O câncer de mama, o colorretal, o de próstata e o de estômago são os 4 tipos de câncer mais comuns entre a população brasileira – sem considerar o câncer de pele não melanoma. Os últimos dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimam o diagnóstico de mais de 185.500 novos casos.
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Fatores genéticos, alimentares e até ambientais influenciam no desenvolvimento da doença. Conhecer, então, suas causas, fatores de risco, formas de detectá-los etc. é fundamental para combatê-los. Pronto para saber mais? Continue sua leitura até o final!
O que é o câncer?
O câncer é a reprodução desordenada de células que sofreram alterações moleculares. As causas e os fatores para essas mudanças (ou mutações) são variadas. Por conta disso, existem inúmeros tipos da doença. Após algum tempo, essas células alteradas passam a aumentar de número. É a partir desse ponto que os tumores malignos começam a aparecer no organismo.
Quando não tratado, o câncer pode se espalhar para diversos órgãos do corpo. Esse fenômeno é conhecido como metástase e significa que o estágio da doença avançou para condições mais severas. Nesses casos, as chances de sucesso com os tratamentos são menores, mas ainda existe a possibilidade de cura.
Com relação aos sintomas, a maioria dos tipos de câncer (salvo algumas exceções) se apresentam como indolores nos estágios iniciais. Normalmente, eles são detectados em algum exame de rotina e, em seguida, o paciente é tratado para evitar a evolução da patologia.
Entretanto, com o passar do tempo, alguns sintomas do câncer podem começar a aparecer. Eles variam de acordo com a área afetada, o estágio e o tipo, existindo assim uma variedade de sinais que devem ser observados e analisados de maneira criteriosa.
O que é o câncer de mama?
O câncer de mama é um tumor maligno que se origina das células da mama (feminina ou masculina). Em ambos os sexos, a proliferação normalmente tem origem nas células do ducto mamário (canal pelo qual o leite é transportado até o mamilo) ou do lóbulo (onde o leite materno é produzido).
A diferença é que, no homem, o tecido mamário é atrofiado e não apresenta capacidade de produção de leite materno. O tamanho da mama também é diferente, assim como as características morfológicas dos tumores, que normalmente são menores, mas de fácil detecção. Estatisticamente, a incidência do câncer de mama na população do sexo masculino é considerada rara.
Quais são os principais sintomas do câncer de mama (do estágio inicial até o avançado)?
Um dos principais sintomas do câncer de mama é o surgimento de um nódulo endurecido, palpável e de tamanho progressivo (geralmente indolor). Dependendo do tamanho e da característica desse nódulo, a mama pode ficar inflamada e com aspecto semelhante ao de uma mastite — com vermelhidão e sensação de calor local.
Em estágios mais avançados, os tumores podem ocasionar o aumento dos gânglios da axila, além de outros sintomas, como:
- dor abdominal;
- tosse;
- falta de ar.
Parte desses sintomas pode indicar que o tumor se espalhou para outras áreas do corpo. Entretanto, as estatísticas apontam que essa circunstância é rara e afeta apenas uma pequena porcentagem das pessoas que apresentam o câncer de mama.
Como é feito o diagnóstico do câncer de mama?
O diagnóstico depende principalmente dos resultados da mamografia. Outro exame complementar é a ultrassonografia, caso haja o surgimento de um nódulo suspeito ou no caso de as mamas da paciente se apresentarem densas no exame anterior.
Ao identificar um tumor, o paciente é dirigido para uma biópsia, na qual a ultrassonografia pode ser novamente utilizada para ajudar a guiar essa “microcirurgia”. A ressonância magnética também pode ser indicada para auxiliar no planejamento da remoção do tumor, após a conclusão do diagnóstico de câncer.
Quais são os fatores de risco e prevenção do câncer de mama?
Os principais fatores de risco do câncer de mama são:
- histórico familiar de câncer de mama (ou de ovário);
- idade avançada;
- menopausa tardia ou precoce;
- nuliparidade (nunca ter tido uma gestação);
- obesidade;
- sedentarismo;
- utilização contínua de determinadas pílulas anticoncepcionais;
- etilismo (popularmente conhecido como alcoolismo, vício e consumo exagerado de bebidas alcoólicas).
Quanto à prevenção, a mamografia é a melhor alternativa contra o câncer de mama. Atualmente, é possível detectar a doença antes que ela se manifeste como um nódulo. Para isso, é importante fazer o exame anualmente a partir dos 40 anos de idade.
Como é feito o tratamento do câncer de mama?
