Câncer no Brasil: o que dizem as estimativas para os próximos anos?

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De 1979 a 2018, a forma como o câncer foi abordado no Brasil se modificou. Hoje, um diagnóstico de câncer é também o início de um tratamento promissor. Os números, no entanto, muitas vezes assustam, pois a quantidade de pessoas que descobrem um câncer é alta. Porém, esses indicadores servem também para destacar a importância do diagnóstico que, quando feito de forma correta e no tempo certo, pode abrir boas perspectivas para o paciente.

A população se preocupa e busca redobrar a atenção com a própria saúde. As pessoas querem entender melhor sobre fatores de risco e prevenção para evitar o desenvolvimento da doença.

Pensando nisso, reunimos uma série de informações importantes sobre esse tema para você conferir e entender melhor as estimativas, quais são os fatores e qual é o panorama atual do câncer no Brasil.

Como são as estimativas sobre o câncer no Brasil para o triênio 2020-2022?

Segundo o estudo do INCA, as estimativas são de 1.875.000 novos casos nesse período de três anos, o que representa um aumento de 36% em relação ao último levantamento feito pelo próprio órgão para o biênio anterior, 2018-2019.

Para o Dr. Oren Smaletz, oncologista clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, a constatação de novos casos pode estar relacionada a dois motivos. O primeiro deles é a procura dos pacientes por atendimento e acompanhamento médico com mais frequência, o que leva a um aumento de diagnósticos — muitos deles, inclusive, acabam precoces, o que aumenta as chances de um tratamento bem-sucedido.

Já o segundo motivo está relacionado ao fato de que “as pessoas estão vivendo mais e o câncer costuma ser uma doença da média idade para a terceira idade”, aponta o especialista. “Hoje não é incomum a gente ver pacientes octogenários e nonagenários no nosso consultório fazendo tratamentos para câncer”, relata.

Quais são os tipos de câncer mais incidentes?

A incidência mais comum é o câncer de pele não melanoma. Esse tipo pode atingir um enorme número de pessoas, chegando a mais de 165.000 casos no ano, mas é considerado menos grave, quando não melanoma, do que muitos outros. Isso porque é um câncer de tratamento relativamente fácil, dificilmente criando grandes desafios para a vida do paciente.

Por isso, destacaremos outros tipos de câncer com maior incidência no Brasil, ainda que mais baixas que a do câncer de pele não melanoma. São eles o câncer de mama, com 66.280 casos, e também do câncer de próstata, que aparece logo atrás com 65.840 casos por ano. Esses são seguidos pelo câncer de cólon e reto, com 40.990 casos, o câncer de pulmão, com 30.200 casos, e também o câncer de estômago, com 20.000 casos ao ano no Brasil.

Quais são os principais fatores de risco para os tipos de câncer mais comuns no Brasil?

Muitos fatores para o aparecimento de câncer ainda são desconhecidos pela ciência. No entanto, alguns já podem ser verificados, analisados e, se possível, controlados.

Os principais fatores de risco

Um dos principais fatores de risco é a idade. Quanto mais tempo passa, mais chances a pessoa tem de desenvolver um câncer por conta do próprio envelhecimento de suas células. Isso vale especialmente para cânceres de cólon e reto, de próstata e o de mama.

A herança genética também é destacada como um dos principais fatores de risco para quase todos os principais tipos de câncer, com exceção do de pulmão, cujo fator número um é a exposição ativa ou passiva à fumaça, principalmente do cigarro.

Quando há histórico na família de um câncer de mama, próstata, intestino (cólon e reto) e estômago entre irmãos, pais, tios e/ou avós, o ideal é um cuidado redobrado com exames. Além disso, deve-se cuidar da saúde como um todo com aquela velha máxima: boa alimentação com dieta balanceada, hidratação regular, exercícios físicos, mente em ordem e repouso suficiente.

