O câncer de fígado se refere ao tumor maligno que se origina no tecido do fígado, que é a maior glândula do corpo e está localizada na parte superior direita do abdômen. A condição compromete parte de suas importantes funções, as quais envolvem o metabolismo de glicose e proteínas, a eliminação de toxinas e o armazenamento de vitaminas e minerais.
De acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o triênio de 2023 a 2025, cerca de 10 mil novos casos da doença devem ser diagnosticados por ano no Brasil nesse período. Isso corresponde a 4,95 casos a cada 100 mil habitantes.
Vídeo: Bebida alcoólica pode provocar câncer no fígado?
A seguir, confira as respostas para cinco dúvidas a respeito do câncer de fígado:
1. O consumo de bebida alcoólica pode provocar câncer no fígado?
Sim. Embora o consumo exagerado e em frequência regular de álcool não provoque diretamente o aparecimento do câncer, esse comportamento prejudicial pode causar doenças graves no órgão.
Certas condições são grandes fatores de risco para formação de mutações celulares que podem evoluir para tumores malignos. Entre elas, estão:
- Cirrose hepática;
- Esteatose hepática (gordura no fígado);
- Hepatites crônicas (hepatite B e C);
- Hemocromatose;
- Deficiência alfa-1-tripsina;
- Doença de Wilson;
- Colangite biliar primária.
2. Como saber se o fígado está funcionando bem?
Em seus estágios iniciais, o câncer de fígado pode apresentar sintomas muito sutis, que podem não ser percebidos.
Quando aparecem, eles podem se manifestar por meio de:
- Fadiga e mal-estar;
- Perda de apetite;
- Inchaço no abdômen;
- Desconforto ou dor na região superior do abdômen;
- Icterícia (coloração amarelada na pele e nas mucosas);
- Prurido (coceira espalhada pelo corpo);
- Perda de peso.
Se qualquer um desses sinais for percebido, a recomendação é buscar auxílio médico o quanto antes.
3. Como é feito o diagnóstico?
O início do processo de diagnóstico de câncer de fígado acontece em uma consulta com um clínico geral ou um hepatologista. A partir da anamnese e do exame físico do paciente, o médico irá solicitar a realização de exames complementares.
Além da coleta de sangue, é possível que esses testes incluam ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância de abdômen. Em alguns casos, a laparoscopia para visualização direta do órgão e biópsia também se fazem necessárias.
4. É possível se curar do câncer de fígado?
Sim, mas isso depende do estágio no qual o tumor é diagnosticado e da saúde geral do paciente.
Entre as possibilidades de tratamento estão:
Cirurgia de retirada do tumor
A hepatectomia parcial é uma técnica que envolve o ressecamento do tecido cancerígeno. Essa costuma ser a abordagem mais indicada quando o tumor está em suas fases iniciais e restrito a uma parte do fígado.
Ablação por radiofrequência
Nesta terapia locorregional, de ação focada no fígado, uma agulha é introduzida através da parede abdominal, guiada por ultrassonografia ou tomografia e micro-ondas são então pulsadas nos tecidos e provocam o aumento da temperatura em seu interior, levando à morte das células cancerígenas.
Quimioembolização
Consiste na injeção de agentes quimioterápicos dissolvidos diretamente no interior da artéria que nutre a região em que a massa tumoral se encontra por meio de cateteres. A solução bloqueia o fluxo de sangue para essas estruturas malignas e mata suas células.
Transplante hepático
Em situações mais graves, quando o tumor já atingiu dimensões muito grandes ou se espalhou a outros órgãos, o médico ainda pode indicar o transplante de fígado. Proveniente de doação, ele também é indicado para pacientes com tumores que não podem ser removidos por cirurgia devido a sua localização. A abordagem geralmente é associada ao uso de medicamentos antineoplásicos.
5. O que posso fazer para me prevenir contra doenças hepáticas?
A chave para se prevenir das doenças hepáticas é manter um estilo de vida saudável. Para isso, deve-se prestar atenção ao peso, praticar exercícios físicos, fazer consultas médicas periódicas e, principalmente, evitar o excesso de bebidas alcoólicas.
Nos cuidados específicos em relação às hepatites, que podem se desenvolver para um quadro de cirrose hepática e aumentar os fatores de risco para o câncer, outras medidas preventivas são a vacinação e a prática do sexo seguro.
Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes (CRM-SP 203006/RQE 91325), médico do Pronto Atendimento e Corpo Clínico, especialista em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein.