão dos jovens a hábitos de exercícios.
Aí entra a importância da escola. Por mais que o núcleo familiar tenha o papel de criar uma cultura de movimento em casa, as instituições de ensino também desempenham função essencial de estimular as práticas esportivas.
O oferecimento de uma educação física de qualidade, com professores preparados e infraestrutura adequada, pode representar a chave para o combate ao sedentarismo. Aulas lúdicas e adaptadas à idade e aos níveis de habilidade mantêm os alunos engajados e em constante movimento.