Como gerir os cuidados de pessoas com problemas mentais sem adoecer

9 minutos para ler

Cuidar da saúde mental é tão importante quanto manter a saúde física. É fato que cuidadores de pessoas com problemas mentais como o Alzheimer podem atingir um alto nível de estresse, aumentando a carga de cortisol —principal hormônio relacionado ao estresse— no organismo, ocasionando doenças que podem prejudicar a sua saúde física e mental.

Isso significa que é importante para você, cuidador, criar um estilo de vida mais saudável por meio da redução de sintomas de exaustão a fim de melhorar o seu bem-estar e permitir uma vida com lazer e tranquilidade, sem a sensação de culpa. Com o intuito de esclarecer mais sobre o tema, convidamos o Dr. Ivan Okamoto, especializado em Neurologia, para trazer algumas dicas importantes na manutenção da sua saúde física e mental. Siga com a leitura e confira!

Quais são os principais transtornos mentais

Existem várias doenças mentais que podem prejudicar a capacidade de memorização. Ter atenção com os sinais delas é importante para que você também não adoeça. Por exemplo, a depressão pode proporcionar dificuldades de concentração e, com isso, gerar dificuldades de memorizar fatos.

Além disso, o hipertireoidismo e a falta da vitamina B12 também podem gerar dificuldades nesse sentido. Há ainda a doença mais conhecida por causar apuros na hora de memorizar: o Alzheimer. Abaixo, explicamos mais sobre ele. Confira!

O que é a Doença de Alzheimer

Entender o que é a Doença de Alzheimer é essencial para cuidar de uma pessoa com doença mental. Esse é um problema neurodegenerativo, progressivo e ainda sem cura que afeta, majoritariamente, pessoas acima de 65 anos, impactando a memória, a linguagem e a percepção do mundo.

A doença provoca alterações no comportamento, na personalidade e no humor do paciente.

Todo mundo está sujeito a ser um futuro cuidador e por isso o Dr. Ivan aconselha atenção aos principais sinais de alerta para o Alzheimer.

Entre eles, estão:

  • Problema de memória que chega a afetar as atividades e o trabalho;
  • Dificuldade para realizar tarefas habituais;
  • Dificuldade de comunicação;
  • Desorientação no tempo e no espaço;
  • Diminuição da capacidade de juízo e de crítica;
  • Problemas de raciocínio;
  • Posicionamento de coisas no lugar errado, muito frequentemente;
  • Alterações frequentes do humor e do comportamento;
  • Mudanças na personalidade;
  • Perda da iniciativa para fazer as coisas;
  • Perda da percepção da doença (anosognosia);

Além disso, é importante conhecer os estágios desse problema para cuidar de pessoas doentes mentais sem adoecer também. Nesse sentido, existem três “fases”. 

A doença é progressiva e os sintomas podem ser divididos em três “fases”. Na primeira, considerada leve, ocorrem falhas de memória e esquecimentos constantes, além de dificuldades em realizar tarefas complexas (como cuidar das finanças, por exemplo).

Na fase moderada, o paciente já necessita de ajuda para realizar tarefas simples, como se vestir. No último e mais complicado estágio da doença, há a necessidade de auxiliar na realização de qualquer atividade, como comer, tomar banho e cuidar da higiene.

Dicas para cuidar de pessoas com transtorno mentais sem adoecer

Agora que você já conhece um pouco mais sobre os principais transtornos mentais, é hora de saber quais as melhores alternativas para cuidar de indivíduos com tais problemas, mas sem permitir que isso adoeça a sua mente. Siga a leitura e veja quais as melhores dicas para implementar no dia a dia.

1. Procurar ajuda de familiares

Na opinião do Dr. Ivan, o quadro demencial sempre pega o familiar e o paciente de surpresa.

“Na cultura brasileira, as pessoas costumam optar por cuidar da pessoa em casa. Isso traz uma imensa sobrecarga para o cuidador”.

Por isso, é fundamental procurar ajuda entre os familiares ou contratar mão de obra especializada.

“Eu aconselho dividir esse trabalho não somente durante o dia como à noite também. E não assumir sozinho toda a atenção que envolve o paciente com doença mental”, explica o médico.

Outra dica é não deixar de sair com amigos e outros familiares ou até mesmo sozinho para fazer o que gosta, a fim de espairecer a mente e desfrutar de momentos agradáveis e felizes.

2. Buscar mão de obra qualificada e especializada

Lidar com pessoas que estão passando por um transtorno mental exige conhecimento e experiência nessa área. Por isso, é importante contar com a colaboração de pessoas experientes nesse assunto e que podem ajudar a entender mais sobre a melhor maneira de lidar com os pacientes.

Também vale a pena fazer pesquisas online e contar com materiais disponibilizados por profissionais da medicina que orientam o cuidado com pessoas que têm algum transtorno mental. Esse tipo de conhecimento contribui para que você tenha mais segurança quanto a sua postura no dia a dia, fazendo com que osníveis de estresse e ansiedade sejam reduzidos.

3. Não assumir sozinho os cuidados da pessoa com Alzheimer

O ato de tomar banho, por exemplo, costuma ter resistência entre as pessoas com Alzheimer.

