Mama densa: o que é e sua relação com o câncer

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Toda mulher precisa fazer o autoexame de mama, além de outros como ressonância, mamografia etc. Afinal, eles são aliados na descoberta de doenças como o câncer na região — o mais frequente em mulheres no mundo. Além disso, durante essa análise, pode ser detectado que a mama é mais ou menos densa.

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Ao descobrir isso — seja por conta própria no autoexame, seja com o auxílio de profissionais —, é comum fazer a associação com doenças comuns. Além do câncer, as patologias podem ser cistos mamários, fibrose, adenose, mastite, fibroadenoma, afecção funcional benigna das mamas (AFBM) etc.

Possivelmente, você nunca tinha ouvido falar em todas essas doenças, certo? Apesar disso, o fator de risco maior é para o desenvolvimento do câncer de mama no futuro. Saber disso ajuda no tratamento precoce e na melhor tomada de decisões relacionadas à saúde. Portanto, 37 estados americanos têm leis de notificação sobre densidade mamária desde 2019.

Você sabia que mamas densas elevam os riscos de câncer? Esse é um assunto ainda pouco discutido. Por isso, neste post, você encontra informações como definição, causas, diagnóstico, riscos, prevenção etc. Entrevistamos o Mastologista Silvio Bromberg (CRM: 63.234/SP) para auxiliar nas respostas. Confira!

O que é a mama densa?

“Quando você tem uma mama com predomínio de tecido fibroglandular e quase nada de gordura, a gente chama isso de mama densa, ou mama com uma densidade aumentada”, afirma o Mastologista Silvio Bromberg. 

Para facilitar a compreensão, saiba que o tecido fibroglandular é a estrutura na qual ocorre a produção do leite materno. A mama é dividida em duas partes, uma com o tecido glandular e a outra com gordura — também chamada de tecido adiposo.

Como visto, são esses dois tecidos que definem se as mamas são densas ou não. Ou seja, a densidade mamária refere-se à composição das mamas, embora elas também possuam vasos sanguíneos e linfáticos, além de ligamentos de sustentação.

Na juventude, em geral, as mulheres saudáveis têm mais tecido fibroglandular do que adiposo. Com o avançar da idade, o componente fibroglandular diminui — processo que pode ser acelerado com a chegada dos filhos e da amamentação.

No entanto, fatores como a obesidade e o uso de certos medicamentos (como anticoncepcional), assim como nunca ter tido filhos ou amamentado, também pode levar as mulheres mais velhas a ter mamas densas.

O que causa a mama densa?

“A densidade mamária é determinada por alguns fatores, como genética, idade, ascendência familiar e, eventualmente, alterações hormonais ou influência hormonal”. Conforme mencionado, é comum que mulheres jovens tenham mamas densas. Afinal, o tecido fibroglandular diminui com o passar dos anos, em um processo natural.

Ainda assim, especialmente no caso de mulheres mais velhas, a mama densa pode ser causada pelos fatores citados e pelo índice de massa corporal. “Por exemplo, uma pessoa muito obesa tende a ter mais tecido gorduroso do que uma muito magra. Então, esses fatores todos podem influenciar na densidade da mama”, complementa Silvio.

Inclusive, é o tecido fibroglandular — que produz leite materno — o responsável pela firmeza das mamas. Assim, não é à toa que os seios das mulheres sem silicone tendem a cair e ficarem amolecidos — ainda que isso não seja uma regra.

Isso porque existem exercícios físicos que fortalecem a muscular e podem deixar as mamas firmes. Logo, apenas essa característica não pode determinar a densidade mamária e nem associá-la exclusivamente à idade.

Como diagnosticar a mama densa?

Como visto, é preciso ir além da aparência física e do autoexame ou exame clínico — embora eles auxiliem no entendimento sobre uma mama ser mais ou menos densa. Na verdade, esse diagnóstico ocorre, basicamente, pela mamografia. 

Os outros exames, como a ressonância e a ultrassonografia, além do clínico e do autoexame, podem emitir sinais de mama densa e fazer o profissional de saúde solicitar exames complementares. 

Mamografia

Nesse exame, o tecido fibroglandular é branco, enquanto o adiposo é escuro. Então, mulheres com mamas densas apresentam a composição branca, enquanto mamas com maior composição de gordura aparecem cinza na mamografia. 