Parte principal do tratamento é a cirurgia. Ela pode ser conservadora, em que a maior parte do tecido mamário é mantida intacta, ou pode ser mais invasiva, quando uma mastectomia (remoção total da mama) pode ser efetuada. Nos dois casos, pode ser necessária a ressecção linfonodal ou a biópsia de um linfonodo sentinela para maior análise do estadiamento da doença.
Além da cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia e a hormonoterapia podem ser necessárias para complementar o tratamento. Entretanto, a utilização de um (ou mais) desses métodos depende do estágio do câncer e dos biomarcadores encontrados com uma análise clínica mais profunda.
Quais são os índices do câncer de mama no Brasil?
Segundo o INCA, o câncer de mama é o tipo que mais afeta mulheres no país. Em 2019, houve uma estimativa de quase 60 mil novos casos.
Essa é a doença que mais predomina entre as mulheres do Brasil e no mundo, ficando apenas atrás do melanoma, que costuma afetar cerca de 29% das mulheres do território nacional.
O que é o câncer colorretal?
O câncer colorretal é uma proliferação desordenada das células do intestino grosso, incluindo cólon ou reto, que são as porções finais do intestino. Na maioria dos casos — cerca de 95% —, há o surgimento de adenocarcinoma, que é um tumor que se assemelha a uma glândula.
Esses tumores frequentemente são desenvolvidos a partir dos pólipos — lesões benignas, que não causam prejuízo funcional e para a sua saúde — que crescem na parede interna do intestino grosso.
Em muitas situações, o surgimento dessas pequenas estruturas é um sinal de alerta, ficando a critério do médico e do histórico do paciente a decisão de algum tipo de intervenção clínica.
Quais são os principais sintomas do câncer colorretal (do estágio inicial até o avançado)?
Os principais sintomas do câncer colorretal são:
- diarreia;
- sangramento intestinal;
- dor abdominal progressiva;
- constipação;
- obstrução intestinal;
- emagrecimento;
- fadiga constante;
- dor na pélvis (e/ou no reto);
- quantidade excessiva de gases.
Em caso de metástase — quando o câncer é espalhado para outras regiões do corpo —, o órgão mais afetado é o fígado, o que pode provocar dor abdominal intensa.
Como é feito o diagnóstico do câncer colorretal?
O principal exame utilizado é a colonoscopia. Ao identificar algum tumor no intestino, a biópsia é indicada imediatamente para uma investigação mais detalhada.
Em um quadro ideal, a indicação da colonoscopia como um exame de rastreamento deve ser feita antes mesmo do surgimento de qualquer sintoma. Normalmente, indica-se essa prática a partir dos 50 anos de idade para pessoas de ambos os sexos. Outros exames também podem ser necessários para complementar o diagnóstico, como a tomografia, a ressonância magnética e o PET-CT.
Quais são os fatores de risco e prevenção do câncer colorretal?
Os fatores de risco do câncer colorretal normalmente envolvem os hábitos alimentares. Os principais são:
- dietas ricas em carne vermelha, embutidos e com poucas quantidades de fibras;
- obesidade;
- histórico familiar da doença.
A prevenção pode ser realizada com uma dieta balanceada, com a inclusão de mais carnes brancas e com menos alimentos processados. Atividades físicas também podem auxiliar na manutenção do peso e da saúde geral do indivíduo. Outro fator primordial para a prevenção do desenvolvimento do câncer colorretal é a realização da colonoscopia anualmente a partir dos 50 anos de idade, como mencionamos.
Para as pessoas com histórico familiar, essa é uma medida ainda mais importante, uma vez que é possível detectar a doença antes de ela apresentar sintomas ou estágios mais avançados.
Como é feito o tratamento de câncer colorretal?
Assim que o tumor é localizado, o principal tratamento envolve a cirurgia, em que o segmento afetado no intestino é seccionado (removido).
Em alguns casos, a colostomia — construção de um novo trajeto para evacuação — temporária ou definitiva pode ser necessária. Em estágios avançados ou quando os gânglios abdominais são afetados, há necessidade do tratamento quimioterápico.
Além dessas duas alternativas de tratamento mais convencionais, a imunoterapia e as alternativas alvo dirigidas estão sendo amplamente estudadas e utilizadas, dependendo dos biomarcadores.
Quais são os índices do câncer colorretal no Brasil?
