Você sabe o que é bioimpedância e em quais situações essa avaliação é recomendada? Se prescrita de forma correta e aplicada de maneira adequada, esse tipo de teste pode fornecer um conjunto de informações valiosas para fortalecer o cuidado com a saúde e orientar a adoção de uma série de hábitos saudáveis.
Tal teste é feito levando em conta a composição corporal — e não apenas o peso. Por isso, para saber mais sobre o que é e como é feita uma avaliação de bioimpedância, além de entender melhor quais são as suas aplicações no cuidado com a saúde, confira as respostas para as principais questões sobre o assunto!
O que é e para que serve uma avaliação de bioimpedância?
Em linhas gerais, a bioimpedância é uma avaliação feita com um equipamento específico, que tem como objetivo mensurar a composição corporal — incluindo a quantidade de massa muscular, água e gordura, por exemplo.
Dessa forma, é possível ter uma informação mais detalhada e relevante sobre a estrutura corporal, indo além da informação sobre o peso fornecida por uma balança convencional.
Na prática, um exame de bioimpedância se beneficia de um fenômeno físico para calcular seus resultados, a partir de uma característica de todo tecido do organismo: a impedância.
De forma resumida, essa característica diz respeito à capacidade que um objeto — ou parte do corpo — tem para impor resistência a uma corrente elétrica. Quanto maior a impedância, mais difícil para a corrente elétrica atravessar.
Entretanto, nem toda parte do corpo tem a mesma impedância. Por uma série de fatores (como acumular menos líquidos, por exemplo), a massa óssea tem uma impedância maior, assim como a gordura. No sentido oposto, músculos e água oferecem pouca resistência à passagem da corrente elétrica.
Nessa diferença de impedâncias, o equipamento calcula o quanto cada tipo de massa representa na composição corporal.
Como ela deve ser feita?
Conforme já ficou claro, o exame de bioimpedância é feito utilizando um equipamento específico, que deve ser utilizado apenas por profissionais capacitados, em ambiente apropriado.
Todavia, a avaliação é um procedimento simples, indolor e não invasivo. O paciente passa por ela sem experimentar nenhum desconforto.
Entretanto, para garantir a confiabilidade dos resultados, é importante observar alguns cuidados. O responsável pela aplicação — em geral, um médico, nutricionista ou educador físico — orientará o paciente a se manter em jejum de água e alimentos nas 4 horas anteriores.
Além disso, é recomendado não praticar atividades físicas nas 24 horas anteriores e urinar antes da realização do exame, tentando deixar a bexiga o mais vazia possível.
Não seguir essas recomendações alterará o resultado da avaliação, o que pode torná-la inútil. No mais, o paciente deve retirar utensílios metálicos do corpo, como relógios, pulseiras e outros acessórios.
Cumpridos esses requisitos, o profissional solicita que o paciente se deite na maca e permaneça em repouso por cerca de 10 minutos. Em seguida, eletrodos são colocados nas mãos e pés — eles serão os responsáveis por emitir a corrente elétrica que fará a avaliação da composição corporal. O exame em si — ou seja, o período que a corrente elétrica atravessa o corpo — leva pouco mais de 2 minutos.
Para o acompanhamento da evolução dos resultados, a avaliação pode ser feita a cada 30 dias. Em geral, as únicas contraindicações para a aplicação de uma avaliação de bioimpedância são mulheres grávidas e portadores de marca-passo cardíaco.
Por que ela pode ser importante?
A avaliação de bioimpedância prescrita por médicos ou outros profissionais é indicada, sobretudo, para o acompanhamento da evolução de regimes nutricionais destinados tanto à perda de peso quanto ao ganho de massa magra.
Assim, ela pode ser indicada para um paciente com quadro de obesidade, por exemplo. Desse modo, médico, nutricionista e paciente terão um panorama mais detalhado sobre a composição corporal, indo além do convencional método de cálculo de índice de massa corporal (IMC).
Com isso, fica mais fácil determinar o melhor plano para combinar alimentação equilibrada, exercícios regulares e demais hábitos saudáveis para alcançar os resultados esperados.
Em atletas — ou pessoas interessadas em ganhar massa muscular, por exemplo —, a bioimpedância também pode servir como base para orientar o profissional de educação física sobre qual regime de exercícios recomendar.
O que pode ser decidido a partir dos resultados?
Com o detalhamento das informações provenientes da bioimpedância, os responsáveis pelo acompanhamento do paciente são capazes de fornecer orientações a respeito de indicadores que podem predispor a uma chance maior de problemas de saúde.
É possível, por exemplo, identificar o excesso de gordura visceral, associada a uma série de condições cardiovasculares, câncer e até mesmo demência.
Adicionalmente, a avaliação pode identificar o acúmulo de gordura em determinadas partes do corpo — como a barriga —, além de alterações corporais vinculadas a determinadas doenças ou mesmo o avanço da composição do corpo conforme a idade.
No fim, tudo isso servirá para que sejam fornecidas orientações personalizadas, sempre ajustadas às necessidades de cada paciente, em prol de uma maior qualidade de vida.
Quais cuidados devem ser observados e qual é a importância do profissional?
Vale sempre ressaltar que todas as informações obtidas a partir de uma avaliação de bioimpedância devem ser interpretadas por um profissional capacitado. Outra recomendação é nunca confiar nos resultados de avaliações feitas a partir de balanças caseiras.
Embora algumas possam oferecer resultados satisfatórios, é difícil determinar quanto aqueles resultados estão calibrados e refletem a realidade. Logo, não é possível usá-los como referência para muita coisa.
Portanto, submeter-se à avaliação com um profissional também é importante para garantir a utilização de um equipamento capaz de fornecer resultados compreensíveis e confiáveis.
Acima de tudo, quando se leva em conta o impacto da obesidade sobre o bem-estar físico e emocional — entender melhor o que é saúde mental envolve, também, compreender a integração entre corpo, mente e autoestima —, utilizar os dados da bioimpedância apenas com a supervisão de um profissional de saúde faz toda a diferença para alcançar melhores resultados, sempre baseados em métodos eficazes e sustentados por evidências.
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Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).