A explicação é que os raios-X não tem dificuldade de penetrar no tecido adiposo, ao contrário do fibroglandular. Ainda assim, existem as categorias de densidade mamária, conforme a predominância de cada tecido.

Inclusive, a densidade mamária pode dificultar a detecção do câncer de mama por meio de exames como a mamografia. Isso porque o tumor costuma aparecer também em com branca — assim como o tecido fibroglandular. Nesses casos, é como se houvesse uma espécie de parede grossa, impedindo a visualização dos médicos, entende?

Por essa razão, além da mamografia, existem outros métodos disponíveis e atualizados para detectar o câncer em mulheres com mamas densas. É o caso da:

  • mamografia em 3D, ou tomossíntese — a técnica gera imagens mais ricas da mama, já que elas são visualizadas pelos profissionais de saúde como bidimensionais;
  • ultrassonografia — usa ondas sonoras para captar imagens, servindo como uma complementação do exame mamográfico quando ele não detecta lesões;
  • ressonância magnética — exibe imagens mais detalhadas da mama e tem uma alta sensibilidade, útil para detectar câncer de mama e outras patologias, como inflamações mamárias, cistos benignos etc.

Sistema de categorização BI-RADS

O sistema de categorização BI-RADS determina o tipo de tecido que predomina na composição das mamas, conforme a ordem alfabética de A a D.

Assim, as mulheres que recebem a classificação A tem a mama muito pouco densa — composta, em sua maioria, por gordura. É diferente das que recebem D, que são as extremamente densas. Enquanto isso, a classificação entre B e C consiste em um nível intermediário.

Dessa forma, o risco de surgir um câncer de mama é menor em mulheres classificadas com A, intermediário nas classificações B e C, e entre quatro e seis vezes maior para quem recebeu a letra D.

Outra classificação de densidade mamária é dividida em 4 tipos principais:

  • lipossubstituídas ou com predomínio de tecido adiposo — são as mamas com menos de 25% de tecido fibroglandular;
  • densidades fibroglandulares esparsas — mamas compostas de 25% a 50% de tecido fibroglandular;
  • heterogeneamente densas — mamas com 50% a 75% de tecido fibroglandular;
  • densas — mamas compostas por, pelo menos, 75% de tecido fibroglandular (e, consequentemente, menos de 25% de gordura).

Rastreamento adicional nos EUA

Como visto, mulheres mais velhas não costumam ter mamas densas, mas isso não é uma regra. No entanto, médicos com conceitos antigos em mente podem não solicitar exames adicionais para avaliar a densidade mamária e o risco de câncer.

Por isso, a notificação da densidade mamária na mamografia e a possível recomendação de rastreamento adicional faz parte da legislação em alguns estados americanos. Desse modo, essas mulheres podem tomar melhores decisões para cuidar da sua saúde.

Quais são os principais sintomas da mama densa?

As mamas densas são caracterizadas pela maior consistência e firmeza nos seios. Por esse motivo, a ptose — ou seja, a queda das mamas — não é uma característica comum em mulheres com alta densidade mamária.

Portanto, apalpar os seios, como autoexame, pode dar os primeiros indícios de densidade mamária, embora os demais exames sejam indispensáveis.

Quais são os riscos da mama densa para a saúde?

A mama densa pode ser perigosa para a saúde e apresentar um maior risco para o câncer de mama. Segundo Silvio, “quem tem uma mama muito densa pode ter de quatro a seis vezes mais risco de desenvolver uma doença mamária do que quem não tem. Então, esse é um fator que faz a gente ficar bem atento quando examina e avalia uma paciente”.

Inclusive, alguns dos fatores de risco para o câncer de mama também são causas da alta densidade mamária, como:

  • histórico menstrual — idade precoce da menarca, idade tardia à menopausa;
  • reprodução — nunca ter tido filhos biológicos ou ter tido filhos tarde;
  • terapia hormonal — uso de contraceptivos orais e terapia de reposição hormonal;
  •  nutrição — ingestão de álcool;
  • índice de massa corporal — estar acima do peso ou ter uma maior distribuição de gordura no corpo.

Inclusive, nos Estados Unidos, existe um aumento no diagnóstico de casos de câncer de mama a cada 100 mil habitantes no país. É possível que ele se relacione com as leis estaduais, que exigem a notificação de densidade mamária, sinalizando o câncer de mama. A mesma lógica serve para o aperfeiçoamento de métodos de diagnósticos desse tumor.