De acordo com o INCA, cerca de 18 mil casos novos são identificados a cada ano. No biênio de 2018 e 2019, 36.360 foram estimados, sendo que um pouco mais da metade acometeram as mulheres (cerca de 19 mil casos). Esse é o terceiro tipo de câncer mais comum em homens e o segundo nas mulheres. Estima-se que 17 casos surgem para cada 100 mil homens e 18 para cada 100 mil mulheres.
O que é o câncer de próstata?
O câncer de próstata é um tumor maligno que se origina nas células prostáticas, glândula masculina responsável pela produção do líquido seminal e que auxilia no controle da continência urinária.
Assim como no câncer colorretal, a maioria dos casos — cerca de 95% — desse tipo de doença apresentam adenocarcinoma. Isso, de certa forma, auxilia no diagnóstico da patologia.
Uma particularidade desse tipo de câncer é que ele normalmente não apresenta crescimento rápido e, em muitas circunstâncias, não chega a dar nenhum tipo de sinal. No entanto, em casos raros, ele pode ter uma rápida proliferação e debilitar a saúde do homem de forma quase imediata, podendo levar a óbito.
Esses são alguns dos motivos que fazem com que os exames de prevenção sejam tão solicitados em inúmeras campanhas sociais. O ideal é fazer exames periodicamente, a fim de encontrar a patologia ainda nos seus estágios iniciais — em que o tratamento é mais fácil, menos complexo e o prognóstico é positivo.
Quais são os principais sintomas do câncer de próstata (do estágio inicial até o avançado)?
A maior parte dos sintomas do câncer de próstata ocorre quando a doença já está ligeiramente avançada. São eles:
- ardor ao urinar;
- sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
- vontade frequente para micção (urinar);
- fluxo urinário reduzido ou mais fraco.
Em casos mais graves, o câncer de próstata pode sofrer metástase para os ossos, em que há o quadro de dor e lesões na coluna vertebral.
Apesar disso, é importante mencionar que a doença normalmente é detectada sem sintomas, quando há elevação do PSA (Antígeno Prostático Específico) no sangue. Isso aumenta as chances de efetividade do tratamento e evita a progressão do câncer para estágios mais perigosos.
Como é feito o diagnóstico do câncer de próstata?
Os principais exames para detectar o câncer de próstata são exame de sangue — em especial do marcador PSA que acabamos de mencionar — e a biópsia prostática.
Atualmente, a ressonância multiparamétrica é utilizada frequentemente antes da biópsia, para reduzir a necessidade de lesões de aspecto benigno. Quando esse recurso é utilizado, as chances de tratamento também tendem a aumentar, uma vez que é possível identificar as porções da próstata mais afetadas, por conta da junção das imagens geradas pelo ultrassom durante a biópsia.
O toque retal também é um dos exames que pode ajudar no diagnóstico da doença, uma vez que o médico consegue identificar nódulos e, inclusive, a consistência da próstata. Idealmente, esse exame deveria ser solicitado e realizado a partir dos 45 ou 50 anos de idade.
Quais são os fatores de risco e prevenção do câncer de próstata?
Os principais fatores de risco do câncer de próstata envolvem:
- histórico familiar;
- idade;
- afrodescendência.
Outros fatores dietéticos e hormonais podem influenciar o desenvolvimento desse câncer e a sua prevenção. Entretanto, o papel deles é limitado e ainda inconclusivo de acordo com a literatura científica apresentada até o momento. Ainda assim, sugere-se um estilo de vida mais saudável, para que sejam reduzidas as chances da manifestação desse câncer, que pode debilitar severamente a saúde do homem.
Como é feito o tratamento do câncer de próstata?
O tratamento do câncer de próstata envolve principalmente a cirurgia robótica e a radioterapia. Entretanto, a depender do estágio, podem ser necessários o bloqueio hormonal e a supressão da testosterona — que é o principal “combustível” para a proliferação da doença.
Também deve ser mencionado que o tratamento varia de acordo com o tumor, o perfil do paciente e o estágio da patologia. Em situações de maior risco, pode haver a necessidade de um tratamento misto com as alternativas que mencionamos.
Quais são os índices do câncer de próstata no Brasil?
De acordo com o INCA, cerca de 34.000 novos casos por ano são diagnosticados. Nos anos de 2018 e 2019, foram estimados 68.220 novos casos. A maioria deles (6 em cada 10) envolvem homens com mais de 65 anos de idade.
A média de idade para diagnóstico atualmente é de 66 anos. Antes dos 40, a probabilidade de um indivíduo desenvolver essa patologia é extremamente baixa.
O que é o câncer de estômago?