“Normalmente o paciente se sente desprotegido ao tirar a roupa ou aceitar que alguém possa estar tão próximo assim de sua intimidade”, esclarece o Rr. Ivan.

Para mais dicas e entendimento sobre esse tema, o neurologista aconselha consultar instituições preparadas para orientar o cuidador, a fim de que possa lidar melhor com o seu ente querido e diminuir seus níveis de estresse.

“Inclusive elas promovem congressos e reuniões dirigidas exclusivamente para cuidadores”, relembra.

Para saber mais sobre como gerir a saúde de pessoas que cuidam de pacientes com Alzheimer, é possível consultar as instituições a seguir:

Também é importante lembrar que nem tudo o que está em manuais necessariamente poderá acontecer.

“Eles servem para dar orientações aos problemas que o paciente apresenta”, argumenta o médico.

Por isso, não é necessário se preparar ou ler sobre sintomas que o paciente não apresenta, pois ele pode nunca desenvolver tal comportamento.

“É fundamental respeitar a evolução gradativa da doença para não causar tanta ansiedade no cuidador”, finaliza.

4. Ter paciência e evitar linguajar ríspido

Existem algumas práticas que podem lhe ajudar a manter o ambiente calmo e evitar situações difíceis. Entre eles, estão a paciência e o uso de uma linguagem amorosa e cuidadosa.

Além disso, o Dr. Ivan listou várias atitudes que são positivas e podem lhe ajudar a manter um bom cuidado com quem você ama, sem prejudicar a sua saúde mental:

  • Tenha sempre uma atitude afetuosa;
  • Estabeleça o contato visual e ouça atentamente;
  • Mantenha um ambiente calmo e sem ruídos;
  • Recorra à linguagem corporal para facilitar a comunicação;
  • Tenha calma e fale de maneira clara e gentil;
  • Utilize frases curtas e simples, focando uma ideia de cada vez;
  • Dê tempo à pessoa para compreender o que lhe transmitiu;
  • Diga previamente o que pretende fazer antes de abordar o paciente, principalmente no caso de prestação de cuidados pessoais;
  • Inverter frases negativas, tornando-as afirmativas (substituir “Não faça isso” por “É melhor fazer assim”).

Essas dicas podem evitar situações de tensão e proporcionar maior tranquilidade na hora de cuidar de uma pessoa com doença mental. Caso ocorram acontecimentos adversos, há mais dicas a seguir. Continue a leitura e confira!

5. Aprender a lidar com situações de tensão e agressividade da pessoa com Alzheimer

É possível que ocorram situações de maior nível de tensão e agressividade no cotidiano. Assim, é necessário entender como lidar com elas a fim de proteger as pessoas com transtornos mentais e também a você.

O Dr. Ivan destaca que:

“a família para assistir bem esse paciente precisa estar minimamente estruturada, evitando um colapso que pode atingir de modo negativo todos os seus integrantes”.

Além disso, apresenta uma série de passos para lidar com situações complicadas:

  • Caso aconteça algum conflito de entendimento, mude de assunto e procure sempre apaziguar a situação. A pessoa com Alzheimer passa a não compreender o ambiente com clareza e ter dificuldade de abstração;
  • Evite discutir e dar ordens. A pessoa não terá capacidade para perceber o que está errado e só irá agravar a situação;
  • Evite utilizar modos e palavras que denotam intransigência e autoritarismo. Um tom de voz arrogante pode ser apreendido mesmo que a pessoa não compreenda as palavras, o que poderá deixá-la ainda mais perturbada;
  • Fuja de perguntas que exijam a utilização da memória. Essas indagações causam um sentimento de mais frustração no paciente;
  • Escape dos confrontos. É necessário tentar sempre contornar uma situação em caso de delírio em diferentes contextos, concordando com a pessoa de modo que ela fique mais calma e menos ansiosa, mudando de assunto.

Ao adotar tais dicas, você consegue diminuir a incidência de confrontos e, com isso, facilitar o seu cotidiano. Isso pode ser importante paramanter a sua saúde mental em dia.

Semana da Memória

O dia 21 de setembro foi criado pela Alzheimer ‘s Disease International (ADI) a fim de aumentar a conscientização sobre a doença e o estigma que cerca a demência.

A Semana da Memória, realizada pelo Einstein, de 26 a 30 de setembro de 2022 — por meio do Núcleo de Excelência em Memória (NEMO) — tem a missão de divulgar mais informações de modo a facilitar e propiciar esclarecimentos e campanhas focadas na educação sobre este tema.

Viu como é importante ter atenção quanto a própria saúde na hora de cuidar de pessoas com problemas mentais? Por meio das dicas apresentadas anteriormente, você consegue equilibrar tanto o trabalho como cuidador quanto o seu bem-estar. Assim, os pacientes terão acesso a um excelente acompanhamento e você poderá manter sua rotina de trabalho sem risco de adoecer.

Curtiu nosso post? Então, compartilhe este texto em suas redes sociais e contribua para que outras pessoas entendam como proteger a saúde mental durante os cuidados com aqueles que apresentam algum transtorno mental!

Posts relacionados