Dificuldade no diagnóstico

Além disso, a densidade mamária também pode dificultar o diagnóstico de câncer de mama. Conforme mencionado, a densidade e o tumor são identificados pela mesma coloração nos raios-X. Então, é como se a predominância de tecido fibroglandular, que indica mamas densas, cobrisse a presença do tumor.

Logo, mulheres com mamas densas tendem a apresentar falhas na mamografia e um falso resultado relacionado ao câncer de mama. Ao ter isso em mente, os médicos devem solicitar exames complementares e aperfeiçoados na detecção do tumor, como a ultrassonografia mamária e um bom exame físico das mamas.

Diante disso, a mamografia é um dos principais exames de rotina a serem realizados pelas mulheres. A recomendação é que isso ocorra anualmente após os 40 anos, devido a maior incidência de doenças a partir dessa faixa etária. 

Como prevenir a mama densa?

Existem riscos de mama densa e câncer de mama em que a paciente não tem controle, como idade e genética, por exemplo. Contudo, conhecer os riscos modificáveis, relacionados ao estilo de vida, é uma forma de minimizá-los e elevar a prevenção.

“Quando a gente fala em mama densa, tem uma prevenção secundária que é aquela realizada por meio dos exames de imagens clínicas”, ressalta Silvio. A partir deles, o médico entende as condições da paciente, com faixa etária, peso, uso de medicamentos e outros fatores de risco para a densidade mamária. Assim, as mulheres são alertadas e podem se prevenir.

A outra forma de prevenção da mama densa é a primária, que ocorre “quando a próprio paciente consegue, por si só, diminuir o risco. Afinal, é possível modificar alguns fatores envolvidos na densidade mamária”.

Pensando nisso, a seguir, acompanhe algumas dicas de prevenção!

Faça atividades físicas regularmente

“Faça atividades por, pelo menos, 40 minutos e de 4 a 5 vezes por semana. Assim, você mantém a forma física e evita o aumento do Índice de Massa Corpórea, fator de risco para o câncer de mama”, explica Silvio.

Isso porque os exercícios físicos, como pedalar, caminhar, correr, dançar etc., equilibram a concentração de estrogênio, hormônio sexual feminino associado à multiplicação celular.

As mulheres se expõem às ações do estrogênio desde a primeira menstruação até a menopausa. Por isso, menstruar muito cedo, antes dos 12 anos, é um fator de risco para o câncer de mama — a explicação seria que os tumores sobrevivem ao se alimentarem desse hormônio. Ainda, o estrogênio contribui para o crescimento de células cancerígenas.

Portanto, manter a prática de exercícios físicos regularmente, por toda a vida, é essencial. No entanto, fazer isso após os 40, com a proximidade da menopausa, é ainda mais recomendado. Afinal, o risco de câncer de mama, associado a densidade mamária, é maior.

Tenha atenção à reposição hormonal

De acordo com Silvio, “as pessoas que fazem reprodução hormonal têm que ter atenção às mamas porque a reposição aumenta a densidade mamária”.

No entanto, ela é benéfica para controlar os sintomas da menopausa, como ressecamento vaginal, ondas de calor, tendência à perda óssea etc. Esses efeitos são causados pela menor produção de estrogênio — que, em excesso, também pode afetar a saúde, exigindo equilíbrio na concentração.

Assim, a reposição hormonal pode ser de estrogênio e até combinada com progesterona, hormônio feminino produzido principalmente no ovário. Contudo, como vimos, isso pode elevar os riscos de densidade mamária, assim como de câncer de mama e até de ovário.

Os riscos são maiores para pacientes que fazem reposição hormonal a longo prazo, por cerca de 10 anos, e sem combiná-la com progesterona. Por essa razão, não é recomendado que mulheres que já tiveram câncer sejam tratadas com reposição hormonal.

Logo, é preciso que o médico indique outros tratamentos nesses casos. Além disso, não deixe de questionar quais são os benefícios e os riscos envolvidos na reposição hormonal.

Evite o tabagismo e álcool

A justificativa é que fumar e ingerir bebidas alcoólicas excessivamente afeta a função hepática, responsável por filtrar substâncias tóxicas e microrganismos prejudiciais. Outra responsabilidade do fígado é a produção e liberação de hormônios, como o estrogênio. 