O câncer de estômago é categorizado pela alteração e proliferação desordenada nas células do estômago, que são encontradas desde a transição esôfago-gástrica até o piloro (parte do órgão que faz transição para o intestino). Assim como os outros tipos de câncer que citamos, a maioria dos casos — também cerca de 95% — envolvem o surgimento de adenocarcinoma.
Normalmente, o câncer gástrico se desenvolve de forma extremamente lenta a partir de alterações na mucosa que reveste o órgão. Os sintomas dificilmente aparecem ou são facilmente confundidos com outras condições clínicas de baixa gravidade.
Quais são os principais sintomas do câncer de estômago (do estágio inicial até o avançado)?
Os principais sintomas do câncer de estômago incluem:
- dor abdominal progressiva;
- sensação de estômago cheio;
- emagrecimento.
Outro sintoma menos comum é o sangramento, que pode ser visto no vômito ou aparecer nas fezes, quando elas apresentam aspecto mais escuro e avermelhado.
Além disso, é importante mencionar que o tumor no estômago normalmente se manifesta como uma úlcera, lesão vegetante ou infiltração difusa. A depender de cada um desses fatores, pode haver maior ou menor intensidade dos sintomas, assim como o surgimento de outros, como:
- falta de apetite;
- azia ou indigestão;
- inchaço no abdômen;
- anemia;
- náuseas.
Como é feito o diagnóstico do câncer de estômago?
O diagnóstico é feito por meio da endoscopia digestiva alta com biópsia. Tomografias ou PET-CT podem ser requeridos para ajudar a classificar o estágio da doença.
Quais são os fatores de risco e prevenção do câncer no estômago?
A maioria dos fatores de risco do câncer de estômago envolvem hábitos que são adquiridos ao longo da vida, como:
- consumo excessivo de embutidos e carne vermelha;
- alcoolismo;
- consumo regular de bebidas muito quentes;
- obesidade;
- hereditariedade.
Dessa forma, a prevenção mais uma vez fica por conta dos cuidados básicos com a saúde, que envolvem alimentação balanceada e atividade física regular. Evitar o consumo exagerado de carne vermelha e de bebidas alcoólicas e quentes são boas práticas que devem ser tomadas para a redução dos riscos.
Como é feito o tratamento do câncer de estômago?
Na maioria dos casos, a cirurgia é prescrita como um dos principais tratamentos. Nela, há remoção completa ou parcial do estômago — dependendo da localização do tumor e do estágio. A quimioterapia também é indicada após a cirurgia e, em alguns casos específicos, a radioterapia pode ser recomendada.
No caso de estágio avançado, o tratamento mais utilizado é a quimioterapia e o prognóstico tende a não ser positivo por inúmeros fatores, como o comprometimento de grande área do estômago por tumores, úlceras ou lesões.
Além disso, nos últimos estágios, a chance de metástase é sensivelmente maior. Isso modifica os parâmetros para a prescrição de tratamento, que tende a ser mais intenso e ainda mais invasivo nessas situações.
Quais são os índices do câncer de estômago no Brasil?
De acordo com o INCA, são estimados cerca de 10.000 casos por ano. Nos anos de 2018 e 2019, foram ao todo 21.290 novos casos da doença, em que a maioria (13.540) acometeu o sexo masculino. Na maior parte dos casos, a terceira idade é a mais afetada com a doença, e a idade média para o diagnóstico é de 68 anos de idade.
Como se prevenir contra os vários tipos de câncer?
Com essas informações, esperamos que seu conhecimento aumente exponencialmente sobre cada um desses tipos de câncer e que parte dos seus anseios tenham sido eliminados. Na dúvida, procure seu médico e converse sobre seus sintomas e/ou preocupações sobre o desenvolvimento de qualquer uma dessas patologias.
Fazendo check-ups anuais (ou semestrais, dependendo do caso), os riscos diminuem drasticamente. Portanto, tenha uma atitude proativa e não deixe de se consultar no caso de algum sinal abrupto na sua qualidade de vida.
Por fim, não podemos deixar de frisar mais uma vez que ter boa saúde depende dos hábitos diários. Como pudemos observar, em alguns tipos de câncer, o estilo de vida influencia bastante no desenvolvimento da doença.
Alimentar-se corretamente e praticar atividades físicas são dois pilares essenciais para aumentar sua longevidade e garantir uma menor probabilidade no desenvolvimento de doenças crônicas — até mesmo para as pessoas que apresentam histórico familiar.
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Este conteúdo foi criado com as informações cedidas pelo Doutor Gustavo Schvartsman (CRM SP 156 477), oncologista clínico do Hospital Israelita Albert Einstein.