Dr. Oren recomenda a adoção de alguns hábitos de prevenção que envolvem a realização de exames periódicos para detecção precoce da doença, como:

  • câncer de mama: para quem tem histórico na família, é recomendada a ressonância magnética anual a partir dos 25 anos de idade; para quem não tem casos hereditários, o início dos exames, como de mamografia ou ressonância, pode se dar dez anos depois,— isso se, no auto-exame e nas visitas ao ginecologista, tudo estiver clinicamente normal;
  • câncer de cólon e reto: é recomendada a colonoscopia a partir dos 45 ou 50 anos, porém, para quem tem histórico na família, o ideal é começar dez anos antes;
  • câncer de pele não melanoma: é importante a consulta médica para avaliação clínica de manchas, sinais, pintas ou feridas que sofrem alterações de tamanho e/ou cor tão logo você identifique elas no seu corpo;
  • câncer de próstata: recomenda-se o toque retal e o antígeno prostático específico (PSA) a partir dos 40 anos de idade — no caso de diagnóstico familiar, o ideal é que os exames comecem dez anos antes do caso índice, ou seja, dez anos mais cedo do que a idade em que o familiar detectou seu câncer;
  • câncer de estômago: como é muito associado à má alimentação, recomenda-se uma dieta mais rica em fibras com frutas e vegetais de pouca exposição aos agrotóxicos como prevenção, além de evitar o sedentarismo — apenas quando há histórico na família, recomenda-se a realização de exames;
  • câncer de pulmão: não costuma ser hereditário, por isso, em pacientes de risco (que fumam ou pararam de fumar há pouco tempo), é recomendável fazer tomografia.

Outros fatores

Fora a hereditariedade e o envelhecimento natural das pessoas, há outros fatores de risco importantes para o desenvolvimento das doenças e dos sintomas do câncer. Por exemplo, para o câncer de pulmão, é o hábito de fumar ou de se expor, intencionalmente ou não, à fumaça produzida pelos cigarros.

Para o câncer de mama, que se alimenta de hormônios, como o estrógeno (assim como o de próstata, com a testosterona), a obesidade pode ser um fator comprometedor. O excesso de gordura corporal pode representar um risco maior de desenvolvimento também de outros tipos de câncer. Por isso, o sedentarismo é fortemente desaconselhado.

Por sua vez, o câncer de pele não melanoma tem como principal fator a exposição à radiação, especialmente a do sol sem a devida proteção — filtro solar.

Por fim, o câncer de cólon e reto requer o cuidado de quem não bebe água o suficiente no dia a dia e tem baixo consumo de alimentos ricos em cálcio e fibras e é sedentário.

Como você percebeu, as estatísticas sobre o câncer no Brasil indicam um aumento de pessoas que vão desenvolver essa doença. Por isso, é tão importante a conscientização sobre sua prevenção, seus fatores de risco e seus cuidados.

Câncer no Brasil: qual é o histórico do controle?

Embora houvesse casos relatados de câncer infantil e adulto em períodos anteriores, foi no século XX que o combate a essa doença ganhou força no Brasil, mais especificamente a partir da década de 1920, quando houve a criação dos primeiros institutos para estudo, diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos de pacientes — como o caso do INCA, que foi fundado em 1937.

No cenário atual de pandemia, estima-se que cerca de 50 mil pessoas deixem de realizar a prevenção correta ou inclusive o tratamento durante a quarentena, o que pode levar a um real agravamento da doença.

Em 2012, o Hospital Israelita Albert Einstein criou o seu Centro de Oncologia e Hematologia. Ele vem, desde então, trabalhando com afinco na prevenção, no tratamento e no estudo de diversos tipos de câncer que acometem os brasileiros, mantendo um centro integrado de forma multidisciplinar para atender a esses pacientes e dar esperanças para eles e suas famílias.

Se esse assunto chama a sua atenção, você pode se interessar pelo nosso artigo especial sobre quais são os tipos de câncer existentes.

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