Assim, a falha da função hepática pode aumentar a concentração desse hormônio, que, atingindo quantias excessivas, eleva a densidade mamária e aumenta os riscos de desenvolvimento do câncer de mama. 

Conheça a saúde dos seus familiares

Ter histórico de câncer entre parentes de primeiro grau (irmão, pai, mãe ou tio) aumenta os riscos de desenvolver essa doença. Então, ao conhecer a saúde dos seus familiares, a paciente fica por dentro dos riscos de desenvolver câncer de mama ou densidade mamária. 

Logo, a prevenção ocorre ao se submeter a uma avaliação especializada para entender a probabilidade de desenvolver patologias como a citada. É o caso da mamografia, da ressonância magnética das mamas e do estudo genético para analisar os riscos — principalmente ao desconhecer o histórico familiar.

Selecione melhor os alimentos consumidos

Existem alguns alimentos carcinogênicos, que elevam os riscos de câncer no organismo. Então, é importante evitá-los e priorizar a alimentação saudável, que também ajuda a equilibrar o peso, diminuindo os riscos de densidade mamária.

Entre as opções saudáveis, estão:

  • vegetais, frutas e leguminosas — esses alimentos são fontes de vitaminas e minerais, como selênio, vitamina C, ácido fólico etc., com propriedades nutricionais capazes de auxiliar no combate à formação de tumores;
  • abóbora e cenoura — ricos em betacaroteno, importante para prevenir o câncer;
  • tomate, molho de tomate, goiaba e melancia — substâncias ricas em licopeno, outro aliado na prevenção de câncer.

Tenha um acompanhamento médico

Conforme mencionado, as consultas médicas são uma forma de prevenção secundária. Afinal, a paciente realiza exames que acompanham o nível de densidade mamária e podem alertá-la para possíveis alterações.

Especialmente após os 40 anos, a mamografia deve ser realizada anualmente. Já durante a menopausa, é recomendado procurar um médico para verificar a necessidade de reposição hormonal para diminuir os riscos de aumento da densidade mamária — contudo, você já entendeu que esse tratamento envolve riscos que devem ser considerados, certo?

Existe algum tratamento para a mama densa?

“Não existe um tratamento específico para a densidade mamária”, afirma Silvio Bromberg. O que pode diminui-la é o tempo — já que mulheres jovens, geralmente, têm mamas densas. Logo, conforme as pacientes envelhecem, a densidade mamária diminui e os seios recebem um aumento de tecido gorduroso.

Outra maneira de tentar modificar a densidade mamária é com a mudança nos hábitos e no estilo de vida, como praticar atividades físicas, alimentar-se de forma saudável, evitar o consumo de álcool e tabaco etc. Ao fazer isso, também é possível diminuir os riscos de câncer de mama.

Quais são as consequências da menor densidade mamária?

Ter mamas densas eleva os riscos de câncer de mama. No entanto, perder a densidade mamária — processo natural do envelhecimento — também traz consequências. A seguir, saiba mais sobre elas!

Redução na firmeza das mamas 

Essa consequência é mais estética do que relacionada a problemas de saúde. Isso porque os seios não são mais tão firmes como na juventude — estética associada com o padrão de beleza.

De todo modo, existem exercícios físicos voltados para a musculatura da região que podem trazer mais firmeza aos seios.

Facilidade para visualizar nódulos

A densidade mamária é visualizada em exames — como a mamografia — na cor branca, assim como os nódulos. Portanto, é mais difícil visualizar nódulos que indiquem problemas de saúde, como o câncer de mama. 

Assim, com a menor densidade mamária, fica mais fácil enxergar nódulos nos seios e qualquer outra anormalidade, facilitando o tratamento precoce de possíveis doenças.

Seios mais murchos

Embora não seja uma regra, a redução da densidade mamária contribui para que os seios fiquem mais murchos. Isso explica porque essa característica é comum com o avançar da idade, como na faixa dos 40 e 50 anos.

Então, entendeu o que é mama densa e como ela pode ser perigosa por elevar os riscos para o câncer de mama? É por isso que descobrir a densidade mamária como parte da prevenção a esse tumor deve ser parte dos cuidados com a saúde da mulher.

Percebeu a importância de entender o seu nível de densidade mamária? Entre em contato conosco para agendar seus exames digitalmente e cuidar da sua saúde!

Